A tudo o que virou hipótese para mim
e a tudo para o qual virei hipótese,
deixo um "se" inquiridor.
Pensar junto, às vezes, é melhor que pensar sozinho. Há ocasiões em que a gente pensa e sente vontade de compartilhar o pensamento com alguém. Por isso, então, pensaremos juntos! Para dividir ideias, emoções e pensamentos.
segunda-feira, 11 de agosto de 2014
O homem do livro
Escolheu para extensão de seu corpo o livro. Para onde quer que vá ou com quem quer que converse, é esse o objeto que ele leva consigo. Chegue à casa dele, para uma visita. Em algum momento, ele vai trazer um livro para a conversa, falar de alguma curiosidade que encontrou no texto ou até vai ler para você uma passagem que considera importante e, por isso, merecedora de ser dividida com outros.
O homem do livro, em tempos de mundo virtual, aldeia global, não escolheu nada midiático para interagir. Sua extensão é o livro. O que talvez até seja uma pena, porque o homem do livro acumulou tanto conhecimento ao longo de sua vida que seria rico que outros, por meio das redes sociais, pudessem ter acesso a essas tantas e tantas histórias.
O homem do livro se interessa por história, literatura, religiões, genealogias, ciência, astronomia, quadrinhos, filmes, música. Não só se interessa, pesquisa a respeito de tudo o que lhe interessa. Pesquisa, lê e escreve. Com a internet, descobriu que pode adquirir mais livros, de edições diferentes, antigas, obras com as quais teve contato na infância e muitas outras. A internet lhe abriu muitas portas de pesquisa, mas o papel continua sendo seu mundo preferido.
Ele nunca saiu de seu país, mal gosta de sair de sua casa. E não sente falta de descobrir outras paisagens. Pelos livros, fez viagens até mais longas e enriquecedoras que as que fazem os que caem na estrada. Para ele, lhe basta ter nas mãos Machado, Rosa, Alves ou os muitos outros que ele admira.
O homem do livro é meu pai. Uma pessoa de nome diferente, inventado pelo pai dele. Tímido, o homem do livro tem até um pouco de vergonha de seu nome, preferiria se chamar José, para não ser notado. Apesar do amor pelos livros, nunca se descuidou dos deveres: trabalhar, cuidar da família, passar valores, detalhes que foram tão importantes para a formação do nosso caráter, que fizeram com que nossa família se mantivesse unida, firme, mesmo com nossas tantas diferenças.
Eu não me lembro de não ter visto meu pai com um livro na mão em pelo menos um momento de nossos encontros ou da vida que dividimos. Pequena, eu o via por horas e horas diante do armarinho recheado de livros. Foi sua primeira biblioteca. Hoje são muitos mais livros, e ele continua incansavelmente lendo e alimentando, com isso, sua impressionante memória.
Se eu gosto de ler, escrever, pesquisar, ouvir histórias e músicas, saber mais de história, ter um pouco de senso de justiça social e de humanidade, se eu sempre busquei ter mais conhecimento, devo isso, em muito, ao meu pai, o homem do livro. Se a vida tivesse lhe dado as oportunidades que ele e mamãe me permitiram ter, tenho certeza, o homem do livro teria sido um melhor jornalista, historiador (ou professor de história) e revisor que eu fui ou tenho sido. Porque é nato tudo isso no homem do livro, um intelectual à moda antiga.
Homem do livro, feliz Dia dos Pais! Obrigada por ter sido minha primeira referência intelectual. Isso moldou todo o meu caminho.
O homem do livro, em tempos de mundo virtual, aldeia global, não escolheu nada midiático para interagir. Sua extensão é o livro. O que talvez até seja uma pena, porque o homem do livro acumulou tanto conhecimento ao longo de sua vida que seria rico que outros, por meio das redes sociais, pudessem ter acesso a essas tantas e tantas histórias.
O homem do livro se interessa por história, literatura, religiões, genealogias, ciência, astronomia, quadrinhos, filmes, música. Não só se interessa, pesquisa a respeito de tudo o que lhe interessa. Pesquisa, lê e escreve. Com a internet, descobriu que pode adquirir mais livros, de edições diferentes, antigas, obras com as quais teve contato na infância e muitas outras. A internet lhe abriu muitas portas de pesquisa, mas o papel continua sendo seu mundo preferido.
Ele nunca saiu de seu país, mal gosta de sair de sua casa. E não sente falta de descobrir outras paisagens. Pelos livros, fez viagens até mais longas e enriquecedoras que as que fazem os que caem na estrada. Para ele, lhe basta ter nas mãos Machado, Rosa, Alves ou os muitos outros que ele admira.
O homem do livro é meu pai. Uma pessoa de nome diferente, inventado pelo pai dele. Tímido, o homem do livro tem até um pouco de vergonha de seu nome, preferiria se chamar José, para não ser notado. Apesar do amor pelos livros, nunca se descuidou dos deveres: trabalhar, cuidar da família, passar valores, detalhes que foram tão importantes para a formação do nosso caráter, que fizeram com que nossa família se mantivesse unida, firme, mesmo com nossas tantas diferenças.
Eu não me lembro de não ter visto meu pai com um livro na mão em pelo menos um momento de nossos encontros ou da vida que dividimos. Pequena, eu o via por horas e horas diante do armarinho recheado de livros. Foi sua primeira biblioteca. Hoje são muitos mais livros, e ele continua incansavelmente lendo e alimentando, com isso, sua impressionante memória.
Se eu gosto de ler, escrever, pesquisar, ouvir histórias e músicas, saber mais de história, ter um pouco de senso de justiça social e de humanidade, se eu sempre busquei ter mais conhecimento, devo isso, em muito, ao meu pai, o homem do livro. Se a vida tivesse lhe dado as oportunidades que ele e mamãe me permitiram ter, tenho certeza, o homem do livro teria sido um melhor jornalista, historiador (ou professor de história) e revisor que eu fui ou tenho sido. Porque é nato tudo isso no homem do livro, um intelectual à moda antiga.
Homem do livro, feliz Dia dos Pais! Obrigada por ter sido minha primeira referência intelectual. Isso moldou todo o meu caminho.
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