terça-feira, 24 de novembro de 2009

Falta de critérios

Fiquei surpresa, ou melhor, espantada, perplexa, com o anúncio de que a novela “Caminho das Índias” ganhou o prêmio Emmy Internacional como a melhor telenovela de 2009. Não porque seja um prêmio mais importante que os outros pelo fato de ser nos Estados Unidos. Isso pouco importa. Mas porque sempre vi a novela “Caminho das Índias” como uma das maiores aberrações dos últimos anos na teledramaturgia brasileira. Aquela mistura louca que a Glória Perez gosta de fazer, pegando elementos de uma cultura e juntando com outras de qualquer jeito. Um monte de gente dançando para lá e para cá. Entre os indianos, uns tinham sotaque e outros, não. Uma salada mista total. Não sei se foi porque faltou pesquisa ou se foi proposital, mas virou um “angu de caroço”. Na minha opinião, isso é desrespeitoso para todas as culturas e, inclusive para quem assiste as novelas. Agora, vai saber os critérios adotados pelo júri do Emmy Internacional. Para mim, mais essa aberração da Glória Perez não mereceria nem prêmio de consolação.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Má educação!

Já vi algumas listas na Internet a respeito de coisas que as pessoas odeiam. Acho a palavra odiar muito forte, mas eu gostaria de deixar registrada aqui uma coisa que me provoca certa "fúria", que me deixa muito revoltada, muito triste, muito indignada, muito etc. É ver gente, em moto, carro, caminhão, ônibus ou outro meio qualquer de transporte, furando sinal vermelho. Vejo isso todos os dias. Parece um trem que me persegue.
Todos os dias, vejo um mal educado no trânsito fazendo isso, a tempo de atropelar um velhinho (ou um jovem, não importa), que acreditou que poderia atravessar a avenida ou rua porque o semáforo ficou verde para ele e vermelho para os veículos. Será que os motoristas que fazem isso - fora do horário autorizado, que é de madrugada - não pensam que podem matar alguém ou provocar ferimentos graves, até irreversíveis?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Para Catarina

Era manhã do dia 26 de outubro. Ela chegou depois de 39 semanas bem guardadinha dentro do útero de sua mãe, uma mulher admirável. Essa pequena veio da forma mais tranquila. Não deu muito trabalho. Como disse a mãe, "foi muito rápido". Parto normal, sem dificuldades. Parece que ela estava ansiosa para chegar a esse mundão.
O recado para a mamãe, talvez seja: "Vim para te fazer feliz!". E, no rostinho alegre da mãe, é o que se vê: FELICIDADE. Nem parece que está de resguardo. Nada do mau humor da semana anterior, quando a barriga pesada incomodava, o calor sufocava, a falta de lugar tirava a paciência...
E que menina linda!!! Não tem essa história de que bebê é tudo igual. Cada bebê é de um jeito. E você é linda. Cabeludinha, bochechuda, linda, linda, linda. Mãozinhas, pézinhos, corpinho. Tudo tão perfeito! Não me canso de dizer para todo mundo o quanto você é linda e "gotosa", como brinco.
Para você, todas as melhores coisas do mundo. Que você seja muito feliz, que enfrente esse mundão com toda a coragem e alegria que sua mãe enfrenta. Que você herde dela toda a determinação, inteligência, bom humor, sagacidade, vontade de viver e beleza. Que você curta a vida como sua mãe e que tenha amigos que a amem, como amamos sua mãe. Quando você entender melhor as coisas, vai encher seu coração de orgulho por ter a mãe, a avó e a tia que tem. Você nasceu em uma família maravilhosa. É privilegiada e será sempre muito amada.

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Charada

Ser humano é o bicho mais estranho do mundo. Quando não tem, quer. Quando tem, fica reclamando por ter... Vai entender...

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Mês do "cachorro louco" ainda não tinha acabado

Escrevi o texto abaixo na segunda semana de agosto, depois de passar por problemas domésticos com minha gatinha – eu só pisei nela sem querer e lhe quebrei o maxilar! Fui mal... Não sabia que agosto é agosto e que tinha que esperar o mês acabar antes de achar que tudo já tinha acontecido. Ainda estava no dia 9 quando escrevi. Faltavam 22 dias para o mês se ir. Batata! Mais coisas ainda viriam... Vou contar para vocês que este mês de agosto, que vai embora hoje, reforçou toda superstição que nunca tive na vida. Estou escrevendo este texto aqui agora, até com um pouquinho de medo porque ainda faltam pouco mais de oito horas para o último dia do mês acabar... Aiaiaiai...
Mas vamos lá. Quero desabafar! Como sou uma mulher (ou menina ou moça) de fé, vou crer que nada mais vai acontecer comigo hoje, a não ser o encontro com o namorado e a festa que irei à noite. Ou seja, somente coisas boas, não? Agosto não é mais forte que eu, embora tenha sido muito malvado este ano.
É que, no dia 19 de agosto – 19/08/2009, será que existe alguma ligação cabalística entre esses números? - eu consegui torcer, bem torcido, meu pé, assim, de bobeira, indo pegar o ônibus para ir trabalhar, perto de casa. Acho que não tinha buraco por perto, eu não estava de salto muito alto e tal, mas torci. Quando torci o esquerdo, pisei forte com o direito e, aí, o que aconteceu? Quebrei o salto do direito! Como se anda assim? Com o esquerdo, eu mancava de dor e, com o direito, mancava por causa do salto quebrado.
Dupla mancada! Será que tem a ver com meu nome? Cláudia significa pessoa que claudica, ou seja, que manca!!! Por incrível que pareça! Acho meu nome até bonito, mas o significado dele... Deve ser por isso que ganhei duas mancadas de uma vez só! Mesmo assim, pedi para o motorista do ônibus esperar e entrei para ir para o trabalho. Eu tinha que ir. Havia uma pauta importante às 10h30 e somente eu para cobrir. Não consegui deixar o pessoal na mão. No final da tarde, eu quase me arrependi da minha responsabilidade...
Que dor!!! Vou repetir com mais ênfase: QUE DOR!!!!!!!!!!!!!!!!! Quando levantei para ir embora do jornal, não conseguia mais pisar. Tive que sair de "saci-pererê" pela redação! Fui ao Pronto-Atendimento da Unimed. Um médico me atendeu, pediu a radiografia e nem tocou no meu pé para me examinar. Receitou um anti-inflamatório fortíssimo, que acabou com meu estômago, e bolsa de gelo, mas nada de remédio para cortar a dor. Que atendimento temos hoje, não? E olha que é atendimento privado!!! Deve ser por isso que meu pé não está bom até hoje!
A tal dor me fez ficar de molho em casa durante quase quatro dias – dei uma pequena saidinha no sábado à noite e, no domingo, fui à casa de minha mãe. Somente isso. Fiquei em casa, como digo, engordando para o Natal, porque o médico recomendou repouso absoluto, que significava ficar deitada o dia inteiro com o pé para cima, coisa que, óbvio, eu não consegui. Quem consegue ficar assim em casa, sabendo que tem um milhão de coisas para fazer fora e dentro dela? Levantei um bocadinho para arrumar as coisas por lá e ajeitar outras, mas não exagerei. Isso não.
O pé, eu vou levando. Ele não está 100%, mas também não está 0,001%. Por via das dúvidas, eu vou a um ortopedista amanhã, primeiro dia das minhas férias, para saber se vou precisar fazer fisioterapia e quando poderei voltar a ser uma pessa normal – descer rampas e escadas normalmente, ir à academia, correr, andar de bicicleta e outras coisas que eu quiser. Espero que seja em breve.
Disso tudo, o que posso dizer é que mau agouro é mau agouro. Eu, como muitas pessoas, devo ter jogado uma carga pesada demais em agosto e acabou ficando assim. Como diz minha religiosa (católica?) e amada irmã Eunice, “Tem que rezar mais”. Minha mãe (evangélica!) também vive falando: “Não se esqueça de orar”. Quem sabe não é isso? Não é o mês, é que, talvez, eu (nem católica nem evangélica!) tenha conversado pouco com Deus ultimamente. Antes, eu conversava todos os dias – nem rezava nem orava, conversava. Tenho corrido muito e me ocupado com tantas coisas que, confesso, tenho deixado a conversa um pouco de lado. Vou melhorar isso e afastar os maus agouros! Assim espero!

