Quando soube que estava para estrear um novo filme sobre Che Guevara, fiquei eufórica. Sempre falo abertamente que sou fã dele. Não é febre adolescente. Quando passei a ser fã mesmo de Che, a adolescência já havia passado há tempos. Primeiro, comecei a gostar porque acho ele bonito. Ok, não me olhem torto... É verdade. Acho ele bonito e ponto. Depois, porque, como amo história, estudei a Revolução Cubana e a participação de Che nela. Em seguida, comecei a correr atrás de informações sobre Che e, assim, foi. Fui gostando daquele sujeito, que pode até ter sido frio e violento em muitas situações, mas correu atrás do que acreditava.
Já tinha ficado feliz com o filme "Diários de motocicleta", de 2004, dirigido por Walter Salles e que tem Gael García Bernal no papel de Che. Achei muito bom, mas coloca o argentino revolucionário como quase um santo. Não gosto dessas coisas, nem quando se trata de Che Guevara. Acho que, por isso, gostei mais de "Che - O argentino", que acaba de estrear em BH. Dirigido por Steven Sorderbergh e que tem Benicio Del Toro encenando Che, Démian Bichir, como Fidel Castro, e Rodrigo Santoro, como Raul Castro.
Sei que todo mundo tem falado de Benício Del Toro no filme. Também adorei. Achei que ele ficou muito parecido com Che. Tem gente que fala que é igual, mas, como já pesquisei muito sobre Che, vejo muitas, muitas diferenças. Só para ser detalhista, vou falar da protuberância na região frontal, acima da sobrancelha, que Che tinha e Benício não tem. Rs. Brincadeiras à parte, reconheço que a figuração feita no Benício ficou muito boa e que ele representa bem o líder guerrilheiro.
Mas, engraçado como são as coisas, não foi o Benício que me chamou mais atenção no filme. Muito menos o Rodrigo Santoro. Foi Demián Bichir, que fez o papel de Fidel Castro. Ele não aparece muito no filme, mas, quando aparece... destrói (na minha opinião). Nossa, achei excelente, excelente, excelente. Não conhecia esse ator, mas, agora, estou fã dele. Ele fez um Fidel Castro seco, de palavras firmes, voz baixa, que não se exalta e não espera a resposta do ouvinte. Simplesmente fala e, nisso, é obedecido em tudo.
Pela primeira vez, tive noção da importância de Fidel Castro na estratégia dos guerrilheiros para tomar Havana e fazer a revolução. Como muitas pessoas, eu também aumentava a importância de Che Guevara no processo. Quando se vê o filme, o que fica claro é que Fidel era quem ditava as regras, sem quê nem por quê. Che obedecia, como um bom soldado. Impressionante. Até a primeira parte do filme, Che não era o cabeça da estratégia, era submisso às ordens de Fidel, assim como seu irmão Raul também era.
Confio um tanto bom nessa versão porque a supervisão histórica do filme foi feita por um dos maiores biógrafos de Che Guevara, o jornalista norte-americano John Lee Anderson, que pesquisou demais para escrever os livros que escreveu sobre Che e foi um dos responsáveis pela descoberta do local onde estavam enterrados os ossos do guerrilheiro. Ou seja, ele sabe muito mais que eu e 99% dos espectadores de Che Guevara!
Agora, aguardo para ver a continuação. É. O filme, na verdade, tem quatro horas. O que estreou foi só a primeira parte. A segunda, "Che - A guerrilha", ainda não tem data para estrear. Um pouco de paciência, já que, em BH, a primeira parte só estreou um mês depois de RJ e SP.
Como falei pouco de Benício/Che, vou dar um espacinho aqui para ele. Achei interessante a forma como o diretor traz o guerrilheiro. Primeiro, como médico interessado em mudar uma situação que não estava boa para ninguém (a ditadura de Fulgêncio Batista, em Cuba, e o mandonismo e exploração dos EUA em cima da ilha). Depois, como alguém que se envolve na causa e se preocupa em organizar, em mostrar que as coisas têm que ser feitas de forma pensada para dar certo. É o homem que pensa na formação social, organizacional e intelectual das pessoas que estão envolvidas no processo da revolução. Depois, como guerrilheiro que não quer sair do front de batalhas por nada.
Tem passagens engraçadas e outras muito interessantes. Chamou a minha atenção a importância que Che dava para a alfabetização. Em um momento em que está recrutando camponeses para a luta, pergunta quem sabe ler e escrever. A minoria sabia. Então, ele fala que um povo precisa saber ler e escrever porque, quando não sabe, é facilmente enganado. Convite para se pensar.
eu já tava a finzão de ver. agora, lendo teu texto, PRECISO ver...rs...
ResponderExcluirbesos
Querido, é uma honra ter vc neste espacinho aqui. Vc nem imagina... Venha mais vezes! Bjos!
ResponderExcluirCláudia, sobre a frase do CHE, eu assisti o filme esta semana e gostei muito, foi a frase que mais me encantou!, como escrevo uma coluna jurídica e política, resolvi colocar a frase como citação final. O detalhe fica para a pesquisa no google da frase, onde encontrei o seu blog. Parabéns, espero que a população goiana também se sinta convidada a pensar.
ResponderExcluirAtt, marcelosarkis@yahoo.com.br
Oi, Marcelo! Que bom receber sua visita por aqui. Veja que, pouco mais abaixo, fiz um texto a respeito de sua terra, de Goiás, mais especificamente, sobre Pirenópolis, que muito me encantou. Aliás, nós (mineiros e goianos) guardamos muitas semelhanças, não? Grande abraço!
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