terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Hora da paixão

Sabe o que é que é? Paixão exige muita paciência. Mas é a hora em que ela menos existe na vida da gente. Ao contrário, é a hora da urgência.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Camadas

Camada após camada, os anos vão se sobrepondo, como nas serpentes. A pele se torna mais grossa, áspera, dura. É uma proteção. Forçada proteção, mesmo se você não a quer, ela existe. Pesa, entristece, afugenta. Mas o pior de tudo é o peso. Parece muitas vezes impossível de carregar. É o que lhe traz o tempo. O que ele leva não é tão visível.

domingo, 11 de novembro de 2012

Assinado A.

Eu sou fluido, sem linhas, cortes, quadrados, formas. No máximo, o que você encontra em mim são curvas. Às vezes, preciso delas para dar voltas e voltas nas pessoas. Sou arteiro. Bem, não sei se é exatamente isso, mas prego peças. Eu acredito que nunca é com má intenção, mas isso as pessoas não entendem. Meus tiros saem pela culatra com frequência. Desde que o mundo é mundo é assim. Mas, repito, não é por má intenção. Já disse. É tentando fazer o melhor.
Rio de pessoas que tentam me racionalizar. Ah, bobinhos. Querem me colocar em planilhas, fórmulas, metragens. Excel para mim? Bobagem. Nem gosto do Excel. Parece até que sou um plano de carreira: preciso de desafios, metas, obrigações, prazos, conquistas... Rio mesmo. Quando é assim é que dou voltas no indivíduo. A matemática, a física (nem a quântica), a química e a biologia não me explicam. A biologia só explica parte do que vai comigo. Mas essa parte também ocorre semigo (apesar de que, quando é comigo, é muito melhor, hehe...). No fundo, gosto de ser assim, de deixar as pessoas pensando em mim, porque, se não, que graça tem a vida? Imagine o mundo sem a minha presença, sem que as pessoas se preocupem comigo? Ah, não, não teria graça. Viu como sou importante?
O mais engraçado dessa história toda é que estou tão em tudo e, ainda assim, há pessoas que não me veem, não me reconhecem. Ou, para falar a verdade, tem vez que falta eu desenhar para a pessoa me ver! Apareço lindo e nítido na frente dela e nada. Poxa, isso, sim, me chateia. Porque eu sei que sou difícil em muitos casos, mas juro que tento dar uma forcinha em outros. Forcinha nada! Dou os dois braços inteiros! Fico chateado quando não percebem. Aí, me canso e vou embora. É triste, não? Também acho. Mas o que eu vou fazer se eu quis e a pessoa, não? Nada. Melhor: deixar para lá. Vou é atrás de outra. Ir daqui para ali é uma alegria. Me deixa vivo.
Eu vejo que hoje as pessoas estão descrentes de mim. Mas não queria que ficassem. Se as pessoas não se encontram, não é culpa minha. É por causa deste mundo que aí vai. Está tudo esquisito. Também acho, mas eu não perco a fé. Eu não. Continuo meu trabalhinho de passarinho, disseminando (a mim mesmo) por onde vejo possibilidades. E vejo muitas. As pessoas é que não veem. Acho que esse mundo esquisito está assim porque surgiram muitas coisas para competir comigo: vaidade, estética, tecnologia, baladas, este maldito Facebook! Tudo era menos antes. E era melhor, não só para eu cumprir o meu papel, mas para as pessoas também. Agora, vou ter um trabalhão para me adaptar "a essa nova realidade", como dizem as pessoas na TV. Ok, sou inteligente, perspicaz. Vou conseguir! Daqui a uns anos, acho que já estarei deslizando melhor por este novo mundo. Você vai ver. Não sou plano de carreira, mas me propus essa meta. Veja que ironia... Mas eu gosto de ser irônico. Está no meu DNA. Se você já me conhece, sabe. Quando cismo com uma coisa, vou até o fim. Vou até o fim para deixar o mundo mais feliz. Acredite, é por isso que existo.

A.

Natimorta

- Eu quero. Sim, eu quero. Mas, se demorar muito, você pode matar esse meu querer.
Foi como profecia. Ela queria mesmo, mas demorou muito. A vontade morreu. Foi assassinada. O lamento dela foi antes da morte da vontade. O dele, depois.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Agora

Posso deixar para amanhã. Mas quem me garante que amanhã teremos de novo uma noite linda como a de agora?

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Ele e ela

- Estou bonita?
- Está. Linda.
Ela sempre perguntava, mesmo já sabendo qual seria a resposta. Ele sempre respondia o mesmo, ainda que não pensasse assim ou que não tivesse reparado qualquer diferença no que via dia a dia.
Ela queria o elogio sem a pergunta, espontâneo. Ele queria não ser perguntado sempre.
- Estou bonita?
- Está. Linda.
E foi assim sempre, até o dia em que deixaram de estar juntos.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Senhora ausência

A gente só demora a entender (se é que entende um dia), amigo Drummond, que a ausência é a prova mais absoluta da presença. Se não fosse, ela, a ausência, não haveria. Não seria notada. Seria como viver anestesiado, com os sentidos afastados. Não é isso que ela provoca. A ausência não permite não ser notada. Pelo contrário, é forte em se fazer presente. É muito mais forte que o nada. Não há quem a despiste. Não há quem a engane. A ausência é força maior que a própria presença. Quase sempre.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Parece aborto