domingo, 9 de agosto de 2009

Mês do "cachorro louco"

Rótulos não fazem bem a ninguém. Por exemplo, sempre tive raiva dos rótulos dados aos gatos: agourentos, interesseiros, não gostam do dono, só da casa etc. Acho uma pura ignorância. Gato é o contrário disso tudo. É um bicho lindíssimo, inteligente, carinhoso, que AMA o dono e só faz bem a quem está por perto. Mas não é de gatos que vou falar aqui hoje. Essa introdução foi uma espécie de "desculpa" porque vou escrever sobre algo aqui, usando um pouco do "rótulo" que existe sobre o mês de agosto.
Na verdade, nunca tive nada contra mês algum, só preferência por outros. Não preciso nem dizer que adoro o mês de maio (meu mês!!!). Também gosto de abril e setembro, especialmente. Mas gosto dos meses de inverno também - só de junho a julho. Dos meses de chuva (de novembro a janeiro), não gosto tanto porque fico impossibilitada (ou com má vontade) de fazer as mil coisas que gosto de e tenho que fazer todos os dias.
Bom, voltando a agosto, se eu não gostasse do mês, eu não teria me mudado exatamente no dia 13 (!!!) de agosto de 2006 para minha atual casa, prova de que não sou supersticiosa. Não sou supersticiosa, mas, de certa forma, acredito em energias e na conexão das coisas. Acho que tudo está ligado e que pensamento, palavra, querer e intenção podem influenciar situações.
As pessoas costumam dizer que agosto é o "mês do cachorro louco" por causa de várias coisas ruins que acontecem neste mês. Tem até um dito popular que diz "casar em agosto traz desgoto". Credo! Não é assim também, não é? Há algumas tragédias e fatos históricos - como o suicídio de Getúlio Vargas, em 1954, a morte da Lady Diana, em 1997, muitos incêndios, ventanias, proliferação de raiva em cães - que marcaram muito a mentalidade social. Mas isso não quer dizer que tudo é ruim no mês. Acredito que agosto acaba ficando "carregado" por causa das coisas que as pessoas atribuem a ele. Muita energia negativa e expectativas de acontecimentos ruins acabam levando a situações nada boas.
Tenho vários amigos queridos, como Lizzi, Gabriel e Paulinho, e parentes, como tia Delmar e prima Luciene, que aniversariam em agosto e, portanto, devem gostar do mês. Peço, então, desculpa a vocês pelo texto, talvez, um pouco ruim sobre o mês em que nasceram. É apenas um comentário sobre um pensamento ou comportamento social que existe, mas não se pode dizer que é verdade a existência de mau agouro em agosto. Agora, para falar a verdade, se eu for ter um filho, vou olhar direitinho as datas para que ele não nasça em agosto... rs... Podendo, a gente evita coisas carregadas.
Contudo, o motivo que me levou a escrever este texto é que este mês não começou bem para mim, principalmente por causa de um acidente com minha gatinha, a Amor, que, neste momento, está com o maxilar quebrado, usando aparelho para se recuperar. Então, a gente acaba pensando em supertições como essa do mês do mau agouro. Mas o que importa é que o ruim foi só a primeira semana e que o meio e o fim serão ótimos, como são todos os meses de minha vida!

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Lembranças de Michael


Gosto de M. Jackson. Claro que lamentei a morte do artista, mas sem o exagero que está se vendo por aí. Na verdade, não acompanhava a carreira dele. Só ouvia as músicas e via os clipes em oportunidades não provocadas por mim. Ou seja, eu não procurava nada sobre ele.
A lembrança mais forte que tenho de M. Jackson é o medo que eu senti ao ver "Thriller" pela primeira vez, no final do Fantástico. Senti tanto medo, tanto medo... Era pequenina. Quando soube, após a morte de M. Jackson, quando "Thriller" foi lançado - entre 1982 e 1983 -, fiquei impressionada por eu me lembrar disso. Deve ter sido apresentado no Fantástico em 1983. Mas eu tinha dois para três anos.
Como eu me lembro disso? E me lembro perfeitamente bem. Acho que tem duas coisas aí. A primeira é minha memória que é até boa. A segunda é a força das imagens e do som gerados pelo clipe e por M. Jackson. O trabalho dele tinha uma fixação enorme nas mentes (e em muitos corações também). Pensando nessas coisas, é que se entende um pouco mais o motivo de tanta comoção em torno de sua morte. Ele era um artista diferente, como não se tem visto mais.

domingo, 21 de junho de 2009

Diploma em questão


Tanta coisa a se falar e a pensar sobre a decisão do STF de derrubar a exigência do diploma de jornalista para o exercício da profissão. Eu defendo o diploma, não por corporativismo, que esse é um mal da sociedade, basta ver a defesa que os médicos fazem entre si, mesmo quando há erros grotescos cometidos por profissionais do meio. Ou os policiais, que ficam se protegendo em meio a atitudes incorretas. Ou, para pisar no calo dos que estão menosprezando minha profissão, o corporativismo do Judiciário, a grande caixa-preta do Brasil.
A minha defesa do diploma é, simplesmente, por amar essa profissão que escolhi e por executá-la com seriedade e sensibilidade. É por acreditar que não é qualquer pessoa que gosta de ler e escrever que pode ser jornalista. Precisa mais, precisa muito mais. Agora, vamos ver um monte de gente que se acha bonita querendo ir para a televisão e escritores de "guardanapos de papel" (para citar meu amado Milton Nascimento) querendo mostrar seu talento nas páginas de jornal ou pessoas com belas vozes tentando ir para as rádios porque pensam que radiojornalismo é algo para encantar os ouvintes pela voz.
O que eu quero saber é se essas pessoas que vão tentar se aventurar pelo Jornalismo terão a sensibilidade necessária para o exercício da profissão, se vão ter a paciência de apurar, de checar cada informação que veem na Internet, que escutam no ráido, que assistem pela TV ou que escutam no bar da esquina antes de transformá-las em notícia. Se vão pensar antes se uma matéria que vão publicar vai transformar, da noite para o dia, alguém em herói ou em vilão. Se vão ter discernimento do que é interesse público e, não, particular. Se vão saber se desvincilhar dos afagos e das pressões de empresas e instituições. Se vão aceitar conviver com a pressão diária, os maus-tratos por parte de algumas fontes, os baixos salários, a falta de estrutura e outros problemas que existem no cotidiano jornalistico. Ou se vão procurar o Jornalismo porque acreditam que estarão revestidos de um certo "glamour", que, na verdade, é só uma impressão que quem está fora tem. Não existe. É bem a verdade.
A tristeza em torno disso tudo é ver que os magistrados, que deveriam defender a precisa informação, tomam uma atitude que poderá levar má informação para o público. Qual o zelo que tiveram com a sociedade ao anular um decreto-lei (não importa se foi editado na época da ditadura militar, do Estado Novo ou já nos primeiros anos da redemocratização) que dava um pouco mais de regulamentação à profissão, já tão sucateada. É muito triste ver um segmento profissional opinando e interferindo em outro com tão pouco conhecimento do ofício, do que é necessário para exercê-lo.
Se é possível, um apelo. Para que os que tratam com a informação, sejam patrões ou empregados, continuem tendo cuidado. Pensem no quanto é precioso o bem com que lidam. Apurem, estudem, busquem ser isentos, persigam a verdade, que é algo difícil, mas o jornalista tem que tenta chegar o mais perto possível dela, que não se vendam, não se iludam, desconfiem e não tenham preguiça nem vaidade.
Ainda não dá para saber quem serão as primeiras vítimas dessa desregulamentação. Com certeza, os primeiros a sofrer serão os jornalistas formados, que vão perder espaço no mercado de trabalho. Mas o mais grave pode vir depois, com as informações mal trabalhadas sendo disseminadas publicamente, atingindo em cheio a sociedade.
Como um médico vai escrever sobre uma obra viária que vai interferir na cidade? Como um engenheiro vai fazer matéria sobre uma pesquisa sobre o desempenho escolar no Ensino Médio? Como um advogado vai apurar uma notícia sobre um paciente que precisa de transplante urgentemente? Usando termos jurídicos para defender o direito do cidadão ao órgão? Será que ele vai saber quem são as fontes que deve procurar, que lados deve ouvir? Que abordagem é mais adequada? Ou vai se sensibilizar e tomar partido do paciente sem saber os problemas que atrapalham a cirurgia? Escrever uma matéria não é fazer um artigo opinativo, não é publicar um post em blog.
São muitas as questões que envolvem a produção e publicação de uma matéria. Mas o Judiciário acredita que qualquer pessoa está apta a exercer a profissão. Vamos ver no que vai dar essa decisão e torcer para que os resultados sejam menos desastrosos.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

