Adoro Brasília, a capital federal que muita gente enche a boca para falar que "não tem nada". Isso não é verdade. A cidade tem muita, muita coisa interessante e agradável para se fazer. Além de ser linda, na minha opinião. Acho os prédios de Brasília muito bonitos. A arquitetura do Plano Piloto é única, é sofisticada, é limpa, é simétrica e é bonita. Também tenho na capital amigos que enchem duas mãos. A atração de jornalistas por Brasília é quase fatal...
Por gostar tanto de Brasília, sempre que posso vou para lá. Agora mesmo, escrevo de Brasília. Cheguei esta madrugada para um passeio de uma semana, que vai incluir Pirinópolis e Goiás Velho, dois lugares próximos que sempre fizeram parte da minha curiosidade de turista. Na medida do possível, vou escrever daqui sobre as coisas interessantes que tenho visto e pensado. Hoje, vou conhecer um sambinha que rola aqui à tarde. Falar que tem samba em algum lugar é o mesmo que me chamar para ir. Então, deixa eu ir!
Pensar junto, às vezes, é melhor que pensar sozinho. Há ocasiões em que a gente pensa e sente vontade de compartilhar o pensamento com alguém. Por isso, então, pensaremos juntos! Para dividir ideias, emoções e pensamentos.
sábado, 28 de fevereiro de 2009
quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009
Um certo Bené
Se tiver lido os textos anteriores, você deve se lembrar de quando falei sobre um homem, o Bené da Flauta, lá de Ouro Preto, que há algumas décadas se dizia "traficante de ideias". Se não tiver lido, tudo bem. Já está explicado. Pois é, naquele texto, eu disse que iria pensar mais sobre o autotítulo de "traficantes de ideias" que Bené da Flauta se dava. Tenho tentado pensar sobre isso, mas confesso que está sendo difícil destrinchar o significado. O traficante é um sujeito que compra e vende coisas por "debaixo dos panos", não é mais ou menos isso? Será que o traficante de ideias pega e distribui ideias e pensamentos sem o consentimento? Será que é isso que ele queria dizer em suas palavras? Se for, acho que todos temos um pouco disso.
Quantas e quantas ideias não "pegamos" por aí todos os dias... Hoje mesmo, na minha sinuca semanal com minha amada Márcia, conversamos tanto e tantas ideias foram de lá para cá. Tantos devaneios femininos e humanos. E, assim, durante todo o dia. Dessas ideias que tenho, quantas não são "pêgas" sem consentimento por outras pessoas? Mas será que, para a gente pegar as ideias, precisa de consentimento? A não ser que sejam ideias rentáveis e patenteáveis ou coisa parecida, acredito que as ideias estão no ar, soltas para quem quiser pegar. Ou seja, é uma "mercadoria" que não tem moeda de troca, a não ser um bom papo ou uma atenta observação.
Gosto, então, de ser "traficante de ideia", como o Bené da Flauta. Gosto de me sentir livre para ouvir e ser ouvida. Não quero, nesse mercado, estar lícita, quero cometer os desvios que nos permitem a troca de ideias.
Agora, estou aqui imaginando quais eram as ideias que Bené da Flauta traficava. Deveria ser um espetáculo único vê-lo caminhando pelas ruas de Ouro Preto praticando seu tráfico. Mas são coisas que nosso mundo, de tão pouca memória, não deve ter guardado ou pode até ter guardado, mas em pequeníssimas proporções.
Quantas e quantas ideias não "pegamos" por aí todos os dias... Hoje mesmo, na minha sinuca semanal com minha amada Márcia, conversamos tanto e tantas ideias foram de lá para cá. Tantos devaneios femininos e humanos. E, assim, durante todo o dia. Dessas ideias que tenho, quantas não são "pêgas" sem consentimento por outras pessoas? Mas será que, para a gente pegar as ideias, precisa de consentimento? A não ser que sejam ideias rentáveis e patenteáveis ou coisa parecida, acredito que as ideias estão no ar, soltas para quem quiser pegar. Ou seja, é uma "mercadoria" que não tem moeda de troca, a não ser um bom papo ou uma atenta observação.