Tenho dois casais de amigos que tiveram a sorte na vida de nunca terem passado por separações. Só pode ser sorte. Conversamos sobre isso outro dia. Eles não sabem bem o que é ter alguém num dia, participando da sua vida, sendo seu cúmplice, seu melhor amigo, seu amante, seu companheiro, seu tudo, e não ter esse alguém no outro dia. É uma sensação muito esquisita. Parece que tudo é fake, que as coisas não existiram. Pelo menos não existiram assim. Como se, na sua cabeça, existisse algo muito rico, forte, consolidado, só que, na verdade, não é assim.
Não existe nada consolidado. Não existe nada tão real assim. Me rendendo ao clichê, lembro Marx, com a famosa frase "tudo o que é sólido desmancha no ar", claro que se referindo a outro contexto, no "Manifesto comunista", mas tão bem aplicado em tantas outras situações, inclusive, nos relacionamentos.
Tentando me colocar no lugar de alguém que nunca passou por isso para imaginar como é, eu comparo a separação com uma situação pela qual eu nunca passei, mas que também deve ser dolorida (quando não é provocada), o aborto. Acho que a separação é como um aborto. É aquela ruptura de uma vez, abrupta, inesperada, que mata, arranca de você uma coisa que você amava muito e que não tem como você fazer voltar. Acho que as duas sensações se parecem. Porque você é obrigado a se separar de algo valioso para você, mas não quer se separar dessa coisa. Tem que... Tem que... Tem que... Sem querer. É corte feito entre duas vidas. O corte do cordão umbilical entre mãe e bebê. É tudo sofrido.
Falei com esses dois casais que eles só podem ser pessoas muito abençoadas por não terem passado pela experiência da separação. E não é argumento dizer que eles têm menos experiência nesse campo. Acho o contrário, têm outro tipo de experiência, que é a de não se separar. Aliás, uma experiência rara entre nós, ainda mais na atualidade. Separação pode ser aprendizado. Mas é dolorido.É traumático. É difícil de superar.
Talvez a maior marca, a mais cruel marca, que a separação deixa é o medo da união. É o medo que ela te deixa de se unir a outro novamente. Para que unir de novo se vou me separar mais na frente? Esse medo vai ficando até que algo ou alguém muito impactante atravesse seu caminho de novo. Aí, já era! Volto ao recurso da citação, agora a João Bosco: "O amor quando acontece/ A gente esquece logo/ Que sofreu um dia". E não é assim? Oxalá!

sábado, 27 de outubro de 2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Fórmulas

O mundo busca conselheiros para aprender alguma coisa sobre o amor ou sobre os relacionamentos. Martha Medeiros, Regina Navarro Lins, Miriam Goldenberg, Flávio Gikovate e até os coitados do Leminski, do Caio Fernando Abreu e da Clarice Lispector, que não queriam ser conselheiros de ninguém. Só queriam fazer poesia. E, se vissem hoje como são usados como fórmula, com certeza, ficariam revoltados. Não sei, mas acho que a última coisa que queriam é ser fórmula para alguém ou para alguma situação. Procuram-se tantos conselheiros porque o mais básico está de lado. E não adianta ler as fórmulas, se não há mudança de atitude. Não mesmo.

domingo, 7 de outubro de 2012

O fim da atriz

É dia da democracia. Cada um vai lá e dá um voto para alguém. No fim da noite, o eleito para governar a cidade, junto a 41 vereadores, novos e antigos. É o resumo da política do dia. Com ganhadores e perdedores. Na página policial, um luto. A atriz. Morta covardemente. Mas é dia de eleição. Festa para o prefeito reeleito. Quem vai se lembrar de uma atriz morta covardemente? Comemore-se a vitória. São mais quatro anos mandando na cidade. A segurança? É problema do estado. Infelizmente, a violência existe. Há fatalidades. Está fora do poder de atuação da prefeitura. Uma pena uma moça morrer assim. Mas o que se há de fazer? No discurso, resolve-se rapidamente a questão. Não estique. Não estique o assunto. É dia de festa. E assim se vai mais uma Beatriz. Não tem mais o rosto pintado nas ruas. Nada de "Rei Lear". O lúdico entristeceu. Não tem mais praia da Estação. O palco se apaga. Esse foi o seu grand finale, trágico, na madrugada das eleições. Não deu para você dar o seu voto, que não seria para o prefeito reeleito. Seria mais um protesto de sua parte. O grande protesto, no final, foi o fim da sua vida.

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica-brasil-economia/33,65,33,12/2012/10/07/interna_brasil,326821/criminosos-que-mataram-atriz-durante-assalto-em-casa-seguem-foragidos.shtml

sábado, 6 de outubro de 2012

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Indomável

Pensamento não tem dono. É outra vida dentro da vida. Não aceita domínio. Por isso o lembrar quando se quer esquecer. Por isso o esquecer quando se quer lembrar.

