segunda-feira, 28 de outubro de 2013

De beleza e flor

Flores que não são lá tão bonitas também deixam lições. Dentro delas, há vida, há um esforço, há um sopro. Ainda que não sejam belas, lutam pela existência. E, nessa luta diária, compõem o lugar em que estão (estou eu, está você). É só procurar a beleza. Onde você a procura?

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Escolhido

Poderia ter nas mãos um, dois, três, múltiplos caminhos. Qualquer um deles daria em destinos inesperados, por mais que fossem previsíveis. Para traçar qualquer deles, teria de abrir mão de outro, outros ou de nenhum. Mas sempre teria que, inevitavelmente, escolher. Aquela palavra com quem brigou por toda a vida. Não queria voltar a ela. Escolher. Se não escolhesse, não deixaria de ser uma escolha. Havia como fugir? Não, não havia. E, na sua dúvida de sempre, deixou a escolha escolhê-lo.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Curta biografia*

Meu nome é Cláudia, mas eu gosto tanto do apelido que recebi há alguns anos que o uso para me apresentar. Então, recomeço: meu nome é Claudinha. Nasci em 29 de maio de 1980. Minha mãe teve parto normal e custou a me segurar. Eu queria muito chegar a este mundão. Ainda fico procurando os motivos para isso, já encontrei vários, mas acho que vou encontrá-los pelo resto da vida. Foi em uma maca que eu nasci. Às vezes, fico imaginando o desespero da minha mãe ao tentar ficar me segurando, com a mão mesmo, no trajeto, dentro do carro, da nossa casa ao hospital. Sufoco. Desde o início, eu dei trabalho para ela por causa do meu jeito “independente” de ser.
Tenho dois irmãos, uma mulher e um homem, o homem é o mais velho, e eu, a caçula. Fomos criados de forma humilde, simples, sem nenhum tipo de luxo, mas em uma casa cheia de valores. E muitas brigas também. Aprendemos com as brigas, com os muitos “nãos” que recebemos. De maneira alguma, somos pessoas que não se conformam em não ter. Aprendemos a gostar de animais, crianças e natureza e a respeitar as pessoas mais velhas e as que têm deficiências – físicas ou mentais. Como meus pais têm crenças religiosas diferentes, e por isso sempre brigaram, tivemos de aprender muito cedo o conceito de “tolerância religiosa”, mesmo sem saber direito o que era. E, assim, crescemos e nos tornamos pessoas do bem, honestas, trabalhadoras, justas e amorosas. Devo isso aos meus pais, eternamente, devo.
Me formei jornalista. Me formei em História. Me formei revisora. Tenho obsessão por aprender. Queria ler todos os livros do planeta e já sofro pensando que jamais conseguirei isso. Droga! Outra paixão que tenho é fotografia. Fiz cursos e ainda quero me profissionalizar, assim como quero ser professora um dia. Eu tenho gosto de ir passando para frente tudo o que acho interessante (como se o que é interessante para mim fosse para o outro também). O que vale são as tentativas que a gente faz para promover o bem. É ou não é?
Eu odeio ser dona de casa, mas fiz essa escolha há sete anos. Até hoje, não sei bem o motivo, mas fiz. Sofro por ter de cuidar da casa, arrumar as coisas, etc. Eu não gosto. Já disse mil vezes que não nasci para ser dona de casa, mas vou levando. Conto com a ajuda de uma faxineira, uma vez por mês apenas. No resto, tenho de ir me virando. O que me ajuda é que, durante toda a nossa infância e a nossa adolescência, nossa mãe ficou muito fora de casa, para fazer as coisas em que ela acreditava. Então, aprendemos a cozinhar, arrumar a casa, lavar e passar roupa, dar faxina, olhar o trabalho dos pedreiros e pintores, atender as pessoas na porta de casa, atender os telefonemas e tentar resolver os problemas que nem eram da nossa competência. Foi bom nesse ponto, apesar de termos sentido muito a falta da nossa mãe conosco. Hoje eu a entendo perfeitamente.
Dentre os meus livros preferidos, estão os de história, os biográficos, os livros-reportagem, os de literatura em geral – mas sou chegada a um drama –, os de ficção científica. Deveria ler mais poesia, acredito. Adoro assistir a filmes e ir ao teatro. Ouvir música. Não gosto de comédia em geral, mas já rachei de rir com filmes que nem eram tido como tão engraçados, como “Esqueceram de mim” e “Os trapaceiros”. Meio estranho. Música está na minha alma, nas minhas falas, nos meus gestos, nos meus pensamentos, nos meus textos. Eu não seria nada se não fosse a música. A música brasileira é minha diva inspiradora. É o que está na minha formação musical. Hoje corro atrás de um aprimoramento em música estrangeira – é coisa que nunca entrou muito lá em casa. Espero conseguir suprir esse deficit um dia.
O amor eu vejo como uma coisa simples, idiota, que vive dando trabalho nas pessoas. Todo mundo complica aquilo que é o básico, que nasce com a gente. A gente nasce e vai para o colo da pessoa que mais vai nos amar na vida, independentemente de quem você vai conhecer no futuro. Amor de mãe é insuperável. E isso eu nem discuto (claro que não estou considerando as exceções). Com isso, acho que é primeiro sentimento que a gente experimenta. E é o que vai com a gente para o resto da vida.
Já tive quatro namorados e muitas paixões. Cada vez que me apaixono vejo o tanto que eu odeio a paixão. Só é inevitável que ela aconteça. Voltando, eu tive quatro namorados e dois grandes amores. Homens incríveis, inesquecíveis, que eu vou admirar e amar para sempre – agora na minha forma mais evoluída de amor. Amar é bom, dá segurança, te enriquece, te faz crescer. É o que sempre digo: namorar é construtivo. Recomendo. Mas tem que ser com quem a gente ama de verdade, porque, se não, a gente vai se minguando, minguando, até obscurecer.
Eu não acredito em alma gêmea. Até porque, para mim, podemos viver vários amores ao longo da vida. Porque o amor é à pessoa, ao ser humano, então, não tem essa de que só se ama uma vez na vida. Para mim, é balela, mas respeito quem pensa diferente. Sempre que eu terminei um namoro, eu sofri muito, por mim ou pelo outro (mesmo quando fui eu que terminei). Rompimentos são sempre sofridos, tristes e frustrantes, mas acontecem.
Hoje vivo a vida cheia que tenho, com amigos, amores, gatos, trabalho, trabalho, trabalho e o muay thai, minha paixão há quase três anos. Acho que vou amar de novo, mas não tenho pressa para isso nem exijo que aconteça. Apenas acho que vai acontecer. Sou amorosa, sensível e tenho fé nas pessoas, até demais. Sempre vou acreditar no que você fala, por isso caio em todas as piadinhas idiotas. Sou uma menina feliz, acho que é isso. Que carrega um leve traço da inocência visível da criança que foi no passado. A esse ponto de ignorância meu, não renego. Vou encerrando por aqui, porque este texto é apenas uma curta biografia. E já passou da hora de terminar.