Gosto, então, de ser "traficante de ideia", como o Bené da Flauta. Gosto de me sentir livre para ouvir e ser ouvida. Não quero, nesse mercado, estar lícita, quero cometer os desvios que nos permitem a troca de ideias.
Agora, estou aqui imaginando quais eram as ideias que Bené da Flauta traficava. Deveria ser um espetáculo único vê-lo caminhando pelas ruas de Ouro Preto praticando seu tráfico. Mas são coisas que nosso mundo, de tão pouca memória, não deve ter guardado ou pode até ter guardado, mas em pequeníssimas proporções.
De qualquer maneira, Bené da Flauta, valeu pela mensagem deixada. Essa eu acho que irá ficar ainda por um bom tempo espalhada pelo ar, como as ideias que você traficava. Pela Internet, soube um pouco mais de você e até achei uma foto sua para mostrar para quem visitar o blog. E, nessa pesquisa, achei mais uma de suas intrigantes frases: "Assim sim, mas assim também não. Essa vida é mesmo assim, quem é muito no começo, chora saudades no fim". Terei que fazer mais pensamentos sobre você, Bené. Traficar mais ideias. Mas acho que eu gostaria muito de ter te conhecido...Pena que nosso encontro só se deu agora, quando não é mais possível traficar ideias com você.
*** A foto foi retirada do site www.benedaflauta.com.br. É de um restaurante no Centro Histórico de Ouro Preto
PS: Só uma observação para quem não está acompanhando o novo Português. Não escrevo ideia sem acento por erro de digitação, mas para me enquadrar no Novo Acordo Ortográfico. Tenho que fazer esse exercício todos os dias. As novas regras já estão me exigindo mais atenção com a nossa língua pátria.
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
Game over
Fim de Carnaval... Hora de tristeza para muitos... Apesar de eu ter trabalhado muito no feriado prolongado, curti bastante cobrir a folia. Nas duas cidades históricas, foi muito mais puxado, mas foi bom também. Muita gente, muita confusão, difícil ficar fazendo entrevistas, disputando espaço com a latinha de cerveja. Adivinha quem ganha a disputa? Mesmo assim, saiu o trabalho. Nunca sai do jeito que a gente quer. Sempre fica aquela sensação de que dava para ter feito melhor, mas o dead line é um inimigo mortal de nós, jornalistas. Como nos atrapalha. Mas, sem ele, não existiria jornal. Agora, é chegar até à Quarta-Feira de Cinzas com toda a energia possível, como se eu tivesse repousado nos quatro dias seguidos. É assim nossa vida...
segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009
Gosto de Carnaval
Pense em um dia passar um Carnaval tranquilo, com família, filhos, se tiver, para viver alguns momentos curtindo marchinhas e sambas antigos. Existem lugares que permitem esse tipo de divertimento. Vou falar de um lugar em especial. É de onde estou agora, escrevendo este texto. Mariana, na Região Central de Minas. Muito conhecida pelo caráter histórico, a vizinha meio esquecida de Ouro Preto, sempre tão lembrada, prestigiada e visitada. Mariana também é, mas muito menos que a vizinha, a irmã colonial.
Vim para cobrir o Carnaval das duas irmãs. Ouro Preto, todos sabem, "bomba". Muitos jovens, turistas, todos se embriagando em repúblicas ou nas ruas mesmo. De uns anos para cá, a cidade tem descentralizado o Carnaval, por exigência do Ministério Público, que quer a confusão um pouco mais longe do Centro Histórico. Com isso, surgiram espaços - para axé, para hip-hop etc. O folião escolhe o que quer curtir.