O que protege

Braços fortes e robustez não protegem. Quer dizer, depende do ponto de vista. Se for físico, sim, servem. Mas força e proteção - de si e do outro - estão além do aspecto físico. Inteligência (de todos os tipos), astúcia, serenidade, esportividade, educação e leveza são protetores muitas vezes mais eficientes. Claro que não, se forem levadas em consideração as agressões físicas. Falo de proteções diante de perigos emocionais, ao interior, à autoestima, aos sentimentos. Talvez a arma secreta seja a paciência, escassa nos dias imediatos, mas importante como nunca foi. Quem a tem (ou a usa) pensa. E pronto.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sucessão

O que virá se foi. Deu lugar à sabedoria.

Lacuna

Passeio pela estante. Procuro determinado livro. Não o encontro. Vejo todos os possíveis, mas não aquele. A prateleira completa. Quase. Falta um. Sei o motivo, mas tento ignorá-lo. Ainda se fosse somente uma página, mas não. É o livro inteiro. Sei a quem pertence. Deveria ir buscá-lo, mas evito. Não sei se pertence a mim. Não sei se ainda. Não sei se só a mim.

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Papel em branco

Não sei se gosto de ficar bem. Quando fico assim, não escrevo. Ou não escrevo bem. Ou escrevo pouco. As ideias vêm, mas não fluem da mesma maneira. Ficam travadas para ir para o papel. Tenho outras coisas para pensar. Me distraio. Minha concentração deixa de ser a dor. Passa a ser tantas coisas que nem me lembro. Não devo desejar ficar mal para poder escrever bem. Seria tão contraditório. Já que escrevo quando estou mal para ficar bem. Dilema eterno.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Desencaixe

Guardada, há uma moldura. De príncipe. Porque é o que se aprende desde a infância. Mas, coitada, está condenada à solidão. Não há encaixe para ela. Ninguém que se equipare, que se encaixe. A busca cansa. Então, uma nova moldura. De sapo. Menor, mais simples, mais rasa. Para a do sapo, há muitos encaixes. É um risco. E, quer saber?, perde um bocado da graça.

domingo, 16 de setembro de 2012

A artista


Não se contenta somente em colorir o mundo com sua presença. Em sintetizar a memória com as mãos. Em imprimir na massa os sentimentos. Consegue ainda fazer brotar flores do inóspito ferro. Ninguém mais além de você. Que bela boa-vinda você oferece aos seus visitantes e aos seus passantes. Quer colorir o mundo não só para os seus. Para quê tão poucas pessoas? Quer que também os anônimos vejam a beleza, onde ela estiver, porque a certeza você tem: a beleza existe. As flores entrelaçadas no ferro. O bordado inesperado. O ponto a ponto de alegria e de leveza. A costura das cores formando as flores. A força e a forma das linhas unidas. A ponte entre o rude e a delicadeza. Brotam lágrimas. É lindo.

(Para Beatriz Leite, a mais encantadora artista plástica que eu já conheci.)

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Expurgo

A terra se abala por dentro. Põe para fora. O solo se racha. É vida. Nada fica escondido. Nem adianta tentar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Sem par

Os seres seguiam de dois em dois. Está na criação do mundo. Está na salvação do mundo. Mesmo que metafóricas. O homem, sempre ele, desobediente, decidiu ir contra sua própria história. Inventou de caminhar só. Para não ser tão só, passou a caminhar com seu umbigo. Vai assim. Infeliz e com o umbigo. Pior: acreditando que é feliz.

As portas

Passa e não fecha as portas. Uma vida de portas abertas, que deveriam ter sido fechadas, mas não foram. Deixa essas abertas e não abre as do futuro. Voltar atrás para fechá-las é mais difícil que batê-las logo depois que se passa por elas. No caminho da volta, há tanto vento que não consegue ser mais forte que ele. Acaba deixando as portas do passado abertas. E as do futuro, fechadas. Quanto erro.

Sensação

Já sentiu seu coração queimando por dentro? Não? Sinta saudade e depois me conte.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Despida

Dentro do copo, o gelo. Batendo de lá para cá, de cá para lá. Dentro de mim, era o coração. Acelerado. Não era tum-tum-tum. Era tumtumtum. A mão entregou.

domingo, 2 de setembro de 2012

Âncora

Nem sempre o pesar por um desencontro do passado é por pensar que a vida seria diferente se um evento tivesse acontecido de outra forma. Tem várias coisas na minha vida que eu gostaria que não tivessem acontecido e aconteceram e outras que eu gostaria que tivessem acontecido e não aconteceram. Mas não vejo nenhuma delas como algo determinante para que minha trajetória fosse outra. Acho que minha vida sempre dependeu muito mais de mim que da ação dos outros. Eu tenho pesar por esses desencontros pela dor que eles causaram ou causam ainda. Nunca porque queria que minha vida tivesse tomado outro rumo. Tenho a vida que eu queria ter. Faço o que gosto, tenho bons amigos, uma família unida e amorosa, um cantinho, dois gatinhos e outros enfeites cotidianos. Até hoje, é assim. Me sinto realizada, o que não quer dizer estagnada nem que eu não queira que mais nada aconteça. Quero que muito aconteça. Que tudo aconteça. Falo isso tudo pensando no texto do Contardo Calligaris, "Pentimentos" (vou colocar o link abaixo). Acho que os "pentimentos", uma forma de arrependimento, que se traduz em uma apego ao passado - além do seu significado artístico com relação às obras de arte -, são inevitáveis, mas não têm de ser carga na nossa vida. É parte da nossa vida, mas não uma carga. Não é tão difícil se conformar com isso. Ter o pentimento como lembrança ou como possibilidade de ação para melhorar uma situação é bom, mas nunca para servir como âncora. Da âncora, a gente se solta, com maçarico, serra, alicate, com o que for, e a deixa afundar sozinha. Segue o link do texto: http://sergyovitro.blogspot.com.br/2011/12/contardo-calligaris-pentimentos.html

Engano?