E viva o dia de ganhar mais um ano!


Enquanto aguardo, com muita paciência (!), que o orkut acabe de adicionar as muitas fotos que estou colocando lá, vou escrever um pouco por aqui. Ia escrever sobre uma coisa, mas pensei bem e decidi escrever outra, que fosse mais fácil, que saísse sem muitos esforços porque já estou cansada. Afinal, são 2h30 da manhã. Tudo bem que estou de folga amanhã, mas, hoje, trabalhei e me levantei às 7h20, infelizmente...
Bom, vou falar do meu aniversário. Fiz aniversário no dia 29 de maio - 29 anos, no dia 29 do ano de 2009. Um conhecido me alertou para a coincidência numérica, que eu nem tinha reparado. Será que tem alguma coisa a ver? Ah, para os numerólogos, aceito palpites e informações sobre as relações dos números com a vida da gente. Mas, atenção, só quero saber se for coisa boa. De coisa ruim, eu fujo!
Na verdade, como em todos os anos, não me preocupei se estava fazendo 19 ou 29 (último ano da casa dos inte!). O que eu queria mesmo era celebrar a data. Pode ser que eu exagere um pouco nas minhas comemorações - este ano, foram quatro dias!!! Mas é porque gosto de verdade de aniversário. Vejo como momento de comemoração, de encontro e reencontro com amigos, colegas, conhecidos e pessoas importantes na minha vida. Fico intrigada quando escuto alguém dizer "odeio aniversário" e não revelar que dia muda de idade. Eu, hein? É para entender isso?
Acho que aniversário é um dia especial. É um dia em que a pessoa recebe boas energias, abraços, beijos, presentes, telefonemas, emails, scraps, cartões, mensagens por celular... Vejo tudo isso como uma comunhão de boas coisas que devem ser aproveitadas (e bem!). Para mim, a melhor forma de aproveitar é ficar perto de quem gosto. Por isso, tantas datas para a celebração. Para dar a oportunidade para os que querem ir e não podem ir em um dia irem em outro e outro e outro ou em todos, se aguentarem!
Esse texto, um pouco atrasado, é para fazer uma reverência às pessoas mais queridas da minha vida, que, de alguma forma (nem sempre presencial), estiveram presentes nesses momentos tão importantes para mim - este ano, entre os dias 28 e 30 de maio. Não importa se é 29, 30 ou 50, se o número é cabalístico, se dá sorte ou se dá azar. Com tanto amor por perto, eu só posso pensar que sou abençoada e protegida! E agradecer!

PS. Acho que fiz a escolha certa! Escrevi em 12 minutos o texto, mais três para adicionar a foto! Bingo!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

De sensibilidade e Santos Dumont

Nas horas em que acontecem tragédias como a que ocorreu com o avião da Air France, fico pensando no que sentiria o sensível Santos Dumont. Já havia sofrido com outros acidentes que viu acontecer com aviões originados de sua invenção. Sofreu mais ainda com o uso de outras aeronaves na Primeira Guerra e na Revolução de 30. Imagina se visse, então, o uso da máquina na Segunda Guerra, na Guerra do Vietnã, nos conflitos do Oriente Médio? E as várias tragédias que se seguiram e as muitas guerras? Se o mundo fica triste com isso tudo, imagina o inventor do avião?
Sou radicalmente contra suicídio, mas confesso que, para o pequeno e genial Santos Dumont, viver muito não seria tão bom. Ele veria tantas e tantas coisas tristes acontecerem associadas ao avião. Se Santos Dumont fosse outro tipo de ser humano, se não se importasse com o restante da humanidade, se só pensasse em se enriquecer, seria outra a história.
Mas a vaidade de Santos Dumont era diferente. Era voltada para a inteligência. Ele se envaidecia em ser reconhecido pelo invento genial e por saber que aquela máquina iria revolucionar o mundo. Torrava todo o dinheiro que tinha (de família) e ganhava (com seus muitos prêmios) em cima das invenções, muitas das quais deram errado. Mas era com isso que ele se engrandecia e se satisfazia.
Pena que, em muitas situações, junto com o bom, levamos também o mau. Para consolar (se for possível), a saída é tentar pensar nos muitos benefícios que o avião proporcionou e proporciona. Santos Dumont, no auge de sua sensibilidade, não conseguiu pensar assim. Mas, diante de todas as possibilidades que sabemos vir da existência das aeronaves - viagens, apoio humanitário, transporte de mercadorias, ligação entre os povos, para falar de alguns -, o saldo dos aviões é positivo, apesar das tragédias, das mortes e das guerras em que ele esteve e estará envolvido.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