Há opções de Carnaval mais tradicional também, porém, bem menos procurados. Tenho que ser justa e fazer uma referência e uma reverência para o Bloco dos Candonguêros, que, há quatro anos, dissemina o Carnaval antigo pela cidade nos quatro dias de festa. E tem outra missão, que também é louvável, de mostrar às pessoas o que acontece na Ouro Preto moderna. Afinal, a cidade existe para além do período colonial e da extração do ouro que atraiu a população para lá. Interessante a proposta de lembrar que, nos anos 60 e 70, a cidade tinha um importante movimento carnavalesco, que ninguém se recorda hoje. Este ano, o bloco fez homenagem a um homem que andava pela cidade, dizendo que era "Traficante de ideias". Era o Bené da Flauta. Gostei disso. "Traficante de ideia". Vou pensar mais sobre o significado da expressão e o motivo de alguém se auto-intitular assim.
Mas, voltando a Mariana, tenho que fazer uma ressalva. Participar do Carnaval antigo na cidade é algo que se faz até, mais ou menos, uma hora da manhã, no máximo, aliás. Depois, o melhor é se refugiar em casa, pensões, pousadas, hotéis porque começa o axé music, o funk, o sertanejo e outros ritmos, que eu nem consigo decifrar. Para quem não gosta, fuja! Até porque o clima não é dos melhores. As pessoas já estão altinhas...
O melhor é começar a folia junto com a programação. Por volta das 15 horas da tarde, os blocos tradicionais da cidade começam a desfilar. Impossível não falar do Zé Pereira, com os bonecos gigantes, que já encantam a multidão há 160 anos. Isso mesmo! Podem se impressionar. O bloco tem muita história e é com muita vontade que os componentes mantêm a tradição. São todos voluntários no projeto. Todos os anos, estão lá os bonecões, colorindo a cidade.
Além dele, há movimento durante todo o dia. Muitos pais com seus filhos passeiam de um lado pelo outro pelo circuito carnavalesco alegremente enfeitado com adereços pendurados no alto. Caixas coloridas trazem imagens de carnavais passados. Serpentinas rodopiam no ar, formando uma bela imagem junto com a luz dos postes.
O clima é muito tranquilo. As pessoas se sentem à vontade para brincar o Carnaval, em sua forma mais inocente. No coreto da praça, já é noite, e uma banda toca marchinhas sem parar. Todo mundo dança, canta, acompanha os músicos. Isso quer dizer uma coisa (entre tantas): as pessoas gostam do Carnaval à moda antiga. Não que a folia com outros ritmos não deva existir. Claro que sim. Mas é necessário ter opções. Os seres precisam de opções. Somente quando se tem oportunidade de ver outras coisas é que se pode escolher.
Por que limitar a certos tipos de música e a algumas festas consagradas e prestigiadas pela mídia. Será que o que passa na televisão é o que o povo quer ver mesmo? Essa história de impor o que as pessoas devem ver é muito complicada. Há festas que têm todo o destaque da mídia durante o Carnaval, mas que, na verdade, poderiam acontecer em qualquer época do ano porque não têm a ver de forma direta com o Carnaval. Mas a festa com marchinhas, não. Ela tem um gosto todo diferente durante o período momesco. Vejam: tem algo que combina mais com confetes, serpentinas e máscaras que as marchinhas? Todo o espaço a elas!
Vim para cobrir o Carnaval das duas irmãs. Ouro Preto, todos sabem, "bomba". Muitos jovens, turistas, todos se embriagando em repúblicas ou nas ruas mesmo. De uns anos para cá, a cidade tem descentralizado o Carnaval, por exigência do Ministério Público, que quer a confusão um pouco mais longe do Centro Histórico. Com isso, surgiram espaços - para axé, para hip-hop etc. O folião escolhe o que quer curtir.
Há opções de Carnaval mais tradicional também, porém, bem menos procurados. Tenho que ser justa e fazer uma referência e uma reverência para o Bloco dos Candonguêros, que, há quatro anos, dissemina o Carnaval antigo pela cidade nos quatro dias de festa. E tem outra missão, que também é louvável, de mostrar às pessoas o que acontece na Ouro Preto moderna. Afinal, a cidade existe para além do período colonial e da extração do ouro que atraiu a população para lá. Interessante a proposta de lembrar que, nos anos 60 e 70, a cidade tinha um importante movimento carnavalesco, que ninguém se recorda hoje. Este ano, o bloco fez homenagem a um homem que andava pela cidade, dizendo que era "Traficante de ideias". Era o Bené da Flauta. Gostei disso. "Traficante de ideia". Vou pensar mais sobre o significado da expressão e o motivo de alguém se auto-intitular assim.