Mundo estranho este mundo, em que eu escuto todos os dias: "você tem de ser menos educada com as pessoas". Eu achava que era o contrário.

Alegria

Você chegou tão rápido. Eu ainda estava enxugando as lágrimas. A última delas, foi você quem secou.

Tabu

Sou eu quem foge de você ou é você quem foge de mim? Até quando prolongar este tabu?

Pedra repetida

Queria entender como acontece isso. Esta pedra repetida no meu caminho. Toda vez que começo a andar, ela aparece. Aparição. Vem e vai num segundo. Mas, aí, já me atrapalhou no meu lento movimento de andar. Eu me curvo e a retiro, já sabendo que, em breve, vou encontrá-la de novo. Acabo concluindo que, um dia, se eu não topar com a pedra repetida mais, vou sentir falta.

sábado, 1 de setembro de 2012

Meu jardim

Vivo uma vida de arrumar o jardim. Vem um e estraga. Arrumo. Novo estrago. Arrumo, arrumo. Mais uma vez, arruinado o meu jardim. Arrumo. A cada estrago, uma dor. Vem alguém e me diz: "você tem de colocar uma placa de 'não pise'". É, tenho. "Se não funcionar, coloque uma cerca". Vou tentar. "Se não funcionar também, uma cerca maior". Sim, não vou me esquecer. Vou colocar em prática. Prometo. Já faço minha primeira lição. Arrumei meu jardim. Minha plaquinha, humildemente, está lá: "por favor, não pise. Acabei de cortar a grama, regar as flores e aparar os arbustos. Está bonito. Veja!".

Progressivamente

No início, é muito choro. Tristeza de uma vida inteira. Depois, menos choro. Só triste. Tempo vai passando. O choro vai ficando menos. Tristeza acompanha. Cada vez, se chora menos. Tristeza fica alternada. Quase não aparece. E esquecer vai ficando mais fácil.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Etimologia

Meu nome é Helena. E a única guerra que já provoquei foi dentro de mim mesma. O uno que se divide. Gêmeos incompatíveis. Caim e Abel. Esaú e Jacó. Paulo e Estevão. De tempos em tempos, cai um paraíso. Troia destruída, repetidas vezes. Difícil escolher entre o que manca e o que provoca a destruição.

Desconhecidos

Me apaixono pelo que não vejo. Me escondo daquilo que posso ver. O que não vejo tem me sido mais interessante. O real não me convém. Procuro a leveza do que ainda não foi tocado. Ao menos por mim. Quero uma vida sem passado. Uma história sem a minha história. Um encontro de desconhecidos.

Motivo

Nem tudo é para alguém. Tudo é por alguém.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Sorriso de flor

Depois de tanto tempo, você floriu. Eu já nem acreditava que iria ver seu sorriso de flor novamente. Meu coração se alegrou. Eu tento falar isso com você. Não sei se me ouve, mas tente. Falamos em linguagens diferentes. Você flore quando está feliz. Eu sorrio. No fundo, é tudo igual. Só queria que você continuasse abrindo esse sorriso para mim.

Par de olhos

Os olhos que eu queria ver são outros, mas eles se fecharam para mim. Os meus, em resposta, ficaram cegos também. Fecharam-se para os seus e para qualquer outro par de olhos que se mire em mim.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

O que eu não quero

Você é tudo o que eu não quero ser. Tudo o que eu rejeito para mim. A não compaixão, o não altruísmo, a não esperança, o não querer bem. Me afasto. Não tem a ver com não gostar. Não tem a ver com repulsa. Quero ficar longe enquanto resta em mim a fé na vida e no outro. Quem sabe esse filete de mim permanece puro? Quem sabe consigo salvar a fagulha que me empurra todos os dias para a vida?

domingo, 26 de agosto de 2012

Ao avesso

Tudo o que eu mais tenho buscado tem ficado mais longe de mim. E tudo o que eu não queria sentir ou ter me ronda. Mundo ao contrário. Eu ao contrário.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Ao sorriso de luz

As luzes se apagam tão rápido. Tão rápido que a gente não vê quando elas estão acesas. A gente não tem tempo de se despedir. O que fica de lembrança é aquilo mesmo que se viu. Se não se viu mais, acabou, perdeu-se a chance. Não dá tempo para ver mais. Luzes apagadas. Escuro. Sem despedida. A você, amigo Mainha, que iluminou por tão pouco tempo este mundo aqui. Deve ter chegado ao outro lado clareando tudo com seu sorriso. Com sua voz. Com seu dom para a música, para os instrumentos. Com sua alegria. Com seu olhar de pessoa boa. Fique feliz. Deixou o bom para a gente.

