terça-feira, 1 de outubro de 2013

Curta biografia*

Meu nome é Cláudia, mas eu gosto tanto do apelido que recebi há alguns anos que o uso para me apresentar. Então, recomeço: meu nome é Claudinha. Nasci em 29 de maio de 1980. Minha mãe teve parto normal e custou a me segurar. Eu queria muito chegar a este mundão. Ainda fico procurando os motivos para isso, já encontrei vários, mas acho que vou encontrá-los pelo resto da vida. Foi em uma maca que eu nasci. Às vezes, fico imaginando o desespero da minha mãe ao tentar ficar me segurando, com a mão mesmo, no trajeto, dentro do carro, da nossa casa ao hospital. Sufoco. Desde o início, eu dei trabalho para ela por causa do meu jeito “independente” de ser.
Tenho dois irmãos, uma mulher e um homem, o homem é o mais velho, e eu, a caçula. Fomos criados de forma humilde, simples, sem nenhum tipo de luxo, mas em uma casa cheia de valores. E muitas brigas também. Aprendemos com as brigas, com os muitos “nãos” que recebemos. De maneira alguma, somos pessoas que não se conformam em não ter. Aprendemos a gostar de animais, crianças e natureza e a respeitar as pessoas mais velhas e as que têm deficiências – físicas ou mentais. Como meus pais têm crenças religiosas diferentes, e por isso sempre brigaram, tivemos de aprender muito cedo o conceito de “tolerância religiosa”, mesmo sem saber direito o que era. E, assim, crescemos e nos tornamos pessoas do bem, honestas, trabalhadoras, justas e amorosas. Devo isso aos meus pais, eternamente, devo.
Me formei jornalista. Me formei em História. Me formei revisora. Tenho obsessão por aprender. Queria ler todos os livros do planeta e já sofro pensando que jamais conseguirei isso. Droga! Outra paixão que tenho é fotografia. Fiz cursos e ainda quero me profissionalizar, assim como quero ser professora um dia. Eu tenho gosto de ir passando para frente tudo o que acho interessante (como se o que é interessante para mim fosse para o outro também). O que vale são as tentativas que a gente faz para promover o bem. É ou não é?
Eu odeio ser dona de casa, mas fiz essa escolha há sete anos. Até hoje, não sei bem o motivo, mas fiz. Sofro por ter de cuidar da casa, arrumar as coisas, etc. Eu não gosto. Já disse mil vezes que não nasci para ser dona de casa, mas vou levando. Conto com a ajuda de uma faxineira, uma vez por mês apenas. No resto, tenho de ir me virando. O que me ajuda é que, durante toda a nossa infância e a nossa adolescência, nossa mãe ficou muito fora de casa, para fazer as coisas em que ela acreditava. Então, aprendemos a cozinhar, arrumar a casa, lavar e passar roupa, dar faxina, olhar o trabalho dos pedreiros e pintores, atender as pessoas na porta de casa, atender os telefonemas e tentar resolver os problemas que nem eram da nossa competência. Foi bom nesse ponto, apesar de termos sentido muito a falta da nossa mãe conosco. Hoje eu a entendo perfeitamente.
Dentre os meus livros preferidos, estão os de história, os biográficos, os livros-reportagem, os de literatura em geral – mas sou chegada a um drama –, os de ficção científica. Deveria ler mais poesia, acredito. Adoro assistir a filmes e ir ao teatro. Ouvir música. Não gosto de comédia em geral, mas já rachei de rir com filmes que nem eram tido como tão engraçados, como “Esqueceram de mim” e “Os trapaceiros”. Meio estranho. Música está na minha alma, nas minhas falas, nos meus gestos, nos meus pensamentos, nos meus textos. Eu não seria nada se não fosse a música. A música brasileira é minha diva inspiradora. É o que está na minha formação musical. Hoje corro atrás de um aprimoramento em música estrangeira – é coisa que nunca entrou muito lá em casa. Espero conseguir suprir esse deficit um dia.
O amor eu vejo como uma coisa simples, idiota, que vive dando trabalho nas pessoas. Todo mundo complica aquilo que é o básico, que nasce com a gente. A gente nasce e vai para o colo da pessoa que mais vai nos amar na vida, independentemente de quem você vai conhecer no futuro. Amor de mãe é insuperável. E isso eu nem discuto (claro que não estou considerando as exceções). Com isso, acho que é primeiro sentimento que a gente experimenta. E é o que vai com a gente para o resto da vida.
Já tive quatro namorados e muitas paixões. Cada vez que me apaixono vejo o tanto que eu odeio a paixão. Só é inevitável que ela aconteça. Voltando, eu tive quatro namorados e dois grandes amores. Homens incríveis, inesquecíveis, que eu vou admirar e amar para sempre – agora na minha forma mais evoluída de amor. Amar é bom, dá segurança, te enriquece, te faz crescer. É o que sempre digo: namorar é construtivo. Recomendo. Mas tem que ser com quem a gente ama de verdade, porque, se não, a gente vai se minguando, minguando, até obscurecer.
Eu não acredito em alma gêmea. Até porque, para mim, podemos viver vários amores ao longo da vida. Porque o amor é à pessoa, ao ser humano, então, não tem essa de que só se ama uma vez na vida. Para mim, é balela, mas respeito quem pensa diferente. Sempre que eu terminei um namoro, eu sofri muito, por mim ou pelo outro (mesmo quando fui eu que terminei). Rompimentos são sempre sofridos, tristes e frustrantes, mas acontecem.
Hoje vivo a vida cheia que tenho, com amigos, amores, gatos, trabalho, trabalho, trabalho e o muay thai, minha paixão há quase três anos. Acho que vou amar de novo, mas não tenho pressa para isso nem exijo que aconteça. Apenas acho que vai acontecer. Sou amorosa, sensível e tenho fé nas pessoas, até demais. Sempre vou acreditar no que você fala, por isso caio em todas as piadinhas idiotas. Sou uma menina feliz, acho que é isso. Que carrega um leve traço da inocência visível da criança que foi no passado. A esse ponto de ignorância meu, não renego. Vou encerrando por aqui, porque este texto é apenas uma curta biografia. E já passou da hora de terminar.

(*) Para o Léo.