A vitória do vírus sobre o homem

Agora, acabo de ler no site G1 que o Brasil vai gastar R$ 141 milhões com a gripe A (antes, gripe suína), apenas na prevenção, já que o país não tem nenhum caso registrado/confirmado. Isso me põe mais ainda a pensar sobre essa gripe e na incapacidade dos humanos em conter um microorganismo, o vírus da gripe. Toda a divulgação que está sendo feita em cima da do problema é boa para sabermos mais. Em alguns lugares, foram feitos históricos de grandes epidemias ou pandemias da doença, ocasiões em que milhares morreram no mundo. Então, vamos a eles:
1918 - Gripe Espanhola
1957 - Gripe Asiática
1968 - Gripe de Hong Kong
2005 - Gripe Aviária
2009 - Gripe A
Cinco. E olha que essas foram as grandes epidemias ou pandemias, como a Espanhola. Se forem falar de outras menores, a lista se amplia. O que me deixa intrigada e, talvez, um pouco indignada, é o fato de os cientistas não terem conseguido ainda achar uma solução para o problema. Tudo bem, eu sei, o vírus da gripe é altamente mutável e, por isso, é difícil de ser combatido. Ok. Mas, com tanta cabeça pensante dentro dos laboratórios e tanto dinheiro investido, será que é mesmo tão impossível controlar um vírus? Existem milhões espalhados no mundo. Aqui, trata-se de apenas um (claro que com suas variações).
O dinheiro que se está gastando com a publicidade em torno da gripe A, as medidas de prevenção e os tratamentos nos locais em que a doença foi confirmada seria poupado se o mundo se antecipasse e criasse algum meio de controlar esse microorganismo. E, se formos falar de outros problemas que a gripe provoca, como a afastamento de trabalhadores do emprego pelo período de manifestação mais forte da doença, os prejuízos aumentam.
Cientistas conseguiram dar jeito em vírus graves, como o sarampo e poliomielite - que não têm mais casos registrados no Brasil, mas ocorrem ainda em países sem programas nacionais de vacinção. Será que não conseguiriam resolver, também, o problema da gripe?
Sempre gostei de uma música do Gilberto Gil, que ficou mais conhecida na voz de Cássia Eller e que se chama "Queremos saber", porque ela expressa um pouco das minhas inquietações em relação ao investimento nas pesquisas. A música fala de tantas e tantas invenções que vemos todos os dias sendo divulgadas, mas que nunca chegam até o cidadão comum. E de tantas e tantas pesquisas que ficam dentro das quatro paredes dos laboratórios. O resto do mundo nem fica sabendo.
Para que tanto dinheiro investido se o retorno não vem para a sociedade? Quem é da área científica poderá até ficar revoltado com as coisas que estou escrevendo aqui, mas, como pessoa comum, que não está nos laboratórios, faço esse questionamento porque penso que muitas das pesquisas não trazem benefícios relevantes e palpáveis para sociedade.
Para fazer um teste, pegue uma das revistas semanais de hoje e olhe na editoria de tecnologia e ciência todas as descobertas e pense qual delas, realmente, seria útil para a sociedade. Ou então, pegue uma revista semanal de cinco anos atrás e veja na parte de tecnologia e ciência que descobertas ou novos equipamentos estavam sendo divulgados. Veja qual deles está entre nós hoje para uso comum. São poucos.
Já parei para observar isso. É cada coisa que a gente vê, do tipo "caneta que fala com você". Ah, por favor, quanto se gasta para se desenvolver coisas assim e qual a aplicação e utilidade disso no mundo? Como diz a música, "Queremos notícia mais séria/sobre a descoberta da antimatéria/e suas implicações/na emancipação do homem/das grandes populações/homens pobres das cidades/das estepes, dos sertões". O que seria mais razoável é que essa fortuna fosse, sim, aplicada na emancipação do homem e na resolução de problemas de abrangência mundial, mesmo que fosse no controle de doenças como a banalizada gripe.
Para vocês, a música:

Queremos saber
Gilberto Gil
queremos saber
o que vão fazer
com as novas invenções
queremos notícia mais séria
sobre a descoberta da antimatéria
e suas implicações
na emancipação do homem
das grandes populações
homens pobres das cidades
das estepes, dos sertões

queremos saber
quando vamos ter
raio laser mais barato
queremos de fato um relato
retrato mais sério
do mistério da luz
luz do disco-voador
pra iluminação do homem
tão carente e sofredor
tão perdido na distância
da morada do Senhor

queremos saber
queremos viver
confiantes no futuro
por isso de faz necessário
prever qual o itinerário da ilusão
a ilusão do poder
pois se foi permitido ao homem
tantas coisas conhecer
é melhor que todos saibam
o que pode acontecer

queremos saber
queremos saber
todos queremos saber

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Brilho para além de Che


Quando soube que estava para estrear um novo filme sobre Che Guevara, fiquei eufórica. Sempre falo abertamente que sou fã dele. Não é febre adolescente. Quando passei a ser fã mesmo de Che, a adolescência já havia passado há tempos. Primeiro, comecei a gostar porque acho ele bonito. Ok, não me olhem torto... É verdade. Acho ele bonito e ponto. Depois, porque, como amo história, estudei a Revolução Cubana e a participação de Che nela. Em seguida, comecei a correr atrás de informações sobre Che e, assim, foi. Fui gostando daquele sujeito, que pode até ter sido frio e violento em muitas situações, mas correu atrás do que acreditava.

Já tinha ficado feliz com o filme "Diários de motocicleta", de 2004, dirigido por Walter Salles e que tem Gael García Bernal no papel de Che. Achei muito bom, mas coloca o argentino revolucionário como quase um santo. Não gosto dessas coisas, nem quando se trata de Che Guevara. Acho que, por isso, gostei mais de "Che - O argentino", que acaba de estrear em BH. Dirigido por Steven Sorderbergh e que tem Benicio Del Toro encenando Che, Démian Bichir, como Fidel Castro, e Rodrigo Santoro, como Raul Castro.

Sei que todo mundo tem falado de Benício Del Toro no filme. Também adorei. Achei que ele ficou muito parecido com Che. Tem gente que fala que é igual, mas, como já pesquisei muito sobre Che, vejo muitas, muitas diferenças. Só para ser detalhista, vou falar da protuberância na região frontal, acima da sobrancelha, que Che tinha e Benício não tem. Rs. Brincadeiras à parte, reconheço que a figuração feita no Benício ficou muito boa e que ele representa bem o líder guerrilheiro.

Mas, engraçado como são as coisas, não foi o Benício que me chamou mais atenção no filme. Muito menos o Rodrigo Santoro. Foi Demián Bichir, que fez o papel de Fidel Castro. Ele não aparece muito no filme, mas, quando aparece... destrói (na minha opinião). Nossa, achei excelente, excelente, excelente. Não conhecia esse ator, mas, agora, estou fã dele. Ele fez um Fidel Castro seco, de palavras firmes, voz baixa, que não se exalta e não espera a resposta do ouvinte. Simplesmente fala e, nisso, é obedecido em tudo.

Pela primeira vez, tive noção da importância de Fidel Castro na estratégia dos guerrilheiros para tomar Havana e fazer a revolução. Como muitas pessoas, eu também aumentava a importância de Che Guevara no processo. Quando se vê o filme, o que fica claro é que Fidel era quem ditava as regras, sem quê nem por quê. Che obedecia, como um bom soldado. Impressionante. Até a primeira parte do filme, Che não era o cabeça da estratégia, era submisso às ordens de Fidel, assim como seu irmão Raul também era.

Confio um tanto bom nessa versão porque a supervisão histórica do filme foi feita por um dos maiores biógrafos de Che Guevara, o jornalista norte-americano John Lee Anderson, que pesquisou demais para escrever os livros que escreveu sobre Che e foi um dos responsáveis pela descoberta do local onde estavam enterrados os ossos do guerrilheiro. Ou seja, ele sabe muito mais que eu e 99% dos espectadores de Che Guevara!

Agora, aguardo para ver a continuação. É. O filme, na verdade, tem quatro horas. O que estreou foi só a primeira parte. A segunda, "Che - A guerrilha", ainda não tem data para estrear. Um pouco de paciência, já que, em BH, a primeira parte só estreou um mês depois de RJ e SP.

Como falei pouco de Benício/Che, vou dar um espacinho aqui para ele. Achei interessante a forma como o diretor traz o guerrilheiro. Primeiro, como médico interessado em mudar uma situação que não estava boa para ninguém (a ditadura de Fulgêncio Batista, em Cuba, e o mandonismo e exploração dos EUA em cima da ilha). Depois, como alguém que se envolve na causa e se preocupa em organizar, em mostrar que as coisas têm que ser feitas de forma pensada para dar certo. É o homem que pensa na formação social, organizacional e intelectual das pessoas que estão envolvidas no processo da revolução. Depois, como guerrilheiro que não quer sair do front de batalhas por nada.