Não saber

Não sei, não, vi, não li, não escutei, não senti. A gente quer falar isso, mas não pode. Cadê meu direito ao não? Posso não querer saber? Quero simplesmente passar por algo sem querer apreender ou assimilar qualquer que seja a coisa. Sempre a mesma questão que atormenta. Sempre você tem de dizer o que acha, o que sente. Existem várias formas de escravidão.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Inominável

Dá um nó no peito, um engasgo na garganta, um frio no coração. Acho que isso se chama medo. Ou se chama anseio. Ou tristeza. Ou qualquer coisa ainda não nomeada, que a gente é incapaz de expressar. Sinto quando penso na possibilidade do definitivo. Do nunca mais. Do para sempre. É muito tempo. Não sei se eu queria.

O alvo

Coração grande. Cabe tudo, de tudo, para tudo, para todos. Cabe muito, vê muito também. Vê fácil os alvos de amor. Da mesma forma, é visto com facilidade. Mas nem sempre é alvo de amor. Por ser grande, é alvo fácil. De ser visto, de ser atingido, de ser ferido. Tenta se encolher e não consegue. Nasceu para ser assim. Não diminui, não se esconde, não evita. Tem a sina de ser presa fácil das dores.

Para si, para mim, para outro

Clarice, sobre a vida, sobre os sentimentos. Tanto ela falava do que se sente, tanto a gente continua sem saber nada sobre isso. Li uma frase dela ontem e fiquei refletindo (normal isso): "escrevo para mim mesma, para ouvir minha alma falando e cantando, às vezes, chorando". Para conseguir se ouvir, tem de se colocar para fora. Mas é contraditório, porque, se é para si mesmo, por que é preciso colocar para fora? É para si, mas é preciso tornar acessível ao outro para que isso se complete, se não, é como não ouvir. É mudez.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O príncipe e o que ele cativa

Já ouvi e li tudo quanto é comentário e opinião sobre "O pequeno príncipe", de Antoine Saint-Exupéry. Nunca tinha lido. Resolvi ler. É aquela coisa: livro feito para criança; livro feito para adulto. Livros para crianças trazem mensagens universais, que servem para os adultos. Estão ali na formação, nas primeiras leituras. E assim seguem pela vida acompanhando os grandes. "O pequeno príncipe" traz várias mensagens. De pessoas que se afastam de um amor por se sentirem desprezadas, de pessoas que saem pelo mundo em busca de algo que, depois descobrem, estava bem ao lado, de pessoas que vivem tão obcecadas em seus mundos que não enxergam mais nada, de pessoas que aprendem com a ingenuidade dos inocentes, de pessoas que não temem aquilo que é temido por todos e, assim, conseguem ver além. "O essencial é invisível aos olhos" é uma das frases clássicas do livro. Também é clássica e muito repetida outra frase do livro, "tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas". Sobre essa, então, já ouvi de tudo um pouco. Gente contra, gente a favor. Eu, bom, eu não sou contra nem a favor. Acho que sim e não. Penso que há situações em que a gente cativa algo e é responsável por isso, porque é a imagem que a gente manda para o mundo sobre nós mesmos. Mas penso que a gente não pode carregar uma carga a respeito do que o outro pensa da gente ou pelo que o outro sente pela gente. A frase vem com a história da raposa. O animal arredio, que sempre foi perseguido e maltratado e, assim, não consegue se aproximar das pessoas. Não deixa que ninguém chegue perto. Mas aí é que está o x da questão. Desprezada, maltratada, perseguida, odiada, a raposa anseia por ser conquistada, por receber o carinho de alguém. E pede ao principezinho para fazer isso. "Me cative". Ela quer. E o principezinho o faz. Conquista a raposa, com seu jeito doce e amigo. Quando decide ir embora, atrás de sua busca, a raposa chora e tenta fazer com que ele se sinta responsável por sua dor, já que ele a tinha cativado. Nesse ponto é que não concordo com a frase. Ok, o príncipe cativou. Foi bom. Vai ficar a boa lembrança, mas não é por isso que ela tem o direito de o prender e exigir que fique para sempre ao lado dela. Acho que isso se aplica ao mundo, às relações entre as pessoas. Se eu cativo e você é feliz com isso, que bom. Porém, isso não dá direito a você para que tente me culpar por te fazer feliz ou faz com que você tenha direito de me responsabilizar por sua dor quando eu não faço o que quer, ou não fico ao seu lado para sempre. O ponto de que a raposa se esqueceu é o da liberdade. O príncipe a cativou porque tinha o espírito livre e puro para aceitar o bom de quem quer que fosse, sendo raposa, sendo serpente, sendo ser humano. Ela também o cativou, mas nem por isso ele fez exigências. Os sentimentos não são de mão única. São de ida e vinda. O que a gente inspira vai. O que nos inspira vem. Ser feliz com isso, mesmo que não seja para sempre, é o mais fácil. Ter alegria no coração pelo que foi vivido é suave. É liberdade.