(*) Para o Léo.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Amigo papel

Eu escrevo porque não me aguento em mim. Não me aguento em meus pensamentos. Vou escrevendo para dizer o que não sai da cabeça. E aquilo que ninguém quer ouvir. Papel, você é meu amigo. Você aceita tudo o que preparo para você. Mas não me basta. Passar aqui o que me vem por dentro ainda não me basta. Existe em que escrever com mais decisão, com mais intensidade. Onde colocar meu desabafo? Escrevo, escrevo e continuo não me aguentando em mim.

Dobras

Dobro, me desdobro. Não encontro a forma. Vago sem saber. Qual dobradura escolher? As verdades estão entre as dobras. Tantas dobras me doem a coluna. Não encontro a linha reta. Vivendo no sinuoso sem encontros.

E então?

É sintoma quando falar é difícil
Expressar é impossível
Chamar é temeroso
Querer é incontrolável
Prever é inevitável
Agir é não saber como

Das coisas em que a gente não acredita

Das coisas em que a gente não acredita. Não acredita porque não quer, por pensar ou querer que tudo dure para sempre, inclusive as dores. Mas não, elas não são eternas. Nem as nossas lembranças ou o peso que elas trazem. Dia após dia, você vai vendo que tudo vai ficando para trás e aquilo que pensou ser eterno vai de dissipando, como nuvens. Então, por mais batido e lugar comum que seja, a palavra básica e certeira é "passa". Passa, sim, seja o que for. E um dia você vê que todo aquele peso que você levava anos a fio nas costas não está lá mais. Você até acha estranho estar tão leve. Mas está. É o inegável. Não sofra. Passou porque era para o bem seu, dele, dela, de todos. Mas virão outros carregamentos. Sim, virão. Hoje eu sou essa mulher sem pesos nas costas. Estou pronta, preparada para os novos carregamentos. Que venham!

