As pessoas hoje andam olhando para baixo. Eu estava longe, viajando, e vi que o comportamento se repete em todo canto: ruas, metrôs, ônibus, avião (antes da decolagem), mesa de bar... Olham para seus supertelefones, cheios de recursos, conectados às redes sociais.
Não olham mais no olho, não conversam olhando no olho, observando os gestos, as expressões, os sorrisos. Conversam só com o ouvido e a fala, sem o olhar, a observação, que diz tanta coisa. Perdem com isso, muitas vezes, as coisas mais importantes do encontro. Veem menos, mas se contentam com isso em favor do que está no supertelefone.
Deixam de ver um olhar de afeto, de surpresa, de carinho, de frustração, de expectativa. Em uma viagem de trem, uma moça à minha frente passou três horas olhando para baixo, para o celular... E, do lado de fora, havia paisagens lindas, lindas, que ela não viu. Não sei se um dia ela vai passar por lá de novo, mas, naquele dia, com aquele sol, ela não viu. Isso é só um exemplo. Uma pena. A vida oferece tanto para que a gente a veja somente pelo retângulo de um supertelefone...