quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Golpe contra a história

Há tempos, venho ensaiando um texto neste espaço para me posicionar a respeito do processo eleitoral que estamos vivendo. Sou Dilma. Não sou PT. Não é uma questão partidária. É uma questão de constatação. Não apenas derivada da comparação com o período Lula e o período FHC (†), mas também obtida a partir do que estamos vendo no segundo turno desta eleição. Já havia me indignado com o início do segundo turno, com o apelo absurdo feito pela campanha de José Serra à questão religiosa, como forma de desconstruir, denegrir e atingir a imagem de Dilma. Misteriosamente, Serra abafou a questão do aborto depois que saíram na internet depoimentos de ex-alunas da mulher dele, Mônica Serra, que contaram que esta já havia feito aborto no passado e que contava isso nas aulas para as alunas. Defendo e respeito o direito das mulheres de decidirem sobre seu corpo, mas observo que a hipocrisia do Serra foi enorme ao tocar em um tema em que ele mesmo tinha telhado de vidro. Bom, o assunto sumiu um pouco depois disso, mas vieram outras tentativas de ataque à Dilma: ela não está preparada, o PT quebrou o sigilo da Receita para ter acesso a dados da vida de Serra e familiares e, por fim, o cômico episódio da bolinha de papel. Com esse acontecimento, comum em campanhas eleitorais, quando voam materiais para tudo quanto é lado, o tucano quis se colocar na posição de vítima do mundo, vítima do PT. Ah, por favor, senhor Serra, o senhor já é um senhor idoso, deveria ter mais respeito com as pessoas, e não, ficar tentando fazê-las de idiota. Depois de tudo isso, Serra, agora, quer criar uma nova vítima do PT, mas é ainda mais grave o que está querendo fazer. Desde o início do segundo turno, existe uma tentativa desesperada da Folha de S.Paulo, que faz campanha para o Serra, de ter acessos a dados do processo instaurado pelos militares, na época da ditadura, contra Dilma. Claro que não é para falar que ela lutou por uma causa brasileira, que ela tentou mudar um cenário negro pelo qual o Brasil estava passando, que ela e seus companheiros queriam diminuir o sofrimento de muitas famílias. Serra e Folha querem pôr a mão nos documentos para acusar Dilma de bandida, de criminosa. Para dizer que ela agiu contra os princípios morais e as leis em vigor. Quem, neste caso, seria a vítima? O pobre regime militar, que tinha que ficar controlando os envolvidos na luta armada, aqueles subversivos. Não sei se a Folha vai conseguir publicar o material que quer até o dia da eleição. Não sei de que forma vai publicar e como a Dilma vai se defender. Mas o que posso dizer é que, como jornalista, me sinto envergonhada de ver jornalistas, um jornal inteiro, envolvidos em tanta lama. Colocar a ditadura como vítima? Isso é uma distorção histórica. Como licenciada em História, sinto que é uma tragédia esse tipo de abordagem. Queimem todos os livros e enterrem de vez todos os desaparecidos políticos da época militar! Esqueçam todos os depoimentos de familiares, de torturados, de amigos etc. Só existe uma vítima nesse processo: o povo brasileiro. E só existe um vilão: os militares, o sistema nojento que esteve em vigor no Brasil por 21 anos. Não se deixem enganar.

