domingo, 24 de março de 2013

De casa e paixões

Mesmo quando se resiste a ela, como é o meu caso, tem hora que é difícil não reconhecer o quanto a paixão é importante. Aí, quando a gente fala de paixão, vem todo o mundo pensando em relacionamento afetivo, mas nem sempre é disso que se está falando. Agora mesmo estou falando de uma paixão diferente. É pela minha casa. Já tinha tempo que não me sentia apaixonada por ela. Fiquei um tempo distante, convivendo com ela como se fosse mesmo um hotel. Era, para mim, algo mais funcional: meu abrigo, meu descanso, meu recanto. Só isso. Fiz umas mexidinhas nela e a redescobri. Ando mais cuidadosa, mais atenta e mais caprichosa com a casa, querendo que ela fique sempre aconchegante para mim, sempre me recebendo bem. E, então, eu percebi que, para que eu me reapaixonasse pela casa, precisei fazer algo diferente, sair do cotidiano, do convencional, inventar algo. A reflexão cai para outro lado a partir disso, sobre paixão mesmo. Ela é uma coisa difícil porque precisa de novidade, e não é tão fácil assim se reinventar a cada dia. Com o passar dos dias, das horas, dos momentos e da vida, a gente vai deixando de pensar na paixão e de cuidar dela, porque é um bicho mal-acostumado, caprichoso e mimado. Talvez por isso a gente a perca com tanta facilidade, sem perceber. Dá trabalho, muito, mas, quando existe, é bom.