Sentimento de mãe para filho é, desde sempre, algo que me toca profundamente. É claro que há exceções, mas está dentro ou próximo daquilo que chamamos de "amor incondicional" - apesar de eu não acreditar muito que amor incondicional existe. Mas o fato é que, outro dia, na fila do caixa do estacionamento de um shopping, tive uma demonstração tão bobinha, tão ingênua, mas tão bonita do amor de uma mãe pela filha, que fiquei comovida, pensando naquilo e com a ideia de trazer o ocorrido para este meu espaço aqui.
Eu lá na fila, uma senhora logo à minha frente. Ela comenta comigo: "É, está frio aqui". Eu: "É, o friozinho está chegando, né? Ainda bem". Ela: "Pois é, semana passada estava em São Paulo, porque minha filha mora lá". Eu: "É, lá é mais frio mesmo". Ela: "Pois é, minha filha está fazendo doutorado lá, na USP". Eu: "Que legal, hein?". Ela: "É, antes, ela tinha feito o mestrado fora, nos Estados Unidos". Eu: "Legal mesmo. Ela é estudiosa, né?". Ela: "É, sim", com os olhos brilhando de orgulho.
Ela pagou, eu paguei, fomos embora uma para cada lado. Ela nem deve ter pensado em mim mais, mas, em mim, ela deixou marcas, demonstrando seu amor ao querer falar para o primeiro desconhecido o quanto ela se orgulhava da filha, sem se importar se a pessoa do outro lado iria achar que ela estava se gabando. E, na verdade, não achei mesmo que ela estava se gabando. Achei lindo o tanto que ela se orgulhava da filha e o tanto que ela queria contar para o mundo como sua filha era especial. E foi assim que eu entendi.