Tem passagens engraçadas e outras muito interessantes. Chamou a minha atenção a importância que Che dava para a alfabetização. Em um momento em que está recrutando camponeses para a luta, pergunta quem sabe ler e escrever. A minoria sabia. Então, ele fala que um povo precisa saber ler e escrever porque, quando não sabe, é facilmente enganado. Convite para se pensar.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Diário de dores

Já tem um tempo que estou querendo compartilhar aqui com vocês comentários sobre um livro que li recentemente, que se chama “Uma mulher em Berlim: diário dos últimos dias de guerra (20/04/1945 a 22/06/1945)”, da Editora Record. A primeira coisa que chama a atenção no livro é o autor: não tem autor, ou melhor, o autor é anônimo. Aparece assim mesmo na capa. No lugar do nome do autor, está escrito “Anônimo”. Tem explicação.
A história do livro é a seguinte. Uma mulher, que morava em Berlim na reta final da Segunda Guerra Mundial, relata em seu diário o cotidiano na cidade logo depois da chegada dos russos, que trazem destruição e massacram tudo o que encontram pela frente, seja vivo ou não. A mulher teria pedido para que seu nome fosse preservado para evitar constrangimentos diante da sociedade devido às coisas que ela conta no texto.
Na verdade, acho que a autora poderia ficar constrangida, sim, quando saísse de casa e desse bom dia ao vizinho e pensasse que ele poderia ter lido o livro. Então, possivelmente, esse vizinho saberia que ela foi estuprada dezenas de vezes e em sequência, que tinha que barganhar favores em muitas situações para conseguir se alimentar ou tinha que “furtar” para não passar mais fome ainda. Que foi uma quase escrava dos soldados russos, mas que nem se importava com isso quando eles levavam um pouco de comida para a casa em que morava.
O furtar acima veio entre aspas porque, na situação relatada pela autora, é difícil dizer se o que as pessoas que estavam lá faziam era furto mesmo, na concepção condenável que tem a palavra. Estavam no extremo do desespero, da miséria, da dor, da violência e da falta de esperança, no mínimo. O relato da autora dá bem a impressão de “não há mais nada a se fazer”. Não há mais nada a se fazer, a não ser ser estuprada (consentidamente?), furtar, mentir, ignorar a dor do outro, comer coisas que, em outros momentos, jamais se pensaria, como urtiga e carne de cavalo.
É um livro pesado, denso, doloroso. Os homens eram mortos, as mulheres, humilhadas. Como sempre, nas brigas idiotas que os governantes arrumam, quem padece é a população civil. A história dessa mulher alemã mostra isso. Não interessa se ela era nazista, se não era, se era comunista... Isso não é o problema.
Ela era a funcionária de uma editora de livros, que, de repente, teve a vida destruída, passou a viver comunitariamente na ruína de uma das poucas casas que restaram, tinha que pegar rações diárias de comida para sobreviver, perdeu a saúde, a alegria. Vivia para não morrer, não para viver. Da vida que tinha antes, mal, mal, tinha lembranças. A dor, a mágoa, a frieza que ela expressa na reta final do livro, as últimas páginas escritas do diário, mostram que os valores se dissolveram, que nada tinha mais importância.
Assusta? Sim, mas não tem jeito de ser diferente. Tem como se esperar sentimentos de bondade, alegria, perdão etc. de pessoas que passaram por todas as crueldades de uma guerra, principalmente de quem estava no país dos perdedores quando os vencedores chegaram destruindo tudo? O livro provoca reflexões. Ainda mais para se repensar a situação dos alemães naquele momento. Não eram todos uns filhos da mãe que odiavam judeus. Havia pessoas normais, que trabalhavam, namoravam, estudavam e passeavam, assim como eu e você.

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Falta só encaçapar!


Nunca gostei de jogo e sempre fui péssima em todos eles, desde pequenina. Continuo sendo péssima, aos 28 anos, mas descobri um que gosto. Comecei a jogar aos poucos, com a Bele e a Jô, amigas queridas. Elas me dando banho, e eu sempre brincando, só preocupada em acertar a bola branca em alguma bola, sem mirar, sem planejar jogo, sem pensar em caçapa.
O negócio foi ficando diferente até que eu comecei a jogar toda semana, com minha querida, querida Marcinha (já falei dela aqui). Agora, estou eu lá, todas as quartas-feiras, tentando aprender. Hoje, tomei um banho da Marcinha. Perdi as três partidas que joguei contra ela. Mas isso não importa. Faço da sinuca uma descontração, um momento de me encontrar com pessoas que gosto e conversar um pouco (ou traficar ideais, não é, Bené da Flauta?).
Eu gostaria de conseguir jogar melhor, mas, quando a gente não nasce para certa coisa, não adianta. Eu não nasci para jogar e, talvez por isso, não jogo em nenhum momento da minha vida. A sinuca apenas reflete meu jeito de ser. Não sei pensar estratégias para ganhar algo. Se ganho, é por acaso ou porque Deus quis. Quero que Deus queira que o acaso me faça ganhar sempre. Seria bom!

domingo, 19 de abril de 2009

Chatas confissões e texto que não precisa ser lido

Estou em um ritmo tão frenético, que, às vezes, me assusto. Só me dei conta disso quando minha chefe me disse que se impressionava com a minha energia... Achei engraçado, mas foi a primeira vez em que pensei: "Pôxa, é verdade". Faço um milhão de coisas e nunca me canso ou estou com preguiça. Fiquei pensando o quanto isso é positivo. Mas, por outro lado, comecei a me preocupar em pensar formas de canalizar essa minha energia para ações mais construtivas. É que tenho gastado muito dela na noite. Ai, adoro isso.
Acredito que sou notívaga porque não sinto um pingo de sono à noite. Em compensação, pela manhã... Não sou nada. Levanto morrendo de sono, mas com bom astral. Agora, estou aqui pensando que estou fazendo um diário e que vocês não têm nada com isso, mas deu vontade de falar um pouquinho a respeito disso. Escrevendo, procuro me entender melhor e descobrir minhas vontades.
Estou de plantão neste fim de semana. Deveria estar dormindo, mas estou incomodada por ter deixado meu blog tão de lado assim. Muito por culpa dos vários compromissos noturnos que arrumo (e que adoro!). Quero falar sobre um milhão de coisas, sobre música, sobre coisas que li, sobre o que vi... Tenho que contar o quanto me dói ver a desesperança de pessoas em coberturas jornalísticas que faço. Queria que fosse diferente, mas não é. Se existisse formas de a gente passar a nossa energia para outros, eu gostaria de doar um pouco da minha para pessoas que estão desencantadas. Acho que o encantamento que tenho pelo mundo e pelos seres é um dos meus motores.
Acho a vida simples e feliz, mas não vejo o mesmo sentimento em muitas pessoas. Isso não chega a me entristecer. É muito difícil que eu fique triste. Posso ficar apreensiva, preocupada, estressada, mas, triste, é difícil. Acho isso bom. Acho que, por isso, vivo rindo, puxando conversa e tentando alegrar alguém. É um processo natural, talvez, inconsciente. Não sei como termino essas confissões, que, se se estenderem, vão ficar ainda mais chatas que estão agora. Portanto, vou encerrar sem conclusão, apenas para não cansar mais ninguém.