Força, moça!

Não se sinta, moça, na frigideira. Não se toste, não se esquente. Você pode até estar nela, mas se coloque num balde de gelo. Vai ser estranho, mas vai passar. Não se queime, moça. Essa frigideira não pode ser mais que você. Ela não é mais que você.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Folhas

Eu sinto folhas batendo em meu rosto. Às vezes, queria que fossem folhas mais pesadas, para que eu sentisse mais o impacto delas na minha vida. Elas passam junto ao vento frio. Fazem uma pequena cócega, eu as tiro com um pequeno espalmar das mãos. Deixam a impressão do frio, assim como o vento que as leva. São tão leves que eu as esqueço quase imediatamente. Passam, e eu fico, à espera de uma forte tempestade, de uma nevasca talvez.

terça-feira, 4 de junho de 2013

Engodo

E é em dias inesperados, incalculados e impensados que eu me dou conta do quanto minha vida sempre esteve nas suas mãos. Autonomia, apenas uma ilusão ou uma falsa sensação.

A um anônimo

Dois ímãs. Desconcertantes. Dois ímãs.
Não tenho outras palavras para melhor falar dos seus olhos.

domingo, 5 de maio de 2013

Silenciossó

Acorda, toma café. Sai.
Passa pelo elevador. Vai.
Caminha pela rua. Cai.
Chega.
Prende o dedo na gaveta. Ai.
Pensa, então, que enfim ouviu a própria voz.

domingo, 28 de abril de 2013

Analinda

Ana, o que eu queria te dizer e não pude ou nunca pensei em dizer antes é que você era muita vida.
Que a morte não combina com você.
Que era bom te encontrar nas festas.
Que você passava uma doçura na voz, no olhar e no sorriso que poucas vezes eu vi em alguém.
Que você era extremamente querida.
Que você fez falta no último encontro da nossa turma, ao qual você não pôde ir.
Que eu tinha um carinho especial por você desde que sua irmã foi embora, tão precocemente quanto você.
Que você era muito, muito bonita.
Que eu torcia por você.
Que eu queria ter aproveitado mais seu tempo neste plano, o tempo que você ficou com a gente.
Que eu achava bonitas as coisas que você postava.
Que eu achava também bonito o carinho que você tinha com sua família.
Que você tinha um astral bonito, fazia bem ficar perto de você.
Que eu lamento por não ter ficado um dia numa festa em que você estava e que minha amiga estava indo embora e você disse: "fica com a gente, Claudinha". Eu não fiquei e perdi algumas horas ao seu lado. Mas eu não sabia que aquelas estariam entre as últimas horas que eu teria com você. E eu lamento tanto por isso, por não ter ficado. Lamento tanto. Me desculpa? É nessas horas que a gente quer ter o dom do Super-Homem, de voltar o planeta, para voltar o tempo. Se tivesse algum jeito, Ana querida, eu não iria perder essa chance que você me deu. Não perderia jamais.
Também queria dizer que eu não esperava nunca ter de me despedir de você tão rapidamente.
Que foi uma pena, uma pena, uma pena tão grande que eu não consigo expressar, você ter ido embora.
Que o mundo perdeu doçura após a sua partida.
Que, quando eu penso nos anos de convivência que tivemos, nunca consigo me lembrar de uma imagem sua que não seja uma doce imagem.
Que, depois de ver que era verdade a sua partida, eu comecei a acreditar que "os bons morrem cedo". E eu comecei a sentir medo de perder outros bons que fazem parte da minha vida.
Ana, eu estou com medo. Não quero mais me despedir dos bons.
Nós perdemos muito.
Perdemos uma presença de luz.
E isso dói.
Uma pena, Analinda, uma pena.
Eu não sei o que tem depois ou se tem depois, mas eu quero pensar que você ficou bem, qualquer que seja a maneira. Você não merece menos que isso.
Eu te dou adeus, Analinda, ainda sem acreditar, porque morte não combina com você.