sábado, 31 de julho de 2010

Touradas = irracionalidade + crueldade

Pode até ser uma forma de a Catalunha tentar se distanciar ainda mais do resto da Espanha, para mim, tanto faz esse ponto, o importante é que não haverá mais touradas na região a partir de 2012. Para ser melhor a notícia, só mesmo se informasse que a medida passaria a valer a partir de hoje, agora, não, ontem, ano passado, século passado. Melhor: que nunca tivesse existido no mundo essa barbaridade. Que nunca tivesse existido no mundo qualquer barbaridade contra os animais.
Podem alegar que é algo cultural, não me interessa. Acho que esse tipo de cultura em que animais são cruelmente sacrificados para promover diversão para o homem nunca deveria ter existido. Se existiu, com o pensamento mundial que existe hoje de defesa dos animais, já era para ter sido banido. A Espanha insiste em manter essa "tradição" em outras partes do país, o que, para mim, é um pensamento retrógrado, sem fundamento, de pessoas que não evoluem com as mudanças do mundo.
Touradas são algo tão irracional que custo a acreditar que tem pessoas que se divertem com isso. Podem pensar que sou radical, mas, enquanto existir touradas na Espanha, não tenho o menor interesse em ir até lá. Não torci pela Espanha na final da Copa e não quero saber desse país. Como gostar de um país em que se tortura um animal que não tem como se defender, que não tem escolha, que é colocado em uma arena para ser motivo de risos e receber lanças no pescoço e agonizar até morrer? Isso não tem justificativa. Vaias para a Espanha!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

As atitudes de Israel

Acredito que a maioria das pessoas deve ter ficado chocada com a ação de Israel contra uma flotilha que seria de ajuda humanitária para Gaza no dia 31 de maio. Bom, os fatos ainda são controversos: Israel afirma que o grupo era de terroristas. No entanto, as ações de Israel têm colocado a pensar. Afinal, para que se impor com tanta violência sobre outros povos? Para que e por quê?
Tenho todo o respeito e solidariedade do mundo pelos judeus. Acho que o que eles passaram no passado, durante a Segunda Guerra Mundial, foi bárbaro, covarde, desumano. Até acredito que o mundo tem uma dívida social e histórica com os judeus por ter permitido tanta tristeza e violência contra esse povo. Porém, fico estarrecida ao pensar que Israel reproduz, em proporções diferentes, o comportamento violento e covarde a que foi submetido no passado com os palestinos e quem possa se opor ao Estado de Israel.
Acredito na história, amo a história e acho que, a partir dela, aprendemos muito, principalmente, refletimos muito quando vamos agir no presente. Lamento, profundamente, pelos judeus não terem aprendido com a história, por estarem eternamente se vingando em cima de um povo minoritário e outras pessoas que não têm nada a ver com o que passaram no passado.
Queria muito que a violência tivesse fim, mas quem sou eu, não? Apenas posso escrever e manifestar o que penso e sinto.
Abaixo, deixo para vocês um sóbrio, lúcido e inteligente texto escrito por Eduardo Galeano, grande escritor contemporâneo, cuja credibilidade é reconhecida por todos. Ele é autor do clássico "As veias abertas da América Latina" e, no link abaixo, vocês têm acesso a um texto dele sobre a questão de Israel. Vale muito a pena para aumentar o nível de conhecimento, reflexão e visão crítica:

http://turcoluis.blogspot.com/2010/06/assassinatos-em-gaza-por-eduardo.html

terça-feira, 16 de março de 2010

"Avatar" não merecia mais


Sobre o Oscar - premiação suspeita para muitos, mas que não deixa de ser a principal do cinenma mundial -, tenho a dizer que "Avatar" não ganhou como melhor filme simplesmente porque não era o melhor filme. Não vi todos, mas até "Amor sem escalas" tem uma historinha mais legal que a de "Avatar".
Na minha opinião, o filme é rico em efeitos, recursos tecnológicos e, por esse motivo, ele foi reconhecido e ganhou prêmios. Vamos lá, né? Essa historinha de um grupo de nativos ameaçado por homem branco já é bem batida. E o salvador branco (como alguns já observaram) é mais que clichê. Ainda estou por entender porque tanto espanto por "Avatar" não ter ganhado. Não merecia mesmo.
Vou ver agora "Guerra ao Terror" para ter uma opinião sobre o filme. Confesso que já vou vê-lo com um pouco de preconceito. Primeiro, por ser um flme sobre a invasão dos Estados Unidos ao Iraque, por mais que os norte-americanos não vejam como invasão, mas como "guerra ao terror". É invasão. Ponto. Segundo, por causa do discurso infeliz da diretora do filme quando recebeu o Oscar, dedicando o prêmio aos soldados, os "irmãos", que estão arriscando a vida, que estão representando a sociedade norte-americana na guerra, que possam voltar para suas famílias, obrigada a eles etc. etc. etc. Quanta bobatem! Que chatice! Não sei se o filme exalta o Exército dos EUA, tomara que não porque, se não, vai ser pior que eu imaginava. Tem que ver para saber. Pretendo me distanciar o máximo disso. Não sei se vou conseguir. Depois, conto para vocês!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Vancouver