segunda-feira, 16 de março de 2009

Ao interior, ao coração


De volta, depois de um tempo sumida... É que fiz um retiro espiritual em Pirenópolis, em Goiás. Fui entrar mais para o interior do país. Conhecer o coração que, há três séculos, foi desbravado por bandeirantes. Ah, o ouro... Se, por causa dele, tantas maldades foram cometidas, por outro, é preciso reconhecer, o homem passou a ter junto de si a presença de maravilhas que só existem no interior de qualquer coisa. Engraçado pensar isso. Como se, para alcançarmos as melhores coisas, fosse preciso entrar no interior - de alguém, de um país, de um assunto.
Acho que não gosto de superfície. Talvez por isso, não goste tanto de litoral, de mar, de praia, da extremidade dos territórios. Reconheço que são belos. Vou, mas as praias que me conquistam são aquelas que me permitem entrar para o lado oposto da praia, procurar algo que não está tão explícito. Uma praia com uma mata junto, para mim, é ideal. Conheço poucas praias, mas as que me tocaram e me deixaram com saudade foram Itacaré (BA) e Ilha Grande (RJ). Como toda mineira, conheço algumas do Espírito Santo, Bahia e outras do Rio. Também já fui a Porto de Galinhas (PE), mas não tem comparação com o efeito que teve em mim as duas citadas acima. As duas tinham água doce, mato, árvores... Acho que não vivo sem isso.
Voltando a Pirenópolis, não foi apenas o deslumbre que causou em mim a natureza do lugar. MARAVILHA! Cachoeiras belíssimas e trilhas lindas, bem delineadas, cobertas pela natureza e com algo que me atiça, me provoca, me instiga, que é a história. A cidade foi formada a partir da exploração do ouro no lugar. Existem vestígios ainda, como o Museu da Lavra, que é a céu aberto e tem sinais de cavas feitas pelos escravos para a lavagem do cascalho. A construção colonial, bem, mas bem mais simples que a de Ouro Preto, também contém casario do século XVIII. Pena que não foi possível conhecer o interior de todas porque estive lá durante a semana e fora de feriado. Infelizmente, turistas em dias assim não são tão privilegiados.
A cidadezinha, pequenina, é aconchegante. Tem muitas opções de restaurantes e artesanato. Muito organizada e limpa, passa segurança. Para ir às cachoeiras, não temia ao subir na garupa de mototaxistas e partir para o meio do mato. Graças, não aconteceu nada. Também acho que não aconteceria. Esse é o melhor meio de transporte por lá... Bom e barato.
Outro ponto a favor de Pirenópolis é o povo. Sem bairrismo, mas parece até com os mineiros do interior, que abrem as portas das casas para os visitantes, vão para a cozinha e preparam o melhor que sabem fazer, simplesmente pelo gosto de agradar. É assim lá. Se você precisa de algo, é só conversar com o vizinho mais próximo. Ele vai mover o mundo para te ajudar. Não tenho como esquecer do senhor José, que, no meu primeiro dia por lá, andou comigo pela cidade, contando casos e mostrando pontos interessantes da cidade. Obrigada. Quero voltar a Pirenópolis um dia...

domingo, 1 de março de 2009

Síndrome de Super-Homem



Não sei o que deu na Folha de São Paulo, que tentou mexer em um dos maiores traumas dos brasileiros da forma mais irresponsável possível. Muitos devem ter acompanhado (e estar acompanhando) a polêmica que o jornal criou ao usar o termo "ditabranda" ao se referir à ditadura militar brasileira (1964-1985), em artigo publicado em fevereiro. Dá para imaginar isso? Uma ditadura violenta, repressiva e arbitrária ser considera branda por um dos maiores veículos de comunicação do país? Cadê a responsabilidade exigida dos órgãos de comunicação? Talvez a Folha tenha pensado que pode agir como o Super-Homem e mudar o curso da história. Mas errou feio. Não é assim. Há fatos, há mortes, há documentos, há testemunhas e há muitas dores que nenhum veículo de comunicação ou qualquer outro instrumento - a exemplo das anistias - pode descartar, remediar ou ignorar. Um veículo pode ser grande, ter influência e poder, mas jamais será um deus ou semideus.


Para se mexer em assuntos mal resolvidos - e a ditadura brasileira é um assunto ainda mal resolvido -, é preciso cuidado. A Folha não teve. Se o critério é comparar o regime que vigorou no Brasil com o que está em vigor na Venezuela de Hugo Chávez, o erro é gritante. É erro histórico, de avaliação e editorial. São situações diferentes, momentos diferentes e regimes diferentes. Não dá para olhar com os olhos de hoje o passado. Por que não avalia, critica e comenta a situação da Venezuela a partir do que está acontecendo lá? Será que a Folha não pensou que, ao minimizar o caso brasileiro para engrandecer o problema na Venezuela, estaria atentando contra a história de seu próprio país?


Não vivi a ditadura brasileira. Quando ela acabou, eu ainda era uma pequenina, que estava começando a viver e não compreendia a política. Mas vivi os efeitos dela e me lembro muito bem - porque comecei a me interessar pela política bem cedo. Lembro-me da morte de Tancredo e do Governo Sarney, deplorável para o Brasil. Lembro-me perfeitamente da inflação exorbitante, que colocava em pânico os pais de família, e me lembro, também, do congelamento dos preços, da fuga das mercadorias das prateleiras etc.


Apesar de todo o perrengue que o Brasil passou pós-ditadura, acredito que tudo, todo o desespero foi muito melhor que o desespero das mães que não tinham notícias dos filhos ou que viam os filhos chegarem em casa, após meses de sumiço, todo estraçalhados e traumatizados. Ou o desespero da dor de quem ia para as celas do Dops e companhia para sofrer todo o tipo de tortura e humilhação. Ou de quem nunca mais teve notícia de seus companheiros. Ou de quem até hoje não conseguiu enterrar um ente querido.


Não sei o que, para a Folha, é o contrário de branda se, para o jornal, toda a violência física e psicológica da ditadura brasileira não foi agressiva, dolorosa, forte, dura e outros nomes que se enquadrariam no contexto. Lamento, muito, que um jornal, seja ele qual for, tenha tratado a questão dessa maneira. E, aqui, nem cabe a discussão que tenho visto por aí que de que o jornal é de direita e anti-esquerda. Não é isso. O que faltou foi sensibilidade. Não existe, em qualquer lugar do mundo, jornalismo sem sensibilidade. Não é jornalismo. Folha, Super-Homem só existe na ficção. O curso da história não se muda. Mais respeito à história e à memória de seu país, por gentileza.


*** A foto acima é do corpo do jornalista Vladimir Herzog, da TV Cultura de São Paulo, morto em 1975, dentro de uma cela do DOI-Codi de São Paulo, um dos órgãos repressores da ditadura militar brasileira. A polícia, na época, afirmou que ele havia se matado. Mas, claro, a farsa foi desmentida. Uma pessoa não consegue se enforcar com os joelhos flexionados, de uma altura tão baixa. Nem se ela quiser...

sábado, 28 de fevereiro de 2009

De Brasília e arredores

Adoro Brasília, a capital federal que muita gente enche a boca para falar que "não tem nada". Isso não é verdade. A cidade tem muita, muita coisa interessante e agradável para se fazer. Além de ser linda, na minha opinião. Acho os prédios de Brasília muito bonitos. A arquitetura do Plano Piloto é única, é sofisticada, é limpa, é simétrica e é bonita. Também tenho na capital amigos que enchem duas mãos. A atração de jornalistas por Brasília é quase fatal...
Por gostar tanto de Brasília, sempre que posso vou para lá. Agora mesmo, escrevo de Brasília. Cheguei esta madrugada para um passeio de uma semana, que vai incluir Pirinópolis e Goiás Velho, dois lugares próximos que sempre fizeram parte da minha curiosidade de turista. Na medida do possível, vou escrever daqui sobre as coisas interessantes que tenho visto e pensado. Hoje, vou conhecer um sambinha que rola aqui à tarde. Falar que tem samba em algum lugar é o mesmo que me chamar para ir. Então, deixa eu ir!