Pergunta

Se a gente vive em outro tempo. Se as pessoas de hoje não sabem mais receber amor. O que as pessoas de hoje que têm e gostam de dar muito amor fazem?

domingo, 12 de agosto de 2012

Equação incrível

Deve ser mania a gente acreditar nas pessoas. Deve ser mania, sim. Tenho certeza que é mania. Assim, como um TOC, sabe? É! Um transtorno obsessivo compulsivo. A gente não percebe e já está lá, acreditando de novo. E não adianta. Você pode errar, errar, errar, errar, errar mais um pouquinho. Mas não adianta. Acho que há seres que acreditam, que não acreditam e que desacreditam. Os que não acreditam podem até ser mais felizes. Não esperam, portanto, não se frustram. Os que acreditam têm profunda relação com os que desacreditam. É porque, geralmente, eles acreditam nos que desacreditam. E os que desacreditam continuam desacreditando os que acreditam. Os que acreditam sempre se dão mal. Não, sempre, não, mas muitas vezes. E muitas vezes se dão bem também. Acreditam em coisas bonitas, mesmo que depois elas não se mostrem tão bonitas. Enquanto não foram desacreditados foram felizes, acreditando. E os que desacreditam? Ah, deles, eu não sei. Eles desacreditam, né? Como acreditar?

Vapor d'água

Eu rio de mim ao lembrar as vezes que escrevi meu nome com o seu no embaçado do vidro. Até coração já fiz. Feito criança mesmo. Ali, no vapor d'água grudado ao vidro, materializei meus sonhos.

De saudade e 'por ques'

Não era para eu pensar nisto, mas, hoje, Dia dos Pais, fiquei pensando em por que as pessoas morrem. Foi um dia legal, feliz, junto à família. À noite, já em casa, vi que meu tio fez uma homenagem ao meu avô paterno, "sô Thiago", único avô que eu conheci, já que meu avô José Carlos morreu antes, bem antes, de eu nascer. Então, fui vendo aquelas imagens do vô Thiago e senti saudade. Eu nem tive tanto contato com ele, porque o vô morava no interior, só no fim da vida é que veio para perto da gente, porque já estava mais doentinho. Mas meu vô nunca foi desses de fazer carinho e pôr no colo, dar dinheiro ou bala. Mas era ele meu vô, repito, o único que conheci. O vô morreu em 2004. Fiquei triste, mas conformada. Já estava bem doente. E, pelo fato de a gente nunca ter sido muito próximo, eu não sentia tanto a falta dele, não me lembrava tanto dele. Hoje, vendo o vídeo que o tio fez, senti tudo isso, pela primeira vez, e, como uma netinha bem criança, fiquei pensando nisso, em por que as pessoas morrem. Inocente, né? Mas a gente não sabe mesmo a resposta para isso. As crianças nunca fazem perguntas idiotas. Elas sempre fazem perguntas que nos deixam embaraçados. São perguntas de quem está vendo o mundo pela primeira vez. E engraçado que eu me fiz essa pergunta hoje justamente no dia em que senti, pela primeira vez, a falta do meu avô. Eu fico sem resposta para essa pergunta e, meio óbvio, a segunda pergunta me veio à cabeça: e por que elas nascem? Sei lá. Nascem para viver aqui, neste mundo esquisito, em que as pessoas querem, mas nunca se entendem, fazem um monte de coisa que a gente não sabe para quê: trabalhar, estudar, namorar, casar, ter filhos, sofrer, se alegrar, chorar, rir... E tudo isso para, depois, irem embora, deixarem de existir. É um ciclo, eu sei, mas para quê? Não sei. Para que existir se depois a gente vai desexistir? Por que as pessoas morrem? Elas não deveriam morrer. A gente sente falta delas depois que elas se vão. E isso é ruim. Ah, sim, o videozinho com meu avô, o "sô Thiago". Vô, sinto saudade. Queria ter sido mais neta. Queria que você tivesse sido mais vovô. http://www.youtube.com/watch?v=-Zn8hsg9NAE&feature=share

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

A dois

É inverno/ É mais difícil/ O caldo/ O vinho/ O fondue/ O encontro/ O chocolate/ O filme/ A pipoca/ A praça/ O show/ As mãos/ O quarto/ O cobertor/ Os pés/ O frio/ Me lembrando que eu poderia estar mais quente/ Que tudo poderia ser a dois

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Sem saída

Eu quis apagar. Não deu. Eu quis rasgar. Não deu. Eu quis excluir. Não deu. Eu quis esquecer. Não deu. Eu tento prosseguir. Não dá.

A maior força

Você só se acha forte porque nunca o encontrou. É como bater de cara na parede. É como chutar a quina com o dedinho. É como levar um soco na boca do estômago. É como se queimar com óleo quente. É como se cortar com navalha... Mentira. Não é como nada disso. Mais tempo perdido com tentativas de explicação. Se não o encontrou, não vai saber. Não existe força que o supere.

Água e sal

A lágrima é mais forte que eu. Água e sal. Tem mais força que a minha força para te esquecer. Sutilmente, ela me lembra que sua presença é muito mais forte do que eu gostaria que fosse. Ou do que eu minto para mim que é. Água e sal, ela começa fraca e, sem que eu perceba, me arranca soluços. Lembranças. A água, o sal, a lembrança. Só me fazem lembrar da minha perda. Onde foi mesmo? Como foi? Quando foi que eu não vi?

domingo, 5 de agosto de 2012

Quem passa?

Proibido não. Interditado. Melhor que na música. Interditado para mim é melhor. Sim, eu aceito a condição. (Há como não aceitar?) E assim os dias passam. E eu te vejo passar. Medo. E assim também me vejo passar? Os dois passam. Cada um para um lado. Cada vez mais distantes. Aos poucos, vou me esquecendo de quando andávamos na mesma direção.

