domingo, 28 de abril de 2013

Analinda

Ana, o que eu queria te dizer e não pude ou nunca pensei em dizer antes é que você era muita vida.
Que a morte não combina com você.
Que era bom te encontrar nas festas.
Que você passava uma doçura na voz, no olhar e no sorriso que poucas vezes eu vi em alguém.
Que você era extremamente querida.
Que você fez falta no último encontro da nossa turma, ao qual você não pôde ir.
Que eu tinha um carinho especial por você desde que sua irmã foi embora, tão precocemente quanto você.
Que você era muito, muito bonita.
Que eu torcia por você.
Que eu queria ter aproveitado mais seu tempo neste plano, o tempo que você ficou com a gente.
Que eu achava bonitas as coisas que você postava.
Que eu achava também bonito o carinho que você tinha com sua família.
Que você tinha um astral bonito, fazia bem ficar perto de você.
Que eu lamento por não ter ficado um dia numa festa em que você estava e que minha amiga estava indo embora e você disse: "fica com a gente, Claudinha". Eu não fiquei e perdi algumas horas ao seu lado. Mas eu não sabia que aquelas estariam entre as últimas horas que eu teria com você. E eu lamento tanto por isso, por não ter ficado. Lamento tanto. Me desculpa? É nessas horas que a gente quer ter o dom do Super-Homem, de voltar o planeta, para voltar o tempo. Se tivesse algum jeito, Ana querida, eu não iria perder essa chance que você me deu. Não perderia jamais.
Também queria dizer que eu não esperava nunca ter de me despedir de você tão rapidamente.
Que foi uma pena, uma pena, uma pena tão grande que eu não consigo expressar, você ter ido embora.
Que o mundo perdeu doçura após a sua partida.
Que, quando eu penso nos anos de convivência que tivemos, nunca consigo me lembrar de uma imagem sua que não seja uma doce imagem.
Que, depois de ver que era verdade a sua partida, eu comecei a acreditar que "os bons morrem cedo". E eu comecei a sentir medo de perder outros bons que fazem parte da minha vida.
Ana, eu estou com medo. Não quero mais me despedir dos bons.
Nós perdemos muito.
Perdemos uma presença de luz.
E isso dói.
Uma pena, Analinda, uma pena.
Eu não sei o que tem depois ou se tem depois, mas eu quero pensar que você ficou bem, qualquer que seja a maneira. Você não merece menos que isso.
Eu te dou adeus, Analinda, ainda sem acreditar, porque morte não combina com você.

2 comentários:

  1. Minha irmã, amada, Clau,
    Vc é uma poeta...
    Tive que ler aos pouquinhos, bonito demais...
    Me lembro muito bem da Ana Fátima, linda e doce como vc descreveu...
    "Os bons morrem cedo..." Sabe o que eu penso? É que na verdade os bons fazem muita falta, mesmo que eles morram velhinhos...

    Deixo uma música pra Ana:

    Love in the Afternoon - Legião Urbana

    É tão estranho
    Os bons morrem jovens
    Assim parece ser
    Quando me lembro de você
    Que acabou indo embora
    Cedo demais

    Quando eu lhe dizia
    Me apaixono todo dia
    É sempre a pessoa errada
    Você sorriu e disse
    Eu gosto de você também
    Só que você foi embora...
    Cedo demais!

    Eu continuo aqui
    Meu trabalho e meus amigos
    E me lembro de você
    Em dias assim
    Dia de chuva
    Dia de sol
    E o que sinto não sei dizer...

    Vai com os anjos
    Vai em paz
    Era assim todo dia de tarde
    A descoberta da amizade
    Até a próxima vez...

    É tão estranho
    Os bons morrem antes
    Me lembro de você
    E de tanta gente que se foi
    Cedo demais!
    E cedo demais...

    Eu aprendi a ter
    Tudo o que sempre quis
    Só não aprendi a perder
    E eu que tive um começo feliz...
    Do resto não sei dizer

    Lembro das tardes que passamos juntos
    Não é sempre mais eu sei
    Que você está bem agora
    Só que neste Ano
    O verão acabou.

    Cedo demais!

    Com amor,

    Ni

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    Respostas
    1. É, Ni, a Ana era tão linda e tão marcante que até quem a viu poucas vezes na vida não se esqueceu do sorriso dela. É verdade o q vc diz, sobre os bons, que eles sempre vão fazer falta, qdo se vão cedo ou qdo se vão velhinhos, mas dói tanto, ne? A música é linda e tem tudo a ver com a Ana, q se foi cedo demais.
      Obrigada, Ni, por todo o seu amor sempre dedicado a mim. Quero sempre ser merecedora dele, sempre sua irmã-amiga-filha. Te amo mto e sempre.
      Beijos!

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