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Um certo Bené


Se tiver lido os textos anteriores, você deve se lembrar de quando falei sobre um homem, o Bené da Flauta, lá de Ouro Preto, que há algumas décadas se dizia "traficante de ideias". Se não tiver lido, tudo bem. Já está explicado. Pois é, naquele texto, eu disse que iria pensar mais sobre o autotítulo de "traficantes de ideias" que Bené da Flauta se dava. Tenho tentado pensar sobre isso, mas confesso que está sendo difícil destrinchar o significado. O traficante é um sujeito que compra e vende coisas por "debaixo dos panos", não é mais ou menos isso? Será que o traficante de ideias pega e distribui ideias e pensamentos sem o consentimento? Será que é isso que ele queria dizer em suas palavras? Se for, acho que todos temos um pouco disso.
Quantas e quantas ideias não "pegamos" por aí todos os dias... Hoje mesmo, na minha sinuca semanal com minha amada Márcia, conversamos tanto e tantas ideias foram de lá para cá. Tantos devaneios femininos e humanos. E, assim, durante todo o dia. Dessas ideias que tenho, quantas não são "pêgas" sem consentimento por outras pessoas? Mas será que, para a gente pegar as ideias, precisa de consentimento? A não ser que sejam ideias rentáveis e patenteáveis ou coisa parecida, acredito que as ideias estão no ar, soltas para quem quiser pegar. Ou seja, é uma "mercadoria" que não tem moeda de troca, a não ser um bom papo ou uma atenta observação.
Gosto, então, de ser "traficante de ideia", como o Bené da Flauta. Gosto de me sentir livre para ouvir e ser ouvida. Não quero, nesse mercado, estar lícita, quero cometer os desvios que nos permitem a troca de ideias.
Agora, estou aqui imaginando quais eram as ideias que Bené da Flauta traficava. Deveria ser um espetáculo único vê-lo caminhando pelas ruas de Ouro Preto praticando seu tráfico. Mas são coisas que nosso mundo, de tão pouca memória, não deve ter guardado ou pode até ter guardado, mas em pequeníssimas proporções.
De qualquer maneira, Bené da Flauta, valeu pela mensagem deixada. Essa eu acho que irá ficar ainda por um bom tempo espalhada pelo ar, como as ideias que você traficava. Pela Internet, soube um pouco mais de você e até achei uma foto sua para mostrar para quem visitar o blog. E, nessa pesquisa, achei mais uma de suas intrigantes frases: "Assim sim, mas assim também não. Essa vida é mesmo assim, quem é muito no começo, chora saudades no fim". Terei que fazer mais pensamentos sobre você, Bené. Traficar mais ideias. Mas acho que eu gostaria muito de ter te conhecido...Pena que nosso encontro só se deu agora, quando não é mais possível traficar ideias com você.
*** A foto foi retirada do site www.benedaflauta.com.br. É de um restaurante no Centro Histórico de Ouro Preto

PS: Só uma observação para quem não está acompanhando o novo Português. Não escrevo ideia sem acento por erro de digitação, mas para me enquadrar no Novo Acordo Ortográfico. Tenho que fazer esse exercício todos os dias. As novas regras já estão me exigindo mais atenção com a nossa língua pátria.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Game over

Fim de Carnaval... Hora de tristeza para muitos... Apesar de eu ter trabalhado muito no feriado prolongado, curti bastante cobrir a folia. Nas duas cidades históricas, foi muito mais puxado, mas foi bom também. Muita gente, muita confusão, difícil ficar fazendo entrevistas, disputando espaço com a latinha de cerveja. Adivinha quem ganha a disputa? Mesmo assim, saiu o trabalho. Nunca sai do jeito que a gente quer. Sempre fica aquela sensação de que dava para ter feito melhor, mas o dead line é um inimigo mortal de nós, jornalistas. Como nos atrapalha. Mas, sem ele, não existiria jornal. Agora, é chegar até à Quarta-Feira de Cinzas com toda a energia possível, como se eu tivesse repousado nos quatro dias seguidos. É assim nossa vida...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Gosto de Carnaval

Pense em um dia passar um Carnaval tranquilo, com família, filhos, se tiver, para viver alguns momentos curtindo marchinhas e sambas antigos. Existem lugares que permitem esse tipo de divertimento. Vou falar de um lugar em especial. É de onde estou agora, escrevendo este texto. Mariana, na Região Central de Minas. Muito conhecida pelo caráter histórico, a vizinha meio esquecida de Ouro Preto, sempre tão lembrada, prestigiada e visitada. Mariana também é, mas muito menos que a vizinha, a irmã colonial.
Vim para cobrir o Carnaval das duas irmãs. Ouro Preto, todos sabem, "bomba". Muitos jovens, turistas, todos se embriagando em repúblicas ou nas ruas mesmo. De uns anos para cá, a cidade tem descentralizado o Carnaval, por exigência do Ministério Público, que quer a confusão um pouco mais longe do Centro Histórico. Com isso, surgiram espaços - para axé, para hip-hop etc. O folião escolhe o que quer curtir.
Há opções de Carnaval mais tradicional também, porém, bem menos procurados. Tenho que ser justa e fazer uma referência e uma reverência para o Bloco dos Candonguêros, que, há quatro anos, dissemina o Carnaval antigo pela cidade nos quatro dias de festa. E tem outra missão, que também é louvável, de mostrar às pessoas o que acontece na Ouro Preto moderna. Afinal, a cidade existe para além do período colonial e da extração do ouro que atraiu a população para lá. Interessante a proposta de lembrar que, nos anos 60 e 70, a cidade tinha um importante movimento carnavalesco, que ninguém se recorda hoje. Este ano, o bloco fez homenagem a um homem que andava pela cidade, dizendo que era "Traficante de ideias". Era o Bené da Flauta. Gostei disso. "Traficante de ideia". Vou pensar mais sobre o significado da expressão e o motivo de alguém se auto-intitular assim.
Mas, voltando a Mariana, tenho que fazer uma ressalva. Participar do Carnaval antigo na cidade é algo que se faz até, mais ou menos, uma hora da manhã, no máximo, aliás. Depois, o melhor é se refugiar em casa, pensões, pousadas, hotéis porque começa o axé music, o funk, o sertanejo e outros ritmos, que eu nem consigo decifrar. Para quem não gosta, fuja! Até porque o clima não é dos melhores. As pessoas já estão altinhas...
O melhor é começar a folia junto com a programação. Por volta das 15 horas da tarde, os blocos tradicionais da cidade começam a desfilar. Impossível não falar do Zé Pereira, com os bonecos gigantes, que já encantam a multidão há 160 anos. Isso mesmo! Podem se impressionar. O bloco tem muita história e é com muita vontade que os componentes mantêm a tradição. São todos voluntários no projeto. Todos os anos, estão lá os bonecões, colorindo a cidade.
Além dele, há movimento durante todo o dia. Muitos pais com seus filhos passeiam de um lado pelo outro pelo circuito carnavalesco alegremente enfeitado com adereços pendurados no alto. Caixas coloridas trazem imagens de carnavais passados. Serpentinas rodopiam no ar, formando uma bela imagem junto com a luz dos postes.
O clima é muito tranquilo. As pessoas se sentem à vontade para brincar o Carnaval, em sua forma mais inocente. No coreto da praça, já é noite, e uma banda toca marchinhas sem parar. Todo mundo dança, canta, acompanha os músicos. Isso quer dizer uma coisa (entre tantas): as pessoas gostam do Carnaval à moda antiga. Não que a folia com outros ritmos não deva existir. Claro que sim. Mas é necessário ter opções. Os seres precisam de opções. Somente quando se tem oportunidade de ver outras coisas é que se pode escolher.
Por que limitar a certos tipos de música e a algumas festas consagradas e prestigiadas pela mídia. Será que o que passa na televisão é o que o povo quer ver mesmo? Essa história de impor o que as pessoas devem ver é muito complicada. Há festas que têm todo o destaque da mídia durante o Carnaval, mas que, na verdade, poderiam acontecer em qualquer época do ano porque não têm a ver de forma direta com o Carnaval. Mas a festa com marchinhas, não. Ela tem um gosto todo diferente durante o período momesco. Vejam: tem algo que combina mais com confetes, serpentinas e máscaras que as marchinhas? Todo o espaço a elas!