Sem lugar

Era teoria da comunicação. Não era palpável. Viver em um mundo virtual era teoria para se estudar, em banco de universidade. Me assusto. O virtual consolidado. Me questiono. Que mundo contraditório. Sempre foi, mas na teoria. Viver o mundo contraditório é mais difícil. Entender como o ser é tão e tão egocêntrico, quer tanto e tudo, para si, só para si, eu, o indivíduo, eu, o que importo, e, ao mesmo tempo, se contenta com tão pouco. Com o raso. Com a irrealidade virtual. E-mail em vez de telefone. Chat em vez de encontro. Kkkkk em vez de uma verdadeira gargalhada. Carinhas em vez de um belo olhar. O cidadão do mundo anda sem lugar. Ainda sou de carne e osso. Pausa... E mais. Sou de sentimento, sensibilidade, toques, emoção. Sou de vida, ainda real. Sem lugar, mas real.

Desejo de uma noite

Barulho, gente, falas, gestos, danças, fumaça, gente, sorrisos, perguntas, conversas, gente, música, bebidas, medos, anseios, gente. Tudo em torno. Você tão perto. Eu também. Era fácil, mas não era. Era só um gesto. Era só se aproximar. O querer era simples. Era afastar o tanto e ficar com o menos. Saber qual era o seu cheiro. Com o menos, sentir mais. Era fácil, mas não foi.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Dias frios

As festas em dias frios, como os de agora, não eram frias. Tinham calor. Vinha ele de saber do amparo. Esse de que os de alma sensível precisam. Tem coisa que não se quer ser. Se é. Não para tudo há escolhas. Os dias de festa passaram. O calor, também. Agora, aquecer sozinho. Difícil. Possível. Mas os dias frios também passam.

Suave

Em pensamento, te toco com as pontas dos dedos. Suavemente, para não te acordar. Quase sinto apenas pelos e respiração. Acho lindo te ver dormindo.

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Flores para nós

Flore, flore pelo meu caminho. Arranque um sorriso meu. Eu prometo te fazer sorrir de volta, todos os dias. Enquanto o sorriso meu for o sorriso seu. Enquanto florir meu caminho for o bem seu. Deixe florir. Eu vou florir junto.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

Inquietude

O que acontece que você vem, me acorda, me tira da cama, me inquieta a mente, me perturba? Minha cabeça só para quando te escrevo, quanto te tiro de mim não sei para quem. Minha alma parece não caber mais em mim. Se não te deixo sair, me sufoco, como se estivesse me impedindo. Quer pelo menos um lugar no exterior, nem que seja em algumas linhas de um blogue.

Indescritível

A dor é indescritível. O amor é indescritível. A alegria é indescritível. Para que escrever tantas palavras, ler tantos textos, digitar tantos caracteres, fazer tantas tentativas de melhor expressão, se nunca será possível me descrever, se nunca será possível te descrever? Tanto trabalho em vão. A vida é indescritível.

Pedaço

E eu que segui a vida, vivi histórias, curti emoções, mas sempre guardando um canto no coração para você. Agora, bem, continuo a caminhada, com o coração livre. Livre, mas amputado, sem aquela parte que era sua.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Nota seca

A história prometia. O bom do início das coisas é que existe expectativa. Expectativa é tudo na vida. Mas foi uma notícia objetiva, sem rebuscamento. Não foi uma grande reportagem. Objetivos: início, meio e fim. A história foi encerrada. História encerrada, de forma sem graça. Como uma nota seca, no pé de uma página de jornal. E ponto final.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O gelo

Não quero mais encostar no gelo. O gelo, além de ser frio, ao mínimo contato, queima. Dói.

Corações partidos

Eu vivo num mundo de corações partidos. Partidos por um simples contato com o nada, com os que nada esperam. Mortos? Não. Zumbis? Talvez. Se a definição para zumbi for "morto-vivo", sim. São mortos-vivos. Por quê? Porque, na prática, biologicamente falando, estão vivos - definição: mantêm as funções vitais -, mas têm a alma morta (ou será que não têm mais alma?). Têm olhos foscos, sorrisos amarelos, coração de pedra, expressão vazia, toque gelado. Têm recusa. Por quê? Porque vivem sem esperança. Não esperam nada. São levados. Não sabem que, por serem assim, cortam o coração de quem passa pelo caminho. Ou será que sabem e preferem assim?

