quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Um certo Bené


Se tiver lido os textos anteriores, você deve se lembrar de quando falei sobre um homem, o Bené da Flauta, lá de Ouro Preto, que há algumas décadas se dizia "traficante de ideias". Se não tiver lido, tudo bem. Já está explicado. Pois é, naquele texto, eu disse que iria pensar mais sobre o autotítulo de "traficantes de ideias" que Bené da Flauta se dava. Tenho tentado pensar sobre isso, mas confesso que está sendo difícil destrinchar o significado. O traficante é um sujeito que compra e vende coisas por "debaixo dos panos", não é mais ou menos isso? Será que o traficante de ideias pega e distribui ideias e pensamentos sem o consentimento? Será que é isso que ele queria dizer em suas palavras? Se for, acho que todos temos um pouco disso.
Quantas e quantas ideias não "pegamos" por aí todos os dias... Hoje mesmo, na minha sinuca semanal com minha amada Márcia, conversamos tanto e tantas ideias foram de lá para cá. Tantos devaneios femininos e humanos. E, assim, durante todo o dia. Dessas ideias que tenho, quantas não são "pêgas" sem consentimento por outras pessoas? Mas será que, para a gente pegar as ideias, precisa de consentimento? A não ser que sejam ideias rentáveis e patenteáveis ou coisa parecida, acredito que as ideias estão no ar, soltas para quem quiser pegar. Ou seja, é uma "mercadoria" que não tem moeda de troca, a não ser um bom papo ou uma atenta observação.
Gosto, então, de ser "traficante de ideia", como o Bené da Flauta. Gosto de me sentir livre para ouvir e ser ouvida. Não quero, nesse mercado, estar lícita, quero cometer os desvios que nos permitem a troca de ideias.
Agora, estou aqui imaginando quais eram as ideias que Bené da Flauta traficava. Deveria ser um espetáculo único vê-lo caminhando pelas ruas de Ouro Preto praticando seu tráfico. Mas são coisas que nosso mundo, de tão pouca memória, não deve ter guardado ou pode até ter guardado, mas em pequeníssimas proporções.
De qualquer maneira, Bené da Flauta, valeu pela mensagem deixada. Essa eu acho que irá ficar ainda por um bom tempo espalhada pelo ar, como as ideias que você traficava. Pela Internet, soube um pouco mais de você e até achei uma foto sua para mostrar para quem visitar o blog. E, nessa pesquisa, achei mais uma de suas intrigantes frases: "Assim sim, mas assim também não. Essa vida é mesmo assim, quem é muito no começo, chora saudades no fim". Terei que fazer mais pensamentos sobre você, Bené. Traficar mais ideias. Mas acho que eu gostaria muito de ter te conhecido...Pena que nosso encontro só se deu agora, quando não é mais possível traficar ideias com você.
*** A foto foi retirada do site www.benedaflauta.com.br. É de um restaurante no Centro Histórico de Ouro Preto

PS: Só uma observação para quem não está acompanhando o novo Português. Não escrevo ideia sem acento por erro de digitação, mas para me enquadrar no Novo Acordo Ortográfico. Tenho que fazer esse exercício todos os dias. As novas regras já estão me exigindo mais atenção com a nossa língua pátria.

4 comentários:

  1. Vamos traficar ideias sempre amiga!!!! Consensualmente!!!!!!!!

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  2. Pena que não posso traficar ideias com vocês sempre, porque realmente tenho que garantir o dinheiro do cigarro e do lanche no bolso... Mas isso poderá ser feito intensamente no fim de semana frenético que teremos em sete dias.

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Com certeza, todos somos traficantes de ideias. Traficante é aquele que compra, vende e troca coisas por "debaixo dos panos". Praticamos esse ato "ilícito" o tempo todo.

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