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Samba manco em BH - 02

Tomei, tomamos, tomaram uma enxurrada hoje na Via 240, segundo dia do Samba Belô. Cheguei de lá há pouco. Já são tantas as dificuldades das agremiações para entrar na avenida e São Pedro ainda castiga assim... Atrapalhou muito o desfile. Foram só três escolas. Apesar da chuva forte, fraca, com ventos, alternadamente ou tudo junto, os representantes entraram com muita vontade, tentando - pelo menos, tentando - ignorar a chuva. Acho difícil não terem sido prejudicados com a tempestade... Amanhã (ou melhor, hoje mais tarde), será o último dia, momento das escolas mais "fortes" do Carnaval de BH. Não estarei lá para falar para vocês como foi. Minhas segunda-feira e madrugada de terça serão dedicadas a Ouro Preto e Mariana. Vamos subir ladeira... Descer também!

28 ou mais

Tenho 28 anos. E, há dois dias, me surpreendi ao conhecer um indiano, que gostou de mim por achar que eu me parecia com as mulheres indianas... Aff! Bom, a surpresa foi porque ele, ao saber minha idade, ficou SURPRESO por eu não ser casada. "É que na Índia todas as mulheres com 30 anos são casadas". Foi a resposta. Ele acha que eu deveria estar casada por causa da minha idade. Deveria? Eu acho que não. Minha opinião importa? Sim, claro, muito. Então, não acho e nem sinto que eu deveria estar casada.
Para os motivos...
Número 1: a gente se casa quando quer, quando sente que dá muito certo com alguém e que, com esse alguém, sua vida vai ser mais feliz, mais construtiva, mais tudo para melhor. Pelo menos, é o que a gente sente, mesmo se, lá na frente, tudo se desmorone.
Número 2: a gente não se casa, de jeito nenhum, por causa da idade. JAMAIS!!! Já se passou o tempo em que isso era critério. O que concordo é que, em um momento, que não tem a ver com a idade, a pessoa se sente mais preparada para se unir a alguém - não precisa ser casamento atestado em cartório.
Número 3: 28 anos é muito? O que é muito? Para mulher, é muito? E, para homem, também? Hoje, talvez, eu me sinta mais jovem, mais alegre, mais bonita, mais cheia de vida que quando eu tinha 21 anos. Não sei nome e cor desse fenômeno, mas é assim que me sinto. Cada dia acontece uma coisa diferente na minha vida, coisas que, talvez, se estivesse casada, não aconteceria. Claro que aconteceriam outras, que só acontecem com quem está casado. A vida é assim: escolhas. Para cada uma delas, uma vivência.
Número 4: A gente tem que se casar? Por muito tempo, é o sonho das meninas. Casamento visto do ponto de vista romântico, do amor eterno etc. Não que não existe romance e amor verdadeiro. Ainda acredito que isso tudo existe, mas não precisa estar vinculado a nada, somente a você. Não precisa estar vinculado a casamento, mas a vida a dois, a dedicação, a carinho, a companheirismo etc.
Não tenho nada contra casamento. Acho lindo quando vejo sólidos casamentos, duradouros, hamoniosos, com filhos bem criados etc. etc. Mas nem sempre é assim na vida. Sempre disse, que, se eu me casasse um dia, seria uma vez só. Não dá. Esse negócio de se casar três, quatro, cinco, seis vezes não é para mim. Tem gente que tem paciência. Eu não.
É porque o casamento ou a vida a dois inclui algo que a gente não consegue compartilhar tantas vezes e com tantas pessoas diferentes, que é o desnudamento da nossa intimidade. Não, não estou exposta em nenhuma vitrine. Minha intimidade é minha e só compartilha dela quem eu quero e desejo. Meus pensamentos, esquisitices, gostos, defeitos e qualidades não são algo público. São meus e de quem eu quero que saiba. Não é radicalismo, apenas um jeito de ser. E, sobre casamentos, que sejam eternos enquanto durem. Tenho que sair agora!

Samba manco em BH

A vida de jornalista dá oportunidades interessantes para o ser humano. Agora, por exemplo, ando atarefada com o plantão de Carnaval. Sempre achei que iria odiar com todas as minhas forças ter que ficar em BH em vez de fazer uma repousante e agradável viagem. Estou tão surpresa comigo! Nunca imaginei que iria curtir tanto trabalhar no Carnaval. E olha que não estou cobrindo nenhum evento superconcorrido nas cidades mais badaladas do Carnaval brasileiro. Estou cobrindo o Carnaval em BH. Isso mesmo! BH tem um Carnaval, muito discriminado, mal visto e olhado torto, mas tem. Vamos a ele!
Fui para lá ontem, primeiro dia. É na Via 240, no Bairro Aarão Reis, na Região Nordeste da cidade. É uma área pobre, com infraestrutura precária e moradias humildes. Por esse local, passa uma extensa avenida, que é a Via 240, onde se monta o "sambódromo" belo-horizontino. São 300 metros de pista para que blocos caricatos (exclusividade da capital mineira) e escolas desfilem. Ontem, foram os dez blocos caricatos. Hoje e amanhã, serão as sete escolas.
A impressão que passava para quem chegou mais cedo e viu aquela quantidade de caminhões estacionados antes do portal do desfile, com pessoas arrumando tudo de última hora, era de que seria um fiasco, que seria um desfile de pobreza e amadorismo. Não dá para falar que foi um desfile de riqueza e experiência, mas foi um belo desfile - de alguns blocos em especial, outros se prenderam à pobreza e ao amadorismo.
Duas coisas chamaram a atenção, principalmente. A primeira foi o público. Todas as arquibancadas ficaram lotadas e quem ficou no chão se espremia para ver os blocos passarem. As pessoas se empolgaram, se divertiram e interagiram com os "artistas". Outra coisa interessante foi a capacidade dos envolvidos nos blocos. Difícil entender o que os move, já que os recursos são parcos, não têm patrocínios e a premiação também não é alta, considerando o tanto de gente que participa. Se for dividir o dinheiro... Mas eles agiam com vontade, com amor, dentro de suas limitações. Isso é algo interessante de se ver.
Acompanhei o desfile do início ao fim. Fiquei mais de oito horas por conta daquela manifestação. Em cima disso, reflito sobre o alcance do evento. Por ser em região pobre da cidade, fica limitado a ser visto apenas por quem mora próximo. Duvido muito que alguém que more na Região Centro-Sul vá sair de sua segura casa para ver o Carnaval de BH na Via 240, onde imaginam que só irão encontrar "marginais", o que colocaria sua vida e seus bens sob ameaça. Uma pena. Aquelas pessoas mereciam ser vistas por um olhar diferente. Só se tem ideia do que é o evento quando se está lá. Não estou falando que foi algo perfeito. Houve muitos, muitos problemas. Mas houve blocos que conseguiram atingir um alto grau de beleza, de harmonia e de musicalidade que poderia agradar mais pessoas. Quanto à segurança, claro, fui até a PM para saber. No final do evento, uma ocorrência registrada: uma briga entre marido e mulher.
De tudo isso, é frustrante constatar a divisão social proporcionada pelo território de BH. Acho que esse enredo do Carnaval da cidade seria diferente caso os desfiles fossem transferidos para um ponto mais central. Mas, para isso, seria necessário vencer o interesse de alguns que querem ver o evento bem longe da "civilização". São muitas as desculpas: hospitais, monumentos, prédios públicos, casarões dos ricos da cidade etc. Eles argumentam e conseguem impedir a transferência do Samba Belô para um lugar mais central. Assim, fica o Carnaval da cidade, sambando com uma perna só.