Mas, voltando a Mariana, tenho que fazer uma ressalva. Participar do Carnaval antigo na cidade é algo que se faz até, mais ou menos, uma hora da manhã, no máximo, aliás. Depois, o melhor é se refugiar em casa, pensões, pousadas, hotéis porque começa o axé music, o funk, o sertanejo e outros ritmos, que eu nem consigo decifrar. Para quem não gosta, fuja! Até porque o clima não é dos melhores. As pessoas já estão altinhas...
O melhor é começar a folia junto com a programação. Por volta das 15 horas da tarde, os blocos tradicionais da cidade começam a desfilar. Impossível não falar do Zé Pereira, com os bonecos gigantes, que já encantam a multidão há 160 anos. Isso mesmo! Podem se impressionar. O bloco tem muita história e é com muita vontade que os componentes mantêm a tradição. São todos voluntários no projeto. Todos os anos, estão lá os bonecões, colorindo a cidade.
Além dele, há movimento durante todo o dia. Muitos pais com seus filhos passeiam de um lado pelo outro pelo circuito carnavalesco alegremente enfeitado com adereços pendurados no alto. Caixas coloridas trazem imagens de carnavais passados. Serpentinas rodopiam no ar, formando uma bela imagem junto com a luz dos postes.
O clima é muito tranquilo. As pessoas se sentem à vontade para brincar o Carnaval, em sua forma mais inocente. No coreto da praça, já é noite, e uma banda toca marchinhas sem parar. Todo mundo dança, canta, acompanha os músicos. Isso quer dizer uma coisa (entre tantas): as pessoas gostam do Carnaval à moda antiga. Não que a folia com outros ritmos não deva existir. Claro que sim. Mas é necessário ter opções. Os seres precisam de opções. Somente quando se tem oportunidade de ver outras coisas é que se pode escolher.
Por que limitar a certos tipos de música e a algumas festas consagradas e prestigiadas pela mídia. Será que o que passa na televisão é o que o povo quer ver mesmo? Essa história de impor o que as pessoas devem ver é muito complicada. Há festas que têm todo o destaque da mídia durante o Carnaval, mas que, na verdade, poderiam acontecer em qualquer época do ano porque não têm a ver de forma direta com o Carnaval. Mas a festa com marchinhas, não. Ela tem um gosto todo diferente durante o período momesco. Vejam: tem algo que combina mais com confetes, serpentinas e máscaras que as marchinhas? Todo o espaço a elas!
domingo, 22 de fevereiro de 2009
Samba manco em BH - 02
Tomei, tomamos, tomaram uma enxurrada hoje na Via 240, segundo dia do Samba Belô. Cheguei de lá há pouco. Já são tantas as dificuldades das agremiações para entrar na avenida e São Pedro ainda castiga assim... Atrapalhou muito o desfile. Foram só três escolas. Apesar da chuva forte, fraca, com ventos, alternadamente ou tudo junto, os representantes entraram com muita vontade, tentando - pelo menos, tentando - ignorar a chuva. Acho difícil não terem sido prejudicados com a tempestade... Amanhã (ou melhor, hoje mais tarde), será o último dia, momento das escolas mais "fortes" do Carnaval de BH. Não estarei lá para falar para vocês como foi. Minhas segunda-feira e madrugada de terça serão dedicadas a Ouro Preto e Mariana. Vamos subir ladeira... Descer também!
28 ou mais
Tenho 28 anos. E, há dois dias, me surpreendi ao conhecer um indiano, que gostou de mim por achar que eu me parecia com as mulheres indianas... Aff! Bom, a surpresa foi porque ele, ao saber minha idade, ficou SURPRESO por eu não ser casada. "É que na Índia todas as mulheres com 30 anos são casadas". Foi a resposta. Ele acha que eu deveria estar casada por causa da minha idade. Deveria? Eu acho que não. Minha opinião importa? Sim, claro, muito. Então, não acho e nem sinto que eu deveria estar casada.
