segunda-feira, 16 de março de 2009

Ao interior, ao coração


De volta, depois de um tempo sumida... É que fiz um retiro espiritual em Pirenópolis, em Goiás. Fui entrar mais para o interior do país. Conhecer o coração que, há três séculos, foi desbravado por bandeirantes. Ah, o ouro... Se, por causa dele, tantas maldades foram cometidas, por outro, é preciso reconhecer, o homem passou a ter junto de si a presença de maravilhas que só existem no interior de qualquer coisa. Engraçado pensar isso. Como se, para alcançarmos as melhores coisas, fosse preciso entrar no interior - de alguém, de um país, de um assunto.
Acho que não gosto de superfície. Talvez por isso, não goste tanto de litoral, de mar, de praia, da extremidade dos territórios. Reconheço que são belos. Vou, mas as praias que me conquistam são aquelas que me permitem entrar para o lado oposto da praia, procurar algo que não está tão explícito. Uma praia com uma mata junto, para mim, é ideal. Conheço poucas praias, mas as que me tocaram e me deixaram com saudade foram Itacaré (BA) e Ilha Grande (RJ). Como toda mineira, conheço algumas do Espírito Santo, Bahia e outras do Rio. Também já fui a Porto de Galinhas (PE), mas não tem comparação com o efeito que teve em mim as duas citadas acima. As duas tinham água doce, mato, árvores... Acho que não vivo sem isso.
Voltando a Pirenópolis, não foi apenas o deslumbre que causou em mim a natureza do lugar. MARAVILHA! Cachoeiras belíssimas e trilhas lindas, bem delineadas, cobertas pela natureza e com algo que me atiça, me provoca, me instiga, que é a história. A cidade foi formada a partir da exploração do ouro no lugar. Existem vestígios ainda, como o Museu da Lavra, que é a céu aberto e tem sinais de cavas feitas pelos escravos para a lavagem do cascalho. A construção colonial, bem, mas bem mais simples que a de Ouro Preto, também contém casario do século XVIII. Pena que não foi possível conhecer o interior de todas porque estive lá durante a semana e fora de feriado. Infelizmente, turistas em dias assim não são tão privilegiados.
A cidadezinha, pequenina, é aconchegante. Tem muitas opções de restaurantes e artesanato. Muito organizada e limpa, passa segurança. Para ir às cachoeiras, não temia ao subir na garupa de mototaxistas e partir para o meio do mato. Graças, não aconteceu nada. Também acho que não aconteceria. Esse é o melhor meio de transporte por lá... Bom e barato.
Outro ponto a favor de Pirenópolis é o povo. Sem bairrismo, mas parece até com os mineiros do interior, que abrem as portas das casas para os visitantes, vão para a cozinha e preparam o melhor que sabem fazer, simplesmente pelo gosto de agradar. É assim lá. Se você precisa de algo, é só conversar com o vizinho mais próximo. Ele vai mover o mundo para te ajudar. Não tenho como esquecer do senhor José, que, no meu primeiro dia por lá, andou comigo pela cidade, contando casos e mostrando pontos interessantes da cidade. Obrigada. Quero voltar a Pirenópolis um dia...