domingo, 13 de maio de 2012

Arroz com Amor

Eu sempre quis ter três gatinhos: Amor, Arroz e Paz. Por causa da música do Jorge Ben, "Amor e paz". Tenho a Amor, há cinco anos. Minha companheira fiel. Entende tudo o que eu falo, meus gestos, sabe quando estou triste, quando estou feliz, quanto estou impaciente... E tem paciência até com isso. Enfim, decidi arrumar um companheiro para ela. E, no dia 2 de abril, o Arroz chegou. É uma fofura em forma de gato. Coisa mais linda. É cinza e de olhos azuis como ela, mas não são irmãos. O Arroz chegou com mais ou menos um mês de vida. Ainda não tinha desmamado, mas foi abandonado na porta da casa de uma amiga e precisava de um lar. Não resisti quando o vi. Trouxe. Chegou. A Amor estranhou demais. Afinal, cinco anos sendo somente eu e ela em casa. Quem era esse estranho? Esse morador novo, que chega bagunçando tudo e achando que a casa é dele? E bagunça é o sobrenome do Arroz. Não para um segundo de arrumar um trem para tirar do lugar. Eu fico doidinha, mas, no final, acabo achando até bonitinhas as travessuras que ele faz. O melhor é na hora de mamar. Sim, eu tenho de dar mamadeira com leite, vitamina e creme de leite para ele todos os dias, pela manhã e à noite, porque ele ainda precisa disso para ficar fortinho. Ele mama com uma vontade absurda. É tão bonitinho. Qualquer dia, vou filmar. Até porque, daqui a pouco, isso passa, e vai ser só memória na minha vida. A Amor já está aceitando ele um pouquinho. Ainda não brincam juntos. Ele bem que tenta. Mas ela ignora. Às vezes, dá umas patadinhas nele, mas sem unha. Aos poucos, vai aceitando. E vai entender que fiz isso por mim, claro, mas muito por ela. Para que fique menos sozinha. Já ficou tanto. Agora, tem um amiguinho. Um irmão. Ah, o terceiro gatinho, que será a Paz ou o Paz, ainda não sei se vou encarar. Dois bagunçam bastante a minha vida e a minha casa. Um terceiro iria aumentar a alegria, mas também o trabalho. Como vivo em guerra com o tempo, não sei se consigo. Vou refletindo sobre. Vamos ver...

Livre

Porque todos têm liberdade de escolha. Mas as pessoas pensam que esse direito é só delas. Quando é o outro quem escolhe, os sentimentos de vingança/raiva/mágoa/incompreensão/e outros vêm à tona com uma força entristecedora. Não deixar que eles venham não é tão árduo, tão impossível, tão difícil que não possa ser realizado. Se estiverem à porta, um minuto. Para pensar, refletir. Estou no lugar do outro. Como quero ser tratado? Pronto. Passou. Sim, quero que você seja feliz. Não vou te magoar. E assim também sou feliz.

Só reflexões

Só não se vai. Só só se fica. Outro é palavra rica, que acompanha, que está junto. Não só. Só com outro. Viver é compartilhar. Viver é junto ficar. Só, não. É palavra pequena, sozinha, duas letras. Faz estrago, entristece, alimenta o egoísmo. Outro são cinco. Enche uma mão. É tudo junto. Rico, completo. Ser só é não ser.

domingo, 4 de março de 2012

Guardados e descobertas

Quem sou eu para falar de coisas guardadas! Porque vai gostar assim de guardar um trenzinho, viu?! Mas, mesmo sendo eu assim, admito que o guardado deve ser guardado para ser visitado, vez ou outra, para matar saudade do que foi bom ou para consultar experiências e informações, imagens, fatos passados. Só isso. Não para ficar vivendo aquilo que está lá, no guardado. Porque, se é assim, como a gente se dá a chance de ver algo novo?
Mesmo quando é uma trilhazinha pequenina, que parece não levar a nada, a gente tem de entrar para o meio dela, andar, andar, e, assim, ver onde é que ela vai dar. Ô, é o melhor que tem. Ainda mais quando a gente chega ao destino dessa trilha e vê que tem coisa boa, bonita lá. Mas, primeiro, a gente tem de acreditar nela, né?

domingo, 15 de janeiro de 2012

Mainha desaparecido


Nunca a expressão "um trator passou por cima de mim" foi tão verdadeira para mim como na semana passada. O desaparecimento do amigo Mainha, o músico Vinicius Maia Carvalho, foi um atropelo verdadeiro. Inacreditável, incompreensível, assustador, triste. Você não acredita que isso aconteceu com uma pessoa próxima, uma pessoa doce, talentosa, bonita, que sempre estava com o mais aberto dos sorrisos para você.
Mainha é um excelente músico, canta e toca (e toca violão divinamente), além de ter um gosto musical irreprimível. Ele é parceiro musical da Marcinha (minha amiga-irmã Márcia Mazala) e faz parte dos grupos Nem Secos e Curimã. A gente se conheceu por causa dessa parceria dele com a Marcinha. É um menino muito bacana, mesmo! Por isso é tão difícil acreditar no que está acontecendo.
Não sabemos direito o que aconteceu com o Mainha, mas queremos muito reencontrá-lo. Ele sumiu na quarta-feira, 11 de janeiro, perto de Rio Casca, e parece que está andando ainda por Minas. Então, da forma como me é possível, estou tentando ajudar, divulgando, acionando os colegas, pedindo ajuda para que divulguem a informação e entrem em contato com pessoas que possam colaborar na busca. Aqui é mais um espaço de divulgação do paradeiro e de pedido de ajuda. Abaixo, tem links das matérias do Estado de Minas e da Alterosa para que tenham mais informações e a imagem do Mainha. Por favor, se puderem, divulguem para seus conhecidos. Muito, muito obrigada! Orações e pensamentos bons para ele também são valiosos, uma grande ajuda.
Beijos!

Estado de Minas: http://migre.me/7xN2Y
TV Alterosa: http://migre.me/7xN6l