Para os motivos...
Número 1: a gente se casa quando quer, quando sente que dá muito certo com alguém e que, com esse alguém, sua vida vai ser mais feliz, mais construtiva, mais tudo para melhor. Pelo menos, é o que a gente sente, mesmo se, lá na frente, tudo se desmorone.
Número 2: a gente não se casa, de jeito nenhum, por causa da idade. JAMAIS!!! Já se passou o tempo em que isso era critério. O que concordo é que, em um momento, que não tem a ver com a idade, a pessoa se sente mais preparada para se unir a alguém - não precisa ser casamento atestado em cartório.
Número 3: 28 anos é muito? O que é muito? Para mulher, é muito? E, para homem, também? Hoje, talvez, eu me sinta mais jovem, mais alegre, mais bonita, mais cheia de vida que quando eu tinha 21 anos. Não sei nome e cor desse fenômeno, mas é assim que me sinto. Cada dia acontece uma coisa diferente na minha vida, coisas que, talvez, se estivesse casada, não aconteceria. Claro que aconteceriam outras, que só acontecem com quem está casado. A vida é assim: escolhas. Para cada uma delas, uma vivência.
Número 4: A gente tem que se casar? Por muito tempo, é o sonho das meninas. Casamento visto do ponto de vista romântico, do amor eterno etc. Não que não existe romance e amor verdadeiro. Ainda acredito que isso tudo existe, mas não precisa estar vinculado a nada, somente a você. Não precisa estar vinculado a casamento, mas a vida a dois, a dedicação, a carinho, a companheirismo etc.
Não tenho nada contra casamento. Acho lindo quando vejo sólidos casamentos, duradouros, hamoniosos, com filhos bem criados etc. etc. Mas nem sempre é assim na vida. Sempre disse, que, se eu me casasse um dia, seria uma vez só. Não dá. Esse negócio de se casar três, quatro, cinco, seis vezes não é para mim. Tem gente que tem paciência. Eu não.
É porque o casamento ou a vida a dois inclui algo que a gente não consegue compartilhar tantas vezes e com tantas pessoas diferentes, que é o desnudamento da nossa intimidade. Não, não estou exposta em nenhuma vitrine. Minha intimidade é minha e só compartilha dela quem eu quero e desejo. Meus pensamentos, esquisitices, gostos, defeitos e qualidades não são algo público. São meus e de quem eu quero que saiba. Não é radicalismo, apenas um jeito de ser. E, sobre casamentos, que sejam eternos enquanto durem. Tenho que sair agora!
Para os motivos...
Número 1: a gente se casa quando quer, quando sente que dá muito certo com alguém e que, com esse alguém, sua vida vai ser mais feliz, mais construtiva, mais tudo para melhor. Pelo menos, é o que a gente sente, mesmo se, lá na frente, tudo se desmorone.
Número 2: a gente não se casa, de jeito nenhum, por causa da idade. JAMAIS!!! Já se passou o tempo em que isso era critério. O que concordo é que, em um momento, que não tem a ver com a idade, a pessoa se sente mais preparada para se unir a alguém - não precisa ser casamento atestado em cartório.
Número 3: 28 anos é muito? O que é muito? Para mulher, é muito? E, para homem, também? Hoje, talvez, eu me sinta mais jovem, mais alegre, mais bonita, mais cheia de vida que quando eu tinha 21 anos. Não sei nome e cor desse fenômeno, mas é assim que me sinto. Cada dia acontece uma coisa diferente na minha vida, coisas que, talvez, se estivesse casada, não aconteceria. Claro que aconteceriam outras, que só acontecem com quem está casado. A vida é assim: escolhas. Para cada uma delas, uma vivência.
