sábado, 16 de janeiro de 2010

Meninos diferentes, fantasias semelhantes

Entre uma página e outra, a fugidinha, à tarde, para sair um pouco do prédio do trabalho e ir tomar um cafezinho na rua. Dia normal, agitado, como sempre. Gosto de olhar a paisagem urbana, mesmo quando é a mesma de todo dia. Não sei o motivo. Nunca durmo em ônibus, por exemplo, porque gosto de ficar olhando pela janela, mesmo se for em percurso que faço com frequência. Mas, voltando, aí, nessa minha mania de ficar olhando pessoas e vitrines, não sabia que iria ver uma cena que iria me tocar tão forte e me deixar meio assim, tristinha, pelo restinho do dia.
Em frente à vitrine de uma loja de artigos para festas infantis, um menino parou, apoiou os cotovelos no pedacinho de concreto antes do vidro e olhava fixamente para o interior. Normal, né? Era um menino de uns 14 anos, portanto, adolescente. O diferente na cena é que ele estava com as duas mãos juntas na altura do nariz para apoiar o pano banhado em tíner que ele aspirava sem parar. Olhei, olhei e ele nem me notou.
Passei e fui tomar meu café na lanchonete próxima. A cena ficou na minha cabeça, mas, aos poucos, deixei para lá. O problema é que, quando eu fazia o caminho de volta para o serviço, cerca de 15 minutos depois, o menino continuava lá. Fiquei surpresa. Estava na mesma posição e com o mesmo pano no nariz. Parece que não havia se mexido para nada e continuava olhando, fixamente, para o interior da loja, onde havia uma maquete, dessas que se colocam em cima das mesas dos aniversariantes. A miniatura era de um cenário que parecia ter prédios e carros. O que ele pensava olhando para essa fantasia infantil, eu nunca vou saber. Só sei que ver isso doeu em mim.