segunda-feira, 4 de maio de 2009

A vitória do vírus sobre o homem

Agora, acabo de ler no site G1 que o Brasil vai gastar R$ 141 milhões com a gripe A (antes, gripe suína), apenas na prevenção, já que o país não tem nenhum caso registrado/confirmado. Isso me põe mais ainda a pensar sobre essa gripe e na incapacidade dos humanos em conter um microorganismo, o vírus da gripe. Toda a divulgação que está sendo feita em cima da do problema é boa para sabermos mais. Em alguns lugares, foram feitos históricos de grandes epidemias ou pandemias da doença, ocasiões em que milhares morreram no mundo. Então, vamos a eles:
1918 - Gripe Espanhola
1957 - Gripe Asiática
1968 - Gripe de Hong Kong
2005 - Gripe Aviária
2009 - Gripe A
Cinco. E olha que essas foram as grandes epidemias ou pandemias, como a Espanhola. Se forem falar de outras menores, a lista se amplia. O que me deixa intrigada e, talvez, um pouco indignada, é o fato de os cientistas não terem conseguido ainda achar uma solução para o problema. Tudo bem, eu sei, o vírus da gripe é altamente mutável e, por isso, é difícil de ser combatido. Ok. Mas, com tanta cabeça pensante dentro dos laboratórios e tanto dinheiro investido, será que é mesmo tão impossível controlar um vírus? Existem milhões espalhados no mundo. Aqui, trata-se de apenas um (claro que com suas variações).
O dinheiro que se está gastando com a publicidade em torno da gripe A, as medidas de prevenção e os tratamentos nos locais em que a doença foi confirmada seria poupado se o mundo se antecipasse e criasse algum meio de controlar esse microorganismo. E, se formos falar de outros problemas que a gripe provoca, como a afastamento de trabalhadores do emprego pelo período de manifestação mais forte da doença, os prejuízos aumentam.
Cientistas conseguiram dar jeito em vírus graves, como o sarampo e poliomielite - que não têm mais casos registrados no Brasil, mas ocorrem ainda em países sem programas nacionais de vacinção. Será que não conseguiriam resolver, também, o problema da gripe?
Sempre gostei de uma música do Gilberto Gil, que ficou mais conhecida na voz de Cássia Eller e que se chama "Queremos saber", porque ela expressa um pouco das minhas inquietações em relação ao investimento nas pesquisas. A música fala de tantas e tantas invenções que vemos todos os dias sendo divulgadas, mas que nunca chegam até o cidadão comum. E de tantas e tantas pesquisas que ficam dentro das quatro paredes dos laboratórios. O resto do mundo nem fica sabendo.
Para que tanto dinheiro investido se o retorno não vem para a sociedade? Quem é da área científica poderá até ficar revoltado com as coisas que estou escrevendo aqui, mas, como pessoa comum, que não está nos laboratórios, faço esse questionamento porque penso que muitas das pesquisas não trazem benefícios relevantes e palpáveis para sociedade.
Para fazer um teste, pegue uma das revistas semanais de hoje e olhe na editoria de tecnologia e ciência todas as descobertas e pense qual delas, realmente, seria útil para a sociedade. Ou então, pegue uma revista semanal de cinco anos atrás e veja na parte de tecnologia e ciência que descobertas ou novos equipamentos estavam sendo divulgados. Veja qual deles está entre nós hoje para uso comum. São poucos.
Já parei para observar isso. É cada coisa que a gente vê, do tipo "caneta que fala com você". Ah, por favor, quanto se gasta para se desenvolver coisas assim e qual a aplicação e utilidade disso no mundo? Como diz a música, "Queremos notícia mais séria/sobre a descoberta da antimatéria/e suas implicações/na emancipação do homem/das grandes populações/homens pobres das cidades/das estepes, dos sertões". O que seria mais razoável é que essa fortuna fosse, sim, aplicada na emancipação do homem e na resolução de problemas de abrangência mundial, mesmo que fosse no controle de doenças como a banalizada gripe.
Para vocês, a música:

Queremos saber
Gilberto Gil
queremos saber
o que vão fazer
com as novas invenções
queremos notícia mais séria
sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
na emancipação do homem
das grandes populações
homens pobres das cidades
das estepes, dos sertões

queremos saber
quando vamos ter
raio laser mais barato
queremos de fato um relato
retrato mais sério
do mistério da luz
luz do disco-voador
pra iluminação do homem
tão carente e sofredor
tão perdido na distância
da morada do Senhor

queremos saber
queremos viver
confiantes no futuro
por isso de faz necessário
prever qual o itinerário da ilusão
a ilusão do poder
pois se foi permitido ao homem
tantas coisas conhecer
é melhor que todos saibam
o que pode acontecer

queremos saber
queremos saber
todos queremos saber