Número 4: A gente tem que se casar? Por muito tempo, é o sonho das meninas. Casamento visto do ponto de vista romântico, do amor eterno etc. Não que não existe romance e amor verdadeiro. Ainda acredito que isso tudo existe, mas não precisa estar vinculado a nada, somente a você. Não precisa estar vinculado a casamento, mas a vida a dois, a dedicação, a carinho, a companheirismo etc.
Não tenho nada contra casamento. Acho lindo quando vejo sólidos casamentos, duradouros, hamoniosos, com filhos bem criados etc. etc. Mas nem sempre é assim na vida. Sempre disse, que, se eu me casasse um dia, seria uma vez só. Não dá. Esse negócio de se casar três, quatro, cinco, seis vezes não é para mim. Tem gente que tem paciência. Eu não.
É porque o casamento ou a vida a dois inclui algo que a gente não consegue compartilhar tantas vezes e com tantas pessoas diferentes, que é o desnudamento da nossa intimidade. Não, não estou exposta em nenhuma vitrine. Minha intimidade é minha e só compartilha dela quem eu quero e desejo. Meus pensamentos, esquisitices, gostos, defeitos e qualidades não são algo público. São meus e de quem eu quero que saiba. Não é radicalismo, apenas um jeito de ser. E, sobre casamentos, que sejam eternos enquanto durem. Tenho que sair agora!
Samba manco em BH
A vida de jornalista dá oportunidades interessantes para o ser humano. Agora, por exemplo, ando atarefada com o plantão de Carnaval. Sempre achei que iria odiar com todas as minhas forças ter que ficar em BH em vez de fazer uma repousante e agradável viagem. Estou tão surpresa comigo! Nunca imaginei que iria curtir tanto trabalhar no Carnaval. E olha que não estou cobrindo nenhum evento superconcorrido nas cidades mais badaladas do Carnaval brasileiro. Estou cobrindo o Carnaval em BH. Isso mesmo! BH tem um Carnaval, muito discriminado, mal visto e olhado torto, mas tem. Vamos a ele!
Fui para lá ontem, primeiro dia. É na Via 240, no Bairro Aarão Reis, na Região Nordeste da cidade. É uma área pobre, com infraestrutura precária e moradias humildes. Por esse local, passa uma extensa avenida, que é a Via 240, onde se monta o "sambódromo" belo-horizontino. São 300 metros de pista para que blocos caricatos (exclusividade da capital mineira) e escolas desfilem. Ontem, foram os dez blocos caricatos. Hoje e amanhã, serão as sete escolas.
A impressão que passava para quem chegou mais cedo e viu aquela quantidade de caminhões estacionados antes do portal do desfile, com pessoas arrumando tudo de última hora, era de que seria um fiasco, que seria um desfile de pobreza e amadorismo. Não dá para falar que foi um desfile de riqueza e experiência, mas foi um belo desfile - de alguns blocos em especial, outros se prenderam à pobreza e ao amadorismo.
Duas coisas chamaram a atenção, principalmente. A primeira foi o público. Todas as arquibancadas ficaram lotadas e quem ficou no chão se espremia para ver os blocos passarem. As pessoas se empolgaram, se divertiram e interagiram com os "artistas". Outra coisa interessante foi a capacidade dos envolvidos nos blocos. Difícil entender o que os move, já que os recursos são parcos, não têm patrocínios e a premiação também não é alta, considerando o tanto de gente que participa. Se for dividir o dinheiro... Mas eles agiam com vontade, com amor, dentro de suas limitações. Isso é algo interessante de se ver.
Acompanhei o desfile do início ao fim. Fiquei mais de oito horas por conta daquela manifestação. Em cima disso, reflito sobre o alcance do evento. Por ser em região pobre da cidade, fica limitado a ser visto apenas por quem mora próximo. Duvido muito que alguém que more na Região Centro-Sul vá sair de sua segura casa para ver o Carnaval de BH na Via 240, onde imaginam que só irão encontrar "marginais", o que colocaria sua vida e seus bens sob ameaça. Uma pena. Aquelas pessoas mereciam ser vistas por um olhar diferente. Só se tem ideia do que é o evento quando se está lá. Não estou falando que foi algo perfeito. Houve muitos, muitos problemas. Mas houve blocos que conseguiram atingir um alto grau de beleza, de harmonia e de musicalidade que poderia agradar mais pessoas. Quanto à segurança, claro, fui até a PM para saber. No final do evento, uma ocorrência registrada: uma briga entre marido e mulher.
