quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O príncipe e o que ele cativa

Já ouvi e li tudo quanto é comentário e opinião sobre "O pequeno príncipe", de Antoine Saint-Exupéry. Nunca tinha lido. Resolvi ler. É aquela coisa: livro feito para criança; livro feito para adulto. Livros para crianças trazem mensagens universais, que servem para os adultos. Estão ali na formação, nas primeiras leituras. E assim seguem pela vida acompanhando os grandes. "O pequeno príncipe" traz várias mensagens. De pessoas que se afastam de um amor por se sentirem desprezadas, de pessoas que saem pelo mundo em busca de algo que, depois descobrem, estava bem ao lado, de pessoas que vivem tão obcecadas em seus mundos que não enxergam mais nada, de pessoas que aprendem com a ingenuidade dos inocentes, de pessoas que não temem aquilo que é temido por todos e, assim, conseguem ver além. "O essencial é invisível aos olhos" é uma das frases clássicas do livro. Também é clássica e muito repetida outra frase do livro, "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Sobre essa, então, já ouvi de tudo um pouco. Gente contra, gente a favor. Eu, bom, eu não sou contra nem a favor. Acho que sim e não. Penso que há situações em que a gente cativa algo e é responsável por isso, porque é a imagem que a gente manda para o mundo sobre nós mesmos. Mas penso que a gente não pode carregar uma carga a respeito do que o outro pensa da gente ou pelo que o outro sente pela gente. A frase vem com a história da raposa. O animal arredio, que sempre foi perseguido e maltratado e, assim, não consegue se aproximar das pessoas. Não deixa que ninguém chegue perto. Mas aí é que está o x da questão. Desprezada, maltratada, perseguida, odiada, a raposa anseia por ser conquistada, por receber o carinho de alguém. E pede ao principezinho para fazer isso. "Me cative". Ela quer. E o principezinho o faz. Conquista a raposa, com seu jeito doce e amigo. Quando decide ir embora, atrás de sua busca, a raposa chora e tenta fazer com que ele se sinta responsável por sua dor, já que ele a tinha cativado. Nesse ponto é que não concordo com a frase. Ok, o príncipe cativou. Foi bom. Vai ficar a boa lembrança, mas não é por isso que ela tem o direito de o prender e exigir que fique para sempre ao lado dela. Acho que isso se aplica ao mundo, às relações entre as pessoas. Se eu cativo e você é feliz com isso, que bom. Porém, isso não dá direito a você para que tente me culpar por te fazer feliz ou faz com que você tenha direito de me responsabilizar por sua dor quando eu não faço o que quer, ou não fico ao seu lado para sempre. O ponto de que a raposa se esqueceu é o da liberdade. O príncipe a cativou porque tinha o espírito livre e puro para aceitar o bom de quem quer que fosse, sendo raposa, sendo serpente, sendo ser humano. Ela também o cativou, mas nem por isso ele fez exigências. Os sentimentos não são de mão única. São de ida e vinda. O que a gente inspira vai. O que nos inspira vem. Ser feliz com isso, mesmo que não seja para sempre, é o mais fácil. Ter alegria no coração pelo que foi vivido é suave. É liberdade.

Um comentário:

  1. Oi, tudo bem? Obrigada por ter vindo conhecer meu cantinho. Fiquei feliz com sua visita. Fui lá no seu cantinho também e gostei bastante dos seus poemas. Depois vou fazer comentários lá. Parabéns! Fico feliz por ver um jovem de 17 anos inspirado e disposto a escrever. Grande abraço e muito sucesso!

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