domingo, 28 de abril de 2013

Decifra-me jamais

Entre tantas explicações que a gente fica buscando para o inexplicável, a explicação para a razão das despedidas, para mim, é uma das mais difíceis de encontrar. Alguém pode até me dizer que é para a delícia do reencontro. Mas e quando não há reencontro? Ou quando pelo menos a gente não tem aquela fé no reencontro?
Há despedidas e reencontros ao longo de toda a vida. Os que creem em alguma religião pensam, ainda, em um reencontro após a partida definitiva deste plano. Mas e nós, que não temos credos, como ficamos nessas circunstâncias? Eu não sei. Eu lamento não saber. Isso prolonga a minha dor a cada despedida definitiva. A cada olhar que deixa de se abrir. Nessas horas, eu sei, a religião ajuda, mas não é digno comigo mesmo (ou consigo, que tem as mesmas questões que eu) ter uma crença para ter um conforto com relação às angústias insolucionáveis.
Os mistérios da vida e os da morte se convertem em signos indecifráveis. É preciso se acomodar a eles. Mas a cabeça lateja, pergunta, questiona. Não aceita. Não aceitar é um muro. Querer ter a compreensão de tudo e sobre tudo é outro muro. Há muros que conseguimos saltar. Outros, não. Para sempre.

2 comentários:

  1. "Então, de repente, sem pretender, respirou fundo e pensou que era bom viver. Mesmo que as partidas doessem, e que a cada dia fosse necessário adotar uma nova maneira de agir e de pensar, descobrindo-a inútil no dia seguinte – mesmo assim era bom viver. Não era fácil, nem agradável. Mas ainda assim era bom. Tinha quase certeza."

    Rafael

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    1. Ei, Rafael! Eu acho que tenho essa certeza. E, nessa minha fala, há contradição, pelo achar a certeza. Não se pode achar e ter certeza, não é? Não, não se pode, mas eu continuo achando e tendo certeza. Obrigada pelo trecho acima. É muito bonito.
      Beijo,

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