De tudo isso, é frustrante constatar a divisão social proporcionada pelo território de BH. Acho que esse enredo do Carnaval da cidade seria diferente caso os desfiles fossem transferidos para um ponto mais central. Mas, para isso, seria necessário vencer o interesse de alguns que querem ver o evento bem longe da "civilização". São muitas as desculpas: hospitais, monumentos, prédios públicos, casarões dos ricos da cidade etc. Eles argumentam e conseguem impedir a transferência do Samba Belô para um lugar mais central. Assim, fica o Carnaval da cidade, sambando com uma perna só.
Fui para lá ontem, primeiro dia. É na Via 240, no Bairro Aarão Reis, na Região Nordeste da cidade. É uma área pobre, com infraestrutura precária e moradias humildes. Por esse local, passa uma extensa avenida, que é a Via 240, onde se monta o "sambódromo" belo-horizontino. São 300 metros de pista para que blocos caricatos (exclusividade da capital mineira) e escolas desfilem. Ontem, foram os dez blocos caricatos. Hoje e amanhã, serão as sete escolas.
A impressão que passava para quem chegou mais cedo e viu aquela quantidade de caminhões estacionados antes do portal do desfile, com pessoas arrumando tudo de última hora, era de que seria um fiasco, que seria um desfile de pobreza e amadorismo. Não dá para falar que foi um desfile de riqueza e experiência, mas foi um belo desfile - de alguns blocos em especial, outros se prenderam à pobreza e ao amadorismo.
Duas coisas chamaram a atenção, principalmente. A primeira foi o público. Todas as arquibancadas ficaram lotadas e quem ficou no chão se espremia para ver os blocos passarem. As pessoas se empolgaram, se divertiram e interagiram com os "artistas". Outra coisa interessante foi a capacidade dos envolvidos nos blocos. Difícil entender o que os move, já que os recursos são parcos, não têm patrocínios e a premiação também não é alta, considerando o tanto de gente que participa. Se for dividir o dinheiro... Mas eles agiam com vontade, com amor, dentro de suas limitações. Isso é algo interessante de se ver.
Acompanhei o desfile do início ao fim. Fiquei mais de oito horas por conta daquela manifestação. Em cima disso, reflito sobre o alcance do evento. Por ser em região pobre da cidade, fica limitado a ser visto apenas por quem mora próximo. Duvido muito que alguém que more na Região Centro-Sul vá sair de sua segura casa para ver o Carnaval de BH na Via 240, onde imaginam que só irão encontrar "marginais", o que colocaria sua vida e seus bens sob ameaça. Uma pena. Aquelas pessoas mereciam ser vistas por um olhar diferente. Só se tem ideia do que é o evento quando se está lá. Não estou falando que foi algo perfeito. Houve muitos, muitos problemas. Mas houve blocos que conseguiram atingir um alto grau de beleza, de harmonia e de musicalidade que poderia agradar mais pessoas. Quanto à segurança, claro, fui até a PM para saber. No final do evento, uma ocorrência registrada: uma briga entre marido e mulher.
De tudo isso, é frustrante constatar a divisão social proporcionada pelo território de BH. Acho que esse enredo do Carnaval da cidade seria diferente caso os desfiles fossem transferidos para um ponto mais central. Mas, para isso, seria necessário vencer o interesse de alguns que querem ver o evento bem longe da "civilização". São muitas as desculpas: hospitais, monumentos, prédios públicos, casarões dos ricos da cidade etc. Eles argumentam e conseguem impedir a transferência do Samba Belô para um lugar mais central. Assim, fica o Carnaval da cidade, sambando com uma perna só.
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