sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Desencaixe

Guardada, há uma moldura. De príncipe. Porque é o que se aprende desde a infância. Mas, coitada, está condenada à solidão. Não há encaixe para ela. Ninguém que se equipare, que se encaixe. A busca cansa. Então, uma nova moldura. De sapo. Menor, mais simples, mais rasa. Para a do sapo, há muitos encaixes. É um risco. E, quer saber?, perde um bocado da graça.

domingo, 16 de setembro de 2012

A artista


Não se contenta somente em colorir o mundo com sua presença. Em sintetizar a memória com as mãos. Em imprimir na massa os sentimentos. Consegue ainda fazer brotar flores do inóspito ferro. Ninguém mais além de você. Que bela boa-vinda você oferece aos seus visitantes e aos seus passantes. Quer colorir o mundo não só para os seus. Para quê tão poucas pessoas? Quer que também os anônimos vejam a beleza, onde ela estiver, porque a certeza você tem: a beleza existe. As flores entrelaçadas no ferro. O bordado inesperado. O ponto a ponto de alegria e de leveza. A costura das cores formando as flores. A força e a forma das linhas unidas. A ponte entre o rude e a delicadeza. Brotam lágrimas. É lindo.

(Para Beatriz Leite, a mais encantadora artista plástica que eu já conheci.)