Acredito que foi um ganho para os telespectadores a decisão da Rede Record de transmitir as Olimpíadas de Inverno que estão sendo realizadas em Vancouver, no Canadá. Dá oportunidade para as pessoas conhecerem esportes diferentes que nem sabiam que existiam. Afinal, a grande mídia que sempre tomou conta da audiência nunca deu muita bola para essa olimpíada e para os esportes referentes a ela.
Falo isso porque esse é o meu caso. Sabia que existia patinação e dança no gelo, mas não sabia que era esporte olimpíco. Claro, costumamos acompanhar o que acontece no nosso país e ter um esporte no gelo no Brasil é meio difícil... apesar de existir, mas não da forma intensa como nos países do Norte.
Minha surpresa ao acompanhar as transmissões continuou quando vi que havia uma delegação, pequena, mas havia, de brasileiros participando das competições. Realmente, existem muitos esportistas com força de vontade admirável, pois, se esporte sem gelo no Brasil já enfrenta dificuldades de patrocínio - com exceção do futebol -, imagine os que são no gelo...
Vi toda a beleza, toda a velocidade, toda a técnica e toda a coragem dos esportistas dessas competições, mas preciso deixar aqui registrado o quanto me assustei com algumas modalidades. Não sei se sou meio careta ou conservadora ou resistente ao diferente, sei lá. Mas acho que algumas delas não deveriam existir. É triste saber que alguém morreu em uma dessas competições. Pôxa, descer não sei quantos quilômetros, de cabeça para baixo ou para cima, em cima de um trenó por uma pista e chegar a mais de 140 quilômetros por hora não é meio suicida? Tudo bem paraquedismo também é arriscado, assim como voo livre etc. Mas, para mim, aqueles esportes pareceram mais perigosos, mais próximos de uma tragédia.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Meninos diferentes, fantasias semelhantes

Entre uma página e outra, a fugidinha, à tarde, para sair um pouco do prédio do trabalho e ir tomar um cafezinho na rua. Dia normal, agitado, como sempre. Gosto de olhar a paisagem urbana, mesmo quando é a mesma de todo dia. Não sei o motivo. Nunca durmo em ônibus, por exemplo, porque gosto de ficar olhando pela janela, mesmo se for em percurso que faço com frequência. Mas, voltando, aí, nessa minha mania de ficar olhando pessoas e vitrines, não sabia que iria ver uma cena que iria me tocar tão forte e me deixar meio assim, tristinha, pelo restinho do dia.
Em frente à vitrine de uma loja de artigos para festas infantis, um menino parou, apoiou os cotovelos no pedacinho de concreto antes do vidro e olhava fixamente para o interior. Normal, né? Era um menino de uns 14 anos, portanto, adolescente. O diferente na cena é que ele estava com as duas mãos juntas na altura do nariz para apoiar o pano banhado em tíner que ele aspirava sem parar. Olhei, olhei e ele nem me notou.
Passei e fui tomar meu café na lanchonete próxima. A cena ficou na minha cabeça, mas, aos poucos, deixei para lá. O problema é que, quando eu fazia o caminho de volta para o serviço, cerca de 15 minutos depois, o menino continuava lá. Fiquei surpresa. Estava na mesma posição e com o mesmo pano no nariz. Parece que não havia se mexido para nada e continuava olhando, fixamente, para o interior da loja, onde havia uma maquete, dessas que se colocam em cima das mesas dos aniversariantes. A miniatura era de um cenário que parecia ter prédios e carros. O que ele pensava olhando para essa fantasia infantil, eu nunca vou saber. Só sei que ver isso doeu em mim.