sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ao sorriso de luz

As luzes se apagam tão rápido. Tão rápido que a gente não vê quando elas estão acesas. A gente não tem tempo de se despedir. O que fica de lembrança é aquilo mesmo que se viu. Se não se viu mais, acabou, perdeu-se a chance. Não dá tempo para ver mais. Luzes apagadas. Escuro. Sem despedida. A você, amigo Mainha, que iluminou por tão pouco tempo este mundo aqui. Deve ter chegado ao outro lado clareando tudo com seu sorriso. Com sua voz. Com seu dom para a música, para os instrumentos. Com sua alegria. Com seu olhar de pessoa boa. Fique feliz. Deixou o bom para a gente.

Não saber

Não sei, não, vi, não li, não escutei, não senti. A gente quer falar isso, mas não pode. Cadê meu direito ao não? Posso não querer saber? Quero simplesmente passar por algo sem querer apreender ou assimilar qualquer que seja a coisa. Sempre a mesma questão que atormenta. Sempre você tem de dizer o que acha, o que sente. Existem várias formas de escravidão.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Inominável

Dá um nó no peito, um engasgo na garganta, um frio no coração. Acho que isso se chama medo. Ou se chama anseio. Ou tristeza. Ou qualquer coisa ainda não nomeada, que a gente é incapaz de expressar. Sinto quando penso na possibilidade do definitivo. Do nunca mais. Do para sempre. É muito tempo. Não sei se eu queria.

O alvo

Coração grande. Cabe tudo, de tudo, para tudo, para todos. Cabe muito, vê muito também. Vê fácil os alvos de amor. Da mesma forma, é visto com facilidade. Mas nem sempre é alvo de amor. Por ser grande, é alvo fácil. De ser visto, de ser atingido, de ser ferido. Tenta se encolher e não consegue. Nasceu para ser assim. Não diminui, não se esconde, não evita. Tem a sina de ser presa fácil das dores.

Para si, para mim, para outro

Clarice, sobre a vida, sobre os sentimentos. Tanto ela falava do que se sente, tanto a gente continua sem saber nada sobre isso. Li uma frase dela ontem e fiquei refletindo (normal isso): "escrevo para mim mesma, para ouvir minha alma falando e cantando, às vezes, chorando". Para conseguir se ouvir, tem de se colocar para fora. Mas é contraditório, porque, se é para si mesmo, por que é preciso colocar para fora? É para si, mas é preciso tornar acessível ao outro para que isso se complete, se não, é como não ouvir. É mudez.