Decifra-me jamais

Entre tantas explicações que a gente fica buscando para o inexplicável, a explicação para a razão das despedidas, para mim, é uma das mais difíceis de encontrar. Alguém pode até me dizer que é para a delícia do reencontro. Mas e quando não há reencontro? Ou quando pelo menos a gente não tem aquela fé no reencontro?
Há despedidas e reencontros ao longo de toda a vida. Os que creem em alguma religião pensam, ainda, em um reencontro após a partida definitiva deste plano. Mas e nós, que não temos credos, como ficamos nessas circunstâncias? Eu não sei. Eu lamento não saber. Isso prolonga a minha dor a cada despedida definitiva. A cada olhar que deixa de se abrir. Nessas horas, eu sei, a religião ajuda, mas não é digno comigo mesmo (ou consigo, que tem as mesmas questões que eu) ter uma crença para ter um conforto com relação às angústias insolucionáveis.
Os mistérios da vida e os da morte se convertem em signos indecifráveis. É preciso se acomodar a eles. Mas a cabeça lateja, pergunta, questiona. Não aceita. Não aceitar é um muro. Querer ter a compreensão de tudo e sobre tudo é outro muro. Há muros que conseguimos saltar. Outros, não. Para sempre.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Verde, siga

E veja o que a vida virtual criou: uma sociedade de ansiosos, esperando uma bolinha verde no canto de uma tela qualquer. Pessoas e contatos que se resumem a uma bolinha verde. Frustrações que se resumem à bolinha cinza.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Reconhecimento

De longe, uma pequena inveja.
Que olha, despeitada.
Junto ao irmão egoísmo, fala alto.
Grita mais que a admiração e o querer bem.
Inveja de quem tem acolhida.
Afago.
Bem-querer.
E poucos maus-tratos.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Mal, bem mal

Sinto um cheiro ruim no ar, cheiro de superioridade. Daqui, dacolá, por qualquer pretexto, neste momento, alguém está se sentindo superior a alguém. E isso não faz bem ao nosso pobre mundo.

Vida e carnes

Não me importa se as vitrines estão cheias. Pedaços de carne não são vidas. Aliás, as vitrines cheias de pedaços de carne, ou o que julgam ser, são um sinal de que não há vida.

domingo, 24 de março de 2013

De casa e paixões

Mesmo quando se resiste a ela, como é o meu caso, tem hora que é difícil não reconhecer o quanto a paixão é importante. Aí, quando a gente fala de paixão, vem todo o mundo pensando em relacionamento afetivo, mas nem sempre é disso que se está falando. Agora mesmo estou falando de uma paixão diferente. É pela minha casa. Já tinha tempo que não me sentia apaixonada por ela. Fiquei um tempo distante, convivendo com ela como se fosse mesmo um hotel. Era, para mim, algo mais funcional: meu abrigo, meu descanso, meu recanto. Só isso. Fiz umas mexidinhas nela e a redescobri. Ando mais cuidadosa, mais atenta e mais caprichosa com a casa, querendo que ela fique sempre aconchegante para mim, sempre me recebendo bem. E, então, eu percebi que, para que eu me reapaixonasse pela casa, precisei fazer algo diferente, sair do cotidiano, do convencional, inventar algo. A reflexão cai para outro lado a partir disso, sobre paixão mesmo. Ela é uma coisa difícil porque precisa de novidade, e não é tão fácil assim se reinventar a cada dia. Com o passar dos dias, das horas, dos momentos e da vida, a gente vai deixando de pensar na paixão e de cuidar dela, porque é um bicho mal-acostumado, caprichoso e mimado. Talvez por isso a gente a perca com tanta facilidade, sem perceber. Dá trabalho, muito, mas, quando existe, é bom.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Alerta

Essa insistente mania tentativa obsessão de querer consertar o mundo ainda vai dar em um grande estrago. Em você mesmo.

terça-feira, 5 de março de 2013

Conclusão

Com raiva, concluo que sinto raiva ao perceber que existe uma vida longe e independente da minha. Confesso minha irritação.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Pegue o seu amor

Vem aqui, me dá a mão.
Dentro de mim, tem amor para mim, para você e para quem mais quiser.
Vem aqui, me dá a mão.
Tem amor de sobra.
Está até transbordando e já não sei o que faço com tanto amor.
Vem aqui. Vem, vem sem se preocupar.
Sim, estou oferecendo. Pode pegar, é à vontade.
Olha, agora eu até estiquei a mão. Está mais fácil de pegar.
Não se acanhe. Para mim, não vai faltar.
E, se você aceitar, para você, também não.

Escondido

Está bom. Aparentemente, está bom. Um dia, porém, a pontada no peito. Um incômodo, na chegada ou na saída, para lembrar que não está bom, que não se tem nada. Ou, se tem, não é o suficiente para o coração ou para a mente ou para o tudo, que clama por muito mais. E você percebe que a vida rasa é somente rasa perto do eu profundo e do querer que não tem tamanho.

Mutação

Por pura proteção, o pensamento feminino, tão bonito, vai se masculinizando. Não que o masculino não seja bonito também. Mas não é o feminino. Este? Este se vai, tornando-se raro nas esquinas.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Sonho

Senti saudade, e meu conforto veio no sonho. Foi bom te ver lá. Perto, bem perto. E perto também estavam as barreiras reais. Elas também mataram saudade. Não deram descanso no inconsciente. Ali, a lembrar a indesejável existência delas. Existem na vida, existem nos sonhos.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Menos que pela metade

Ter muita fome e comer uma folha de alface. Ter sede e molhar os lábios com uma gota d'água. Ter frio e ver de longe uma fogueira. Ter cansaço e ficar dois minutos na cama. Querer dizer "eu te amo", mas só dizer "gosto muito de você". Abraçar quando se quer beijar longamente. Ser cordial e educado quando se quer dar uma demonstração arrebatadora e intensa. Ter vontade e não conseguir matar ou apenas chegar ao quase matar. Tudo pouco quando é muito o que se quer. E é assim, a vida cortada.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Tchau!

Ele existia até ontem, há poucas horas. Agora já é velho. 2012 se despediu. Deixou seu bebê, o 2013, para o mundo. Para o mundo acreditar de novo, começar de novo, iniciar projetos de novo. Velho, meu amigo, você se foi, mas vejo que não deixou muita saudade, como tantos bons velhinhos deixam quando partem para outra caminhada. Você morreu, e muita gente vibrou com isso. Me desculpe, mas acho que eu também vibrei um pouco. Não reclamo exatamente de você, mas é que eu talvez estivesse ansiosa para sentir isso que o novo ano traz: esperança. E, se virar o ano é uma forma de reativá-la, viremos!
O que aconteceu com 2012 que foi tão recriminado? Não sei. Talvez as mentes estivessem vivendo com a esperança de que o mundo acabasse ao longo de 2012 (será?) e não foram mentes para o outro, para o bem. Quem sabe... Mas é difícil de acreditar que uma crença, uma aventura mistica tenha tido tanta influência assim sobre o mundo. Vai saber. Sei é que 2012 não deixou saudade. E isso, sim, é um fato.
Eu digo que posso ser injusta. Não foram pontos práticos que me deixaram um pouco mal com você, 2012, foram subjetivos. Na vida prática, aliás, nunca tenho do que reclamar. Tudo corre bem. Mas, do ponto de vista subjetivo, acho que ficou, sei lá, uma aura ruim, cerca negatividade, um peso, coisas assim, que vão puxando a gente para baixo, que desestimulam, que matam a vontade, a alegria, o crer. E aí é que não pode.
O que queria eu fiz: viajei, me diverti, trabalhei, sorri, estive com amigos, família, paisagens, animais, natureza. Tive encontros e desencontros. Ufa, foi o ano dos desencontros, e de todos os tipos. Credo! Coisas que me faziam até perder um pouco da crença que eu sempre tive, de que as pessoas são mais boas que ruins. Só que passou, e eu volto a acreditar nisso, com convicção. Porque é isso o que eu vejo na maioria dos meus dias e na maioria das minhas relações.
Vá, vá embora, 2012! Deixe o novo ficar. Novo, novo, novo. Tudo novo é tão bom. Tem cheiro de novo. Cara de novo. É novo!
E eu quero, bebê 2013, que você seja um ano bonito, forte, saudável, que sorria para nós, adultos, e para as crianças, que alimente as esperanças. Que faça mesmo a gente ser melhor, que seja o início de um novo ciclo, em que o que não é para dar frutos seja mesmo retirado, esquecido, apagado. Que o amor exista em profundidade, em cada segundo. É com amor ao que for e a tudo que a vida tem de ser. É com amor que há vida. Feliz Ano-Novo! E que amemos mais!