quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Despida

Dentro do copo, o gelo. Batendo de lá para cá, de cá para lá. Dentro de mim, era o coração. Acelerado. Não era tum-tum-tum. Era tumtumtum. A mão entregou.

domingo, 2 de setembro de 2012

Âncora

Nem sempre o pesar por um desencontro do passado é por pensar que a vida seria diferente se um evento tivesse acontecido de outra forma. Tem várias coisas na minha vida que eu gostaria que não tivessem acontecido e aconteceram e outras que eu gostaria que tivessem acontecido e não aconteceram. Mas não vejo nenhuma delas como algo determinante para que minha trajetória fosse outra. Acho que minha vida sempre dependeu muito mais de mim que da ação dos outros. Eu tenho pesar por esses desencontros pela dor que eles causaram ou causam ainda. Nunca porque queria que minha vida tivesse tomado outro rumo. Tenho a vida que eu queria ter. Faço o que gosto, tenho bons amigos, uma família unida e amorosa, um cantinho, dois gatinhos e outros enfeites cotidianos. Até hoje, é assim. Me sinto realizada, o que não quer dizer estagnada nem que eu não queira que mais nada aconteça. Quero que muito aconteça. Que tudo aconteça. Falo isso tudo pensando no texto do Contardo Calligaris, "Pentimentos" (vou colocar o link abaixo). Acho que os "pentimentos", uma forma de arrependimento, que se traduz em uma apego ao passado - além do seu significado artístico com relação às obras de arte -, são inevitáveis, mas não têm de ser carga na nossa vida. É parte da nossa vida, mas não uma carga. Não é tão difícil se conformar com isso. Ter o pentimento como lembrança ou como possibilidade de ação para melhorar uma situação é bom, mas nunca para servir como âncora. Da âncora, a gente se solta, com maçarico, serra, alicate, com o que for, e a deixa afundar sozinha. Segue o link do texto: http://sergyovitro.blogspot.com.br/2011/12/contardo-calligaris-pentimentos.html

Engano?

Mundo estranho este mundo, em que eu escuto todos os dias: "você tem de ser menos educada com as pessoas". Eu achava que era o contrário.

Alegria

Você chegou tão rápido. Eu ainda estava enxugando as lágrimas. A última delas, foi você quem secou.

Tabu

Sou eu quem foge de você ou é você quem foge de mim? Até quando prolongar este tabu?

Pedra repetida

Queria entender como acontece isso. Esta pedra repetida no meu caminho. Toda vez que começo a andar, ela aparece. Aparição. Vem e vai num segundo. Mas, aí, já me atrapalhou no meu lento movimento de andar. Eu me curvo e a retiro, já sabendo que, em breve, vou encontrá-la de novo. Acabo concluindo que, um dia, se eu não topar com a pedra repetida